Pelo menos 15 capacetes azuis da ONU no Líbano ficaram feridos após ataque das IDF

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De  Euronews

 

O último incidente ocorreu depois de o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, ter apelado ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, para retirar “imediatamente” as forças de manutenção da paz da ONU das zonas de combate no sul do Líbano.

A missão de manutenção da paz da ONU no Líbano, UNIFIL, acusou as Forças de Defesa Israelitas (IDF) de destruírem o seu portão principal e de causarem ferimentos ligeiros a pelo menos 15 soldados, depois de as tropas israelitas terem “entrado à força” na sua posição.

Enquanto os soldados da paz estavam nos abrigos, por volta das 4h40 da madrugada, dois tanques Merkava das IDF destruíram o portão principal do posto e forçaram a entrada.

“Pediram repetidamente à base que desligasse as luzes. Os tanques partiram cerca de 45 minutos depois de a Unifil ter protestado, alegando que a presença da IDF estava a pôr em perigo os soldados da paz”, lê-se na nota divulgada pela missão.

“Por volta das 6h40, os soldados da paz que se encontravam na mesma posição relataram o disparo de várias balas a 100 metros a norte, que emitiam fumo. Apesar de usarem máscaras de proteção, 15 soldados da paz sofreram efeitos, incluindo irritação da pele e reações gastrointestinais, depois de o fumo ter entrado no acampamento.

Os soldados da paz estão a receber tratamento”, continua a nota.

A alegação contida no comunicado da UNIFIL surgiu depois de o primeiro-ministro israelita ter apelado à retirada da força de manutenção da paz da ONU no sul do Líbano.

“Recordamos às IDF e a todos os intervenientes a sua obrigação de garantir a segurança do pessoal e dos bens da ONU e de respeitar a inviolabilidade das instalações da ONU em todas as circunstâncias”, diz ainda o comunicado.

Israel pede a retirada da UNIFIL do sul do Líbano

Na tarde de domingo, Benjamin Netanyahu emitiu uma mensagem a pedir a saída dos capacetes azuis da chamada Linha Azul, no sul do Líbano.

“Lamentamos os danos causados aos soldados da UNIFIL e estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para evitar esses danos. Mas a maneira mais simples e mais lógica de o fazer é simplesmente tirá-los da zona de perigo.”, afirmou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que se dirigiu diretamente ao secretário-geral da ONU, António Guterres.

“Senhor Secretário-Geral, tire as forças da UNIFIL da zona de perigo. Isso deve ser feito agora mesmo, imediatamente”.

Netanyahu disse que qualquer recusa em retirar as forças da UNIFIL do sul do Líbano “tem como efeito fornecer escudos humanos aos terroristas do Hezbollah”, afirmando que os soldados da ONU se tinham tornado “reféns do Hezbollah”.

No sábado, as Nações Unidas informaram que outro soldado da paz ficou ferido no sul do país, sendo já cimnco os elementos da UNIFIL que sofreram ferimentos durante a ofensiva israelita contra o Líbano.

Quarenta países que contribuem para a UNIFIL condenaram os recentes ataques israelitas contra a missão da ONU no Líbano.

A Força Interina das Nações Unidas no Líbano é uma uma missão de cerca de 9.500 militares de várias nacionalidades, criada na sequência da invasão do Líbano por Israel em 1978.

Meloni telefona a Netanyahu: “Inaceitável que a Unifil tenha sido atacada”

Depois de várias advertências de Roma ao governo israelita em defesa dos soldados envolvidos na missão de manutenção da paz da ONU na Linha Azul, a primeira-ministra Giorgia Meloni teve uma conversa telefónica com Benjamin Netanyahu.

“A presidente Meloni reiterou a inaceitabilidade de a Unifil ser atacada pelas forças armadas israelitas, recordando que a Missão atua sob mandato do Conselho de Segurança para contribuir para a estabilidade regional. Sublinhou a necessidade absoluta de garantir a segurança do pessoal da Unifil em todas as circunstâncias”, lê-se numa nota divulgada pelo Palazzo Chigi.

“Meloni renovou o compromisso da Itália a este respeito, afirmando estar convencida de que, através da plena aplicação da resolução 1701, podemos contribuir para a estabilização da fronteira israelo-libanesa e garantir o regresso a casa de todas as pessoas deslocadas”, continua a nota.

Durante a conversa, de acordo com os relatórios da Presidência do Conselho, Meloni “sublinhou a urgência de trabalhar no sentido de uma desescalada numa base regional, renovando a total disponibilidade da Itália, também na sua qualidade de Presidência do G7, para trabalhar nesse sentido”.

Papa pede respeito por missão da ONU

O Papa Francisco pediu, este domingo, respeito pelas forças de manutenção de paz da ONU no Líbano.

“Estou próximo de todas as populações envolvidas, Palestina, Israel e Líbano… peço que as forças de paz das Nações Unidas sejam respeitadas”, disse Francisco durante a oração do Angelus na Praça de São Pedro, no Vaticano.

“Continuo a seguir com preocupação o que se passa no Médio Oriente e apelo mais uma vez a um cessar-fogo imediato em todas as frentes”, acrescentou.

“Que se prossigam os caminhos da diplomacia e do diálogo para alcançar a paz.”

“A guerra é uma ilusão”, continuou o Papa, salientando que o conflito ”nunca trará paz, nunca trará segurança.”

“É uma derrota para todos, especialmente para aqueles que se julgam invencíveis.”, frisou.

Líbano condena “agressão israelita contra a UNIFIL”

O primeiro-ministro libanês condenou o apelo de Benjamin Netanyahu ao chefe da ONU, António Guterres, para que retire as forças de manutenção da paz do lado libanês da fronteira.

Najib Mikati condena “a agressão israelita contra a Unifil”.

“A advertência que Netanyahu dirigiu a Guterres exigindo a retirada da Unifil representa um novo capítulo na abordagem do inimigo de não respeitar [as normas internacionais]”, acrescentou.

De acordo com o Ministério da Saúde libanês, mais de 1.400 pessoas foram mortas desde que as forças israelitas iniciaram as suas operações terrestres no sul do Líbano, com o aumento dos ataques aéreos.

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