Nos bastidores, especula-se que Renan Filho pode ser o sucessor de Pacheco no comando do Senado e do Congresso
Atualmente, o ex-governador alagoano é responsável pela gestão do Ministério dos Transportes. Caso candidatura se consolide, além de ameaçar a eleição do atual favorito Alcolumbre, o cenário eleitoral de Alagoas em 2026 também pode mudar radicalmente.
Por Humberto Azevedo
Nos bastidores, especula-se que o atual ministro dos Transportes – senador licenciado pelo MDB alagoano – Renan Filho, pode vir a ser o sucessor do atual presidente do Senado Federal e consequentemente do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), no comando daquela “Casa da Federação”.
A possível e ou provável candidatura de Renan Filho, que não é confirmada oficialmente nem por ele, nem por ninguém, caso se consolide, além de ameaçar a eleição do atual favorito a ocupar o posto – o senador e ex-presidente da Casa, Davi Alcolumbre (UB-AP) e atual presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o cenário eleitoral de Alagoas em 2026 também poderia mudar radicalmente.
Isso porque Renan Filho nutriria mais simpatia que a candidatura de Alcolumbre, apelidado nos bastidores de “gordinho”, que teve sua passagem pelo comando do Senado muito associada a uma gestão que instrumentalizou por demais a negociação do “troca-a-troca” e do “toma-lá-dá-cá” envolvendo o Poder Executivo do então governo do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PSL/PL) e os senadores.
Renan Filho, apesar de ser pupilo do seu pai – o senador Renan Calheiros (MDB-AL), teria bem menos resistência no campo dos oposicionistas e aliados do ex-presidente Bolsonaro. Há quem diga, no campo bolsonarista, pelo menos em contatos reservados, que Renan Filho teria uma pegada diferente. “É jovem, é de centro, centro-direita, sabe conversar e atende a todo mundo. Não tem ranço com ele”, comenta um parlamentar.
“Se ele for candidato e perde, ele volta para o Ministério e segue tudo como dantes. Não tem problema”, aponta um senador que é entusiasta da ideia de tê-lo como candidato a presidir o Senado em 1º de fevereiro de 2025. “Agora, se ele ganha, vamos ter uma reacomodação grande. Não só aqui no Senado, mas na Câmara, em Alagoas e no Brasil”, comentou um outro senador.
2026
Caso Renan Filho venha a se eleger o próximo presidente do Senado, as eleições de 2026 em seu estado também poderão mudar profundamente o atual cenário. O ministro é tido como certo na disputa para voltar ao governo alagoano nas próximas eleições. E considerado favorito a ganhar a eleição. Só que uma vez presidente do Senado, Renan Filho muito provavelmente estaria tentado em ser reconduzido ao cargo no biênio 2027-2028, em que se iniciará a 58º legislatura. As regras regimentais impedem que haja reeleição dentro de uma mesma legislatura.
Concretizado esse fato, que vem sendo especulado, a candidatura de Renan Filho à presidência do Senado também serviria para “cimentar” a aliança entre o PSD presidido por Gilberto Kassab, atual chefe da Casa Civil do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos), com o MDB presidido pelo deputado Baleia Rossi. Atualmente, os dois partidos juntamente com parlamentares dos Republicanos e Podemos formam o segundo maior bloco parlamentar com assento na Câmara dos Deputado que possui 147 deputados e tem como candidato já em campanha a suceder o atual presidente da “Casa do Povo”, Arthur Lira (PP-AL), o líder do PSD e do bloco – Antonio Brito (BA).
A candidatura de Renan Filho também é vista como “positiva” pelo pai, Renan Calheiros, que de acordo com alguns parlamentares estaria “possesso” e “muito chateado” com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela gestão ter o preterido várias vezes para o rival Lira. “Mas como o filho é ministro e ministro de um super Ministério, ele [Renan, pai] não pode demonstrar publicamente este descontentamento”. Calheiros comandou a presidência do Senado em duas oportunidades: 2006/2007 e 2013/2014.
Outro fator, mas aí mais regional, é o cenário alagoano. Com Renan Filho supostamente fora da disputa ao governo de Alagoas, o atual prefeito de Maceió – João Henrique Caldas – JHC (PL), veria o caminho livre para ele tentar ser o próximo governador alagoano. Com Renan Filho, JHC deve tentar “apenas” uma vaga no Senado – o que deixou o presidente da Câmara, Arthur Lira, profundamente irritado.
A irritação de Lira começou quando o seu aliado, senador Rodrigo Cunha (UB-AL), ao relatar o projeto que instituiu o programa Mobilidade Verde e Inovação (Mover), retirou do texto uma emenda aprovada pelos deputados com articulação de Lira – que taxaria as importações de até 50 dólares (R$ 252,50) e que ficou conhecida popularmente como “taxa das blusinhas”. Nos bastidores, o que se comentou foi que Cunha fez essa ação para se desvincular de Lira, visto que ele “costura” ser o candidato a vice-prefeito de JHC nestas eleições de 2024 e herdaria assim o segundo mandato de hoje político PL – mas que foi eleito em 2020 pelo PSB, colocando a mãe de JHC (Eudocia Maria Holanda de Araujo Caldas) no Senado – já que ela é sua suplente. Ao mesmo tempo em que JHC seria candidato ao Senado em 2026 – o que “roubaria” a vaga pretendida por Lira.