O Mercosul é “mais forte e perene do que os delírios ultraliberais” e anarcocapitalista de Milei, afirma líder do PT na Câmara

De acordo com o petista sulmineiro, a tentativa do atual presidente argentino de minar o projeto de integração ao propor negociações bilaterais com países terceiros, desprestigiando a Tarifa Externa Comum (TEC) e a União Aduaneira do bloco que engloba além da Argentina e Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai só “é atrativa” por meio destes dispositivos que selam a “união e a integração” dos cinco países sul-americanos.

 

Por Humberto Azevedo

 

O líder do PT na Câmara, deputado Odair Cunha (MG),  rebateu as investidas do presidente da Argentina, Javier Milei, contra o Mercosul. Segundo o petista sulmineiro, o bloco econômico que congrega além de Argentina e Brasil, os países vizinhos Bolívia, Paraguai e Uruguai é “mais forte e perene do que os delírios ultraliberais” e de tendência anarco-capitalista, que mistura princípios do anarquismo e do capitalismo originários do século 19 (XIX).

 

De acordo com o líder petista, a tentativa do atual presidente argentino de minar o projeto de integração ao propor negociações bilaterais com países terceiros, desprestigiando a Tarifa Externa Comum (TEC) e a União Aduaneira do bloco que engloba além da Argentina e Brasil, Bolívia, Paraguai e Uruguai só “é atrativa” por meio destes dispositivos que selam a “união e a integração” dos cinco países sul-americanos. Odair Cunha sublinhou que “merece toda a repulsa” a tentativa do argentino ultraliberal e anarcocapitalista de minar o projeto de integração ao propor negociações bilaterais com terceiros países, solapando a Tarifa Externa Comum (TEC) e a União Aduaneira.

 

A iniciativa de Milei em enfraquecer o Mercosul acontece após a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na última semana em evento das Nações Unidas e das 20 maiores economias do planeta ocorrida em Nova York (EUA), de que ele “nunca esteve tão otimista” pelas tratativas do acordo comercial envolvendo o Mercosul e a União Europeia. Em resposta ao gesto do presidente argentino, Lula da Silva quer iniciar negociações com o México para o estabelecimento de um acordo comercial. O tema será tratado nesta semana, durante a viagem que o presidente brasileiro fará para acompanhar e prestigiar a posse da nova presidenta mexicana, Claudia Scheinbaum.

 

Em artigo publicado na revista Carta Capital, o líder petista – que também lidera a federação “Brasil da Esperança – Fé no Brasil” que reúne parlamentares do PCdoB e do PV – lembrou que o Mercosul é uma das maiores economias do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 15,20 trilhões, o que o coloca o bloco como a sétima maior economia do planeta. Com a integração, o comércio entre os integrantes cresceu mais de 1000% nas últimas três décadas. Em 2021, superou os R$ 220,46 bilhões, ante os R$ 21,72 bilhões, ao ano, em 1991. Excetuando-se a Bolívia, recém ingressada, os parceiros do bloco ocupam o 4º lugar das exportações do Brasil, que constitui como o mercado número um das exportações da Argentina, Paraguai e Uruguai. Há três décadas o Brasil é o principal importador da Argentina. Odair Cunha frisou que o processo de integração vai muito além do campo econômico-comercial.

 

“Num mundo em crescente turbulência, com forte desarranjo das cadeias globais de valor, acentua-se a tendência de se investir em redes regionais de produção, amparadas em políticas estatais de desenvolvimento sustentável. Nesse cenário, o Mercosul, fundado em 1991, adquire importância ainda mais estratégica. A despeito dos números positivos e das conquistas ao longo de mais de três décadas, ele (Milei) não percebeu que Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, agora reforçados com a presença da Bolívia, só têm vantagens com a união e a integração”, analisou Odair Cunha.

 

“Mais Mercosul, menos Milei. Num mundo em crescente turbulência, com forte desarranjo das cadeias globais de valor, acentua-se a tendência de se investir em redes regionais de produção, amparadas em políticas estatais de desenvolvimento sustentável. Nesse cenário, o Mercosul, fundado em 1991, adquire importância ainda mais estratégica. Por isso, é inacreditável a tentativa do presidente argentino de extrema-direita, Javier Milei, de torpedear o bloco. Merece toda a repulsa sua tentativa de minar o projeto de integração ao propor negociações bilaterais com terceiros países, solapando a Tarifa Externa Comum e a União Aduaneira. A despeito dos números positivos e das conquistas ao longo de mais de três décadas, ele não percebeu que Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, agora reforçados com a presença da Bolívia, só têm vantagens com a união e a integração”, complementou o líder do quarto maior agrupamento parlamentar da Câmara dos Deputados.

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