“Temos espaço para tudo sem necessidade de derrubar uma única árvore”, afirma Gladson Cameli
O governador acreano ressaltou que o desenvolvimento da “Amazônia não pode ser culpada” pelas mudanças climáticas no planeta. E que somente com “união”, os estados amazônicos conseguirão atender os 30 milhões de brasileiros que vivem na região.
Por Humberto Azevedo, enviado especial a Porto Velho, com colaboração de Carolina Costa.
O governador do Acre, Gladson Cameli (PP), afirmou durante o seu discurso no encerramento do 28º fórum dos governadores da Amazônia Legal realizado na capital de Rondônia – Porto Velho, entre os dias 8 e 9 de agosto, que nos territórios amazônicos “temos espaço para tudo sem necessidade de derrubar uma única árvore”.
Entretanto, o gestor acreano ressaltou que o desenvolvimento da “Amazônia não pode ser culpada” pelas alterações e mudanças climáticas que vêm ocorrendo no planeta. Segundo ele, somente com “união”, os estados amazônicos conseguirão atender as demandas e os anseios dos quase 30 milhões de brasileiros que vivem na região.
“Nós, governadores da Amazônia, estamos há cinco anos, fortalecendo ações e juntos lutamos para viabilizar recursos, projetos e benefícios para as quase 30 milhões de pessoas que vivem na Amazônia Legal do Brasil. (…) é pela união, a força, a motivação pela qual trabalhamos coletivamente pelo fortalecimento dos nossos estados e da Amazônia e por cada cidadão que constroi o nosso país”, destacou.
“Agora, o que é o mais importante de tudo, é que o sucesso do Maranhão, de Tocantins, do Amazonas, do Pará, do Amapá, de Roraima, de Rondônia é o sucesso do Acre”, frisou. “A nossa união, ela é fundamental, porque quem está na ponta é o povo que precisa”, continuou.
SEM DISTINÇÃO
Cameli também comentou em seu pronunciamento que a mesma atenção concedida ao Rio Grande do Sul (RS) após as chuvas que deixaram mais de 80% dos municípios afetados, também precisa ser prestada aos demais estados que enfrentam problemas da adversidade climática.
“Qual é a diferença do Acre para o Rio Grande do Sul? Não tem. Então, os benefícios que foram dados para o Rio Grande do Sul têm que dar para os demais estados. Isso é fato. (…) para finalizar as pautas, os desafios, a questão climática, meio ambiente, não quero que depois vão dizer que se o mundo está pegando fogo, está quente porque está quente, eu estava em São Paulo, Rio de Janeiro, estive na Europa, não está diferente do calor daqui não”, cobrou.
“A Amazônia não pode ser culpada, porque o nosso desafio, nós estamos fazendo. Finalizando, no meu estado, para quem quer investir em agronegócio, tem terra boa. Para quem quer investir na soja, já ganha no frete que é mais próximo. Então, temos espaço para tudo sem necessidade de derrubar uma única árvore”, finalizou.
ÍNTEGRA DO DISCURSO
Abaixo, segue a íntegra do pronunciamento feito pelo governador acreano no final 28º fórum dos governadores da Amazônia Legal, realizado em parceria com o Consórcio interestadual dos estados que compõem a região, que além dos sete estados do Norte do Brasil, é composto também por Mato Grosso (MT) e Maranhão.
“Bom dia a todos, agradecer a Deus por estarmos aqui reunidos em mais um encontro de governadores da Amazônia Legal, cinco anos do Consórcio da Amazônia. Meu discurso, ele tem uma, duas, três, quatro páginas. Eu sou dos campeões em quebrar protocolos, mas a gratidão nós sempre temos que mencionar, falarmos. Aos meus secretários aqui presentes, a Julie do Meio Ambiente, Edvan Maciel, Seagri (Secretaria de Agricultura), Coronel Evandro da Secretaria de Segurança, Suzi Mendes e Carlos Brandão planejamento, meu chefe de gabinete Coronel Messias, parte da comunicação acompanhado pelos guerreiros Diego, Charlene e me falta Mariana, aqui das nossas redes sociais, porque são todos da nossa equipe que nos ajudam a diminuir as dificuldades e cumprimos com aquilo que temos que cumprir e colocarmos em prática um plano de governo.
Estou intenso numas agendas e aqui ouvindo os governadores falando das benfeitorias de seus estados, eu disse “o que que eu vou falar?”, eu tenho várias ações, mas eu vou numa frase que o governador Cláudio, do Rio de Janeiro, falou ontem lá no Rio de Janeiro, que me chamou a atenção, adorei, “se você quer ser feliz, vamos para o Acre que está tudo certo”, e aí ao mesmo tempo, vocês vão ver como esse Brasil é maravilhoso. É um diamante de ONGs, mulheres, pessoas que nos ajudam que tem orgulho de ser brasileiro e é com muita alegria e vários motivos, mas, sobretudo, é pela união, a força, a motivação pela qual trabalhamos coletivamente pelo fortalecimento dos nossos estados e da Amazônia e por cada cidadão que constroi o nosso país.
Nós, governadores da Amazônia, estamos há cinco anos, fortalecendo ações e juntos lutamos para viabilizar recursos, projetos e benefícios para as quase 30 milhões de pessoas que vivem na Amazônia Legal do Brasil. A primeira-dama [de Rondônia] Luana que ontem, juntamente com o nosso governador, Marcos [Rocha], proporcionou um grande jantar, assim eu a cumprimento, ao mesmo tempo a Karina, primeira-dama de Tocantins, que acompanha o meu amigo Vanderlei [Cardoso], que estávamos juntos como ele mesmo mencionou. A todos os governadores, mas quebrando os meus protocolos, já vou pular mais dois parágrafos meu discurso, quando o Marcos me falou do café de Rondônia [e] eu já pensei lá no Acre, eu disse ‘eu vou dar três opções, a melhor farinha do mundo é de Cruzeiro do Sul, o melhor açaí é o nosso; eu ainda não cheguei no tambaqui, eu tô dando opções; a castanha está no Acre’.
Agora, o que é o mais importante de tudo, é que o sucesso do Maranhão, do Tocantins, do Amazonas, do Pará, do Amapá, de Roraima, de Rondônia é o sucesso do Acre.
Nós não estamos disputando espaços, mas governadores, eu vou repetir o que dissemos agora a pouco, se nós não fizermos a nossa união e colocar pressões, que temos regiões como exemplos, nós não podemos ser só protagonismo e dizer que a Amazônia é linda e maravilhosa, nós temos 30 milhões de pessoas como todos aqui são, que querem oportunidades, o direito de ir e vir. Marcos, meu amigo pessoal, minha continência, eu não vou te chamar de Coronel e nem de governador. Quando nós assumimos em 2019, eu precisava vencer desafios como liberar o estado para vacinação da febre aftosa e naquele início de governo, liguei para o Marcos, ao mesmo tempo ele colocou uma equipe junto com a nossa naquele momento e nós vencemos esse desafio de curso. Isso é gratidão, isso prova que a nossa união, ela é fundamental, porque quem está na ponta é o povo que precisa. Diz que quando você chega perto do presidente da República, os governadores, os prefeitos que fazem isso conosco é chorar a todo tempo, não é? Mas nós estamos vivenciando momentos como as cheias. Do Acre, dos 22 municípios, 19 decretaram emergência, calamidade, agora estamos na seca, então é assim, mas nós temos que fazer ações, temos municípios, que eu não vou dizer isolados, mas eu vou dizer que com as secas, nos rios não tem como chegar alimento, se não for através de aeronaves. Enfim, e o que nós temos que fazer?
Qual é a diferença do Acre para o Rio Grande do Sul? Não tem. Então, os benefícios que foram dados para o Rio Grande do Sul têm que dar para os demais estados. Isso é fato. Eu vou pular aqui três parágrafos e cumprimentar a embaixadora da União Europeia no Brasil, Mariana Schuegraf. A Silvia Hucks, coordenadora e presidente da ONU no Brasil, chefe de unidade da região amazônica do BID. Senhoras e senhores, para finalizar as pautas, os desafios, a questão climática, meio ambiente, não quero que depois vão dizer que se o mundo está pegando fogo, está quente porque está quente, eu estava em São Paulo, Rio de Janeiro, estive na Europa, não está diferente do calor daqui não. Mas a Amazônia não pode ser culpada, porque o nosso desafio, nós estamos fazendo. Finalizando, no meu estado, para quem quer investir em agronegócio, tem terra boa. Para quem quer investir na soja, já ganha no frete que é mais próximo. Então, temos espaço para tudo sem necessidade de derrubar uma única árvore. Se você quer tomar banho de cachoeira, vamos visitar a Serra do Divisor, Parque Nacional da Serra do Divisor. Então, do Norte de Marechal Thamauturgo à Assis Brasil, o nosso estado é uma terra de oportunidades e que por isso, eu finalizando mesmo, eu quero reforçar a importância de que cada estado tem as suas belezas, tem o seu protagonismo, e pessoal, essa Amazônia é muito linda, o Brasil é muito lindo, como já disse, mas nós vamos com a nossa união, nós vamos vencer o nosso maior inimigo que é o desemprego.
É as pessoas que mais precisam e essa missão que Deus e o corpo nos permitiu de ser governador, eu não tenho dúvida que com nossos esforços nós vamos conseguir. E se você quer ver as águas pretas, os rios, não é somente no Amazonas, como se predomina o encontro do Rio Negro com o Rio Solimões, vai lá em Cruzeiro do Sul, o Rio Juruá, o Rio Moa e é do Rio Juá, do Rio Moa que nós vamos visitar também o Rio Solimões com o Rio Negro. E mais ainda, é inadmissível, em 2024, você ter que sair daqui para Manaus e não ter a BR-319 pavimentada, qual o impacto ambiental que tem? Nenhum. Me prove. Porque que temos que diminuir esse discurso, porque a BR- 319, ela é essencial não somente para Rondônia e para o Amazonas, é [também] para o Acre e para Roraima, é o direito de ir e de vir, como está na Constituição, e eu não vou me calar, se eu não colocar pautas como essas importantes. Vamos preservar, pessoal, mas também vamos dar direito a essa população que precisa ter o mesmo direito que o Sul, o Sudeste e o Centro-Oeste tem, sem menosprezar ninguém. Mas nós vamos ter que falar daquilo que nos interessa. Eu vou participar de todas as reuniões ambientais até a COP 29. O governador Denarium disse que a COP 30 no Pará é uma responsabilidade de todos nós fazermos uma grande COP lá, porque é onde o mundo vai estar de olho para a Amazônia de fato. Então, finalizando, Coronel Marcos, governadores, a toda sua equipe, as nossas equipes, a minha gratidão, meu muito obrigado, que possamos ter um ótimo fim de reunião, hoje é sexta-feira, sextou e muito obrigado!”