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Lula reafirmou a importância de proteger valores e as instituições democráticas. (Foto: Ricardo Stuckert / Secom-PR)

Lula ressalta momento especial do Brasil na geopolítica, com BRICS e COP-30

Em conversa com a imprensa, o presidente brasileiro exaltou a abertura de mais de 300 mercados para produtos nacionais desde 2023. Questionado se Trump adotar tarifas, Lula respondeu que “se taxarem os produtos brasileiros, haverá reciprocidade”.

 

Por Humberto Azevedo

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva Lula em conversa com a imprensa na manhã desta quinta-feira, 30 de janeiro, ressalta o momento especial do Brasil na geopolítica ao lado do bloco econômico formado juntamente com Rússia, Índia, China, África do Sul – todos países fundadores do BRICS, que conta ainda com Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã como membros-permanentes e Belarus (antiga Bielo Rússia), Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda e Uzbequistão, membros-parceiros.

 

Além do atual momento do BRICS, Lula ressaltou a importância do Brasil e da cidade de Belém (PA) sediar entre os dias 10 e 21 de novembro a 30ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP-30). Segundo ele, as potencialidades de eventos como a COP, prevista para 2025 no país, e oportunidades abertas pela reforma tributária no comércio exterior, vão permitir a retomada do protagonismo brasileiro no cenário internacional.

 

Lula avalia que tanto a liderança do Brasil no BRICS, como o protagonismo em sediar a COP-30, consolida o país como potência na transição energética, tornando um mercado brasileiro cada vez mais atraente a outros países, ao mesmo tempo em que as instituições brasileiras fortalecem a democracia. Para o presidente, o evento na capital paraense é a oportunidade para que as nações contemplem na prática as necessidades de investimentos para mitigar efeitos das mudanças climáticas, e a chance de que conheçam como vivem ribeirinhos, indígenas, quilombolas e trabalhadores rurais.

 

Lula apontou que COP-30 vai ser um balizamento do que os países vão querer daqui para frente em relação ao meio ambiente.

 

“Essa COP-30 vai ser um balizamento do que vamos querer daqui para frente. Vão estar indígenas para discutir, quilombolas, chefes de Estado e especialistas. Nós queremos uma coisa muito verdadeira. (…) Eu não tenho nenhuma humildade de dizer para vocês que fizemos o mais importante G20 da história. Agora, vamos repetir com o maior BRICS e fazer a melhor COP, no coração da Amazônia, onde ninguém acreditava que fosse possível. Em qualquer parte do planeta, as pessoas dão palpite sobre a Amazônia. Todo mundo é especialista, todo mundo quer proteger. Então, vamos fazer lá, na cidade de Belém, para que as pessoas saibam o que é a Amazônia, para que as pessoas vejam a grandeza da natureza da Amazônia”, destacou Lula.

 

E completou: Se a gente não fizer uma coisa forte, essas COPs vão ficar desmoralizadas, porque aprovam medidas, fica tudo bonito no papel e depois nenhum país cumpre. Os países ricos se comprometeram a dar 100 bilhões de dólares por ano para países de desenvolvimento, em Copenhague, em 2009, e até hoje não deram”, cobrou o presidente, citando novas promessas de financiamento realizadas na COP do ano passado, em Baku, no Azerbaijão, e a necessidade de dar proteção a quem depende dos ecossistemas a serem preservados. “Embaixo da copa de cada árvore existe um indígena, um ribeirinho, um trabalhador rural. Essa gente precisa viver, tem que ter acesso às coisas que todo mundo tem, bens materiais que a civilidade conquistou”. 

 

“Temos que fazer uma luta muito grande nessa questão do clima. Não é uma coisa pequena. Se não fizermos uma coisa forte essas COP’s vão ficar desmoralizadas porque se aprovam as medidas, fica tudo muito bonito no papel e depois nenhum País cumpre. (…) É preciso fazer uma discussão se nós queremos discutir a questão do clima com seriedade, se nós queremos fazer que haja uma transição energética de verdade, se nós queremos mudar o nosso planeta para a gente poder sobreviver nele e chegarmos a ter no máximo um grau e meio de caloria, ou nós vamos brincar de falar na questão do clima”, comlementou.

 

TRUMP

 

Lula destacou o BRICS como fundamental para consolidar o Brasil no cenário internacional e afirmou que caso Trump taxe os produtos brasileiros, o seu governo adotará a reciprocidade. (Foto: Ricardo Stuckert / Secom-PR)

 

Sobre as ameaças do recém-empossado presidente dos Estados Unidos da América (EUA) estadunidense de sobretaxar os produtos dos países que integram o BRICS, caso estes decidam em lançar uma moeda comum que colocaria em risco à hegemonia mundial da moeda norte-americana, Lula disse: “É muito simples. Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil. Simples, não tem nenhuma dificuldade”, avisou.

 

“Quero respeitar os Estados Unidos e quero que o presidente Donald Trump respeite o Brasil. Da minha parte, o que quero é melhorar a nossa relação com os Estados Unidos, exportar mais se for necessário, importar mais se for necessário, e a gente manter a nossa relação, que é de 200 anos”.

 

Lula falou que já governou em períodos em que os EUA tiveram outros dois presidentes diferentes, como o republicano George W. Bush Jr., e o democrata Barack Obama. e que nas duas oportunidades conseguiu manter a mesma postura: “uma relação de um Estado soberano com outro Estado soberano”.

 

O presidente brasileiro garantiu que fará de tudo a seu alcance para manter e melhorar as relações com o governo Trump, lembrando que o atual presidente dos EUA foi eleito para governar aquele país, e os demais presidentes, os outros.

 

Sobre a retirada dos EUA da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do “Acordo de Paris”, Lula lamentou tais decisões tenham sido tomadas e qualificou isso de “retrocesso para a sociedade humana”.

 

EXPORTAÇÕES

 

O presidente citou ainda o bom momento do comércio externo brasileiro, que abriu mais de 300 mercados a produtos agrícolas nacionais nos últimos dois anos.

 

“Aquilo que a gente falava há 20 anos, que parecia um sonho, virou verdade. O Brasil virou o celeiro do mundo. Prova é que abrimos 300 mercados novos em dois anos. E ainda fizemos um acordo com a União Europeia, que é o maior bloco comercial do mundo”, lembrou Lula.

 

COMBATE À FOME

 

Lula reforçou ainda que a sua iniciativa “Aliança Global contra a Fome e a Pobreza” foi uma das principais conquistas do Brasil à frente do encontro de cúpula dos 20 países mais ricos do mundo (G20) em 2024, e que a referida Aliança Global terá o primeiro grande evento em maio, com todos os ministros de agricultura dos países africanos.

 

“Nós vamos fazer uma reunião para mostrar o que temos de bom no combate à fome no Brasil, levá-los a campo para ver o que está acontecendo e fazer uma reunião técnica coordenada pela Embrapa, pelo Ministério das Relações Exteriores, para transferir um pouco de conhecimento aos nossos companheiros africanos para ver se a gente combate a fome de verdade”, contou.

 

REFORMA TRIBUTÁRIA

 

Lula aproveitou para comemorar os efeitos da reforma tributária, a primeira aprovada em um regime democrático na história do Brasil, para diversificar os negócios brasileiros com o exterior no futuro.

 

“Uma coisa que o mundo vai agradecer é a aprovação da reforma tributária, que vai entrar em vigor em 2027 e permitir que o Brasil passe a ser um país mais atrativo para investimentos de estrangeiros e mais seguro para os investimentos nacionais”, celebrou.

 

DEMOCRACIA INTERNACIONAL

 

Sobre o contexto internacional, o presidente brasileiro reforçou a importância de que todos entendam a importância de lutar pela permanência da democracia e das instituições democráticas e representativas, não só no Brasil.

 

“Não é possível o que está acontecendo no mundo com a democracia. A democracia, na verdade, será a grande derrotada se a gente permitir o crescimento da extrema direita no mundo inteiro, se a gente permitir a vitória das fake news, como está acontecendo, e se a gente permitir que a mentira, sabe, saia vitoriosa, ganhando da verdade”, defendeu.

 

Com informações de assessoria.

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