Reajuste do salário mínimo vai injetar R$ 125,4 bi na economia
Segundo o Dieese, valor corresponde à soma de R$ 81,5 bilhões de reforço na renda dos trabalhadores com R$ 43,9 bilhões adicionais na arrecadação tributária sobre o consumo.
Por Humberto Azevedo
O reajuste de 7,5% no salário mínimo, incluindo ganho real de 2,5%, vai injetar R$ 125,4 bilhões na economia neste ano, segundo nota técnica divulgada nesta terça-feira, 7 de janeiro, pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O total corresponde à soma de R$ 81,5 bilhões de reforço na renda dos trabalhadores com R$ 43,9 bilhões adicionais na arrecadação tributária sobre o consumo.
O salário mínimo é referência para milhões de aposentados, pensionistas e beneficiários de auxílios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) em todo o país. O novo valor teve por base a variação de 4,84% referente ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e o aumento real de 2,5%, correspondente ao limite máximo de crescimento real das despesas primárias, conforme previsto no novo arcabouço fiscal.
De acordo com o Dieese, cerca de 59 milhões de brasileiros têm seus rendimentos vinculados ao salário mínimo, incluindo 28,1 milhões de beneficiários do INSS. A nota do Dieese destaca ainda que o salário mínimo teve ganho real entre os anos de 2003 a 2015, sendo interrompido a partir de 2017.
“Com o fim da política de valorização do salário mínimo, de 2019 a 2022, em uma conjuntura de inflação alta, o salário mínimo estagnou, pois nesse período houve somente o repasse anual da inflação passada, sem aumento real”, aponta a nota do Dieese.
IMPACTOS SÓCIO-ECONÔMICOS
O documento do Dieese traz um histórico dos reajustes reais do salário mínimo desde 2003, quando o reajuste concedido foi de 20% dentro de uma inflação acumulada de 18,54%, o que significou aumento real de 1,23%.
Além disso, a política contribui para reduzir as desigualdades salariais entre homens e mulheres, negros e não negros; tem impacto positivo sobre os reajustes dos pisos salariais das diversas categorias de trabalhadores e trabalhadoras e contribui para a melhora da renda dos que não têm carteira assinada, pois o salário mínimo é referência para os proventos também desse grupo.
“A política de valorização do salário mínimo produziu fortes impactos econômicos e sociais no Brasil de 2003 até o momento em que foi descontinuada”, diz o documento, ao destacar o alcance positivo para assalariados, servidores públicos, beneficiários da Previdência e contemplados por programas sociais como Benefício de Prestação Continuada (BPC).
“A política constitui um dos fatores mais importantes para o aumento da renda da população mais pobre e marca o sucesso de uma luta que promoveu um grande acordo salarial na história do país”, segue a análise do Dieese, que aponta para a ampliação do mercado consumidor interno, fortalecendo a economia.
IMPACTO NAS CONTAS PÚBLICAS
O Dieese analisou ainda o impacto dos ganhos reais do salário mínimo nas administrações públicas. Pouco expressivo nas administrações federal e estaduais, o número de servidores que ganha até um salário mínimo na esfera municipal é maior, especialmente na região Nordeste e Norte.
Nas contas da Previdência, o peso relativo da massa de benefícios equivalentes a até um salário mínimo é de 50,6% e corresponde a 69,6% do total de beneficiários, segundo o Boletim Estatístico da Previdência de setembro de 2024.
Já a relação entre salário mínimo e cesta básica foi analisada pelo Dieese a partir da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos e tomou como exemplo o custo médio da cesta básica na cidade de São Paulo que em 2024 foi de R$ 813,46.
“Assim, o salário mínimo nacional de R$ 1.412,00 teve poder de compra equivalente a 1,74 cesta básica no ano. Em relação a janeiro de 2024, mês do penúltimo reajuste, quando a cesta custava R$ 793,39, o poder de compra do salário mínimo era equivalente a 1,78 cesta. Estimando em R$ 850,00 o valor do conjunto de alimentos básicos em janeiro de 2025, o novo salário mínimo de R$ 1.518,00 compra 1,79 cesta básica no mês”, concluiu o documento.
Com informações de assessorias.