Líder do PT pede prisão preventiva para Bolsonaro
Ex-ministro da Secom, o deputado Paulo Pimenta em conversa com jornalistas no comitê de imprensa da Câmara informou que fará uma representação a PGR pedindo que o ex-presidente use tornozeleira eletrônica para evitar risco de fuga.
Por Humberto Azevedo
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), defendeu nesta quarta-feira, 19 de fevereiro, a punição do ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas de seu entorno por crimes como tentativa de golpe de Estado, conforme denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Ele disse que são “estarrecedoras” as revelações feitas pela PGR no documento encaminhado ao Supremo Tribunal Federal.
O líder, ao participar de entrevista coletiva com outros líderes de partidos da base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, qualificou a tentativa de golpe articulada por Bolsonaro como uma das “páginas mais tristes da História do Brasil”. Na entrevista coletiva de imprensa, os líderes governistas rejeitaram conceder quaisquer anistia política aos condenados por atos golpistas e seguraram cartazes onde se lia “Bolsonaro preso”, “sem anistia”, “democracia sempre mais” e “prisão para os golpistas”.
Em visita ao comitê de imprensa da Câmara dos Deputados, o ex-ministro responsável pela Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) informou que fará uma representação nesta quinta-feira, 20 de fevereiro, ao procurador-geral Paulo Gonet pedindo para que o ex-presidente seja obrigado a usar tornozeleira eletrônica para evitar risco de fuga.
Gonet denunciou Bolsonaro e mais outras sete pessoas, além de imputar mais 26 por participação de organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, atentado ao Estado Democrático de Direito, entre outros crimes. O documento encaminhado pela PGR ao STF tem 272 páginas, com base em investigações feitas pela Polícia Federal.
“A denúncia choca o País; Bolsonaro precisa ser julgado e condenado. Está tudo documentado, Bolsonaro participou de tudo”, observou o deputado e líder petista Lindbergh Farias.
ASSASSINATO
Na denúncia da PGR, o ex-presidente é acusado também de tentar impedir a posse do presidente eleito, Lula, e também querer matá-lo juntamente com o vice-presidente Geraldo Alckmin e o então presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes.
Lindbergh destacou que é assombroso o fato de o ex-capitão do Exército ter articulado com os seus pares, inclusive, o assassinato de Lula, de Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes.
Para Lindbergh, é preciso haver punição exemplar. Ele lembrou que quem tentar golpe de Estado não pode ficar impune, como os assassinos do ex-deputado Rubens Paiva, há mais de 50 anos. Segundo o líder do PT, Bolsonaro e os demais denunciados “são da mesma estirpe dos torturadores da época da ditadura militar”, que governou o país entre os anos de 1964 a 1985.
“Tratava-se da tentativa de um golpe de Estado violento. Não se trata de vingança, tem a ver com a democracia e o funcionamento das instituições. Queremos justiça! Eles têm medo da nossa fala. Sabem por quê? Porque o Brasil amanheceu estarrecido. Eu conheço a história do Brasil, mas talvez não exista na história do Brasil uma página tão grotesca e vergonhosa como essa. Vocês já imaginaram um ex-presidente, derrotado nas urnas, ruas, com um plano para assassinar o presidente eleito, o vice-presidente e Alexandre de Moraes?!”, afirmou Lindbergh.
DETALHES

O líder do PT deu ainda detalhes do plano macabro que foi apoiado por Bolsonaro. Segundo ele, no dia 9 de novembro de 2022, o general Mário Fernandes, que está preso, teria impresso, na impressora do Palácio do Planalto, nove cópias de um plano para assassinar as três autoridades. Em seguida, reuniu-se no Palácio da Alvorada com Bolsonaro, que concordou com o plano, conforme lembrou Lindbergh.
Lindbergh manifestou perplexidade com a intenção dos golpistas de envenenar Lula, para que não assumisse o cargo em 1º de janeiro de 2023. O líder petista pontua que na página 123 da denúncia da PGR está escrito que as “exigências bélicas do plano revelaram um considerável poder destrutivo da organização criminosa, que previa uso de pistolas, fuzis, metralhadoras, lança-granada, lançador de foguete”.
Lindbergh avalia que o mais grave no documento elaborado pela PGR é o fato que para “vencer os aparatos de segurança do ministro Alexandre de Moraes, cogitou-se a possibilidade de disparo de armamento, artefato explosivo ou mesmo envenenamento”.
CORRUPÇÃO
Em sua fala no plenário da Câmara, o líder do PT também destacou a conduta supostamente “corrupta” do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro. Lindbergh aponta que o tenente-coronel Mauro Cid e ex-auxiliar de ordens do então presidente Bolsonaro contou à Polícia Federal que entregou quase R$ 500 mil (US$ 86 mil) em espécie, de maneira parcelada, para Bolsonaro, após vender relógios de luxo e o kit de joias que o ex-presidente recebeu enquanto representante do Brasil.
Lindbergh lembrou que a tentativa de golpe ocorreu ao longo de meses, mas ao final de 2022 o movimento intensificou-se, culminando com os atentados terroristas de 8 de janeiro de 2023, com a depredação das sedes dos Três Poderes em Brasília. De acordo com o líder petista, antes da data de 8 de janeiro de 2023, “Brasília viveu momentos tensos”.
Ele recordou que em dezembro de 2022, apoiadores e militantes extremistas do ex-presidente incendiaram carros e ônibus na capital federal, atacaram o prédio da Polícia Federal e um terrorista, já condenado, tentou explodir um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília na véspera de Natal – o que poderia ter matado milhares de pessoas.