FAB resgata mais de mil brasileiros e familiares de zona de conflito no Líbano; quinto voo de repatriação pousou na manhã desta segunda

A operação “raízes do cedro” já soma, em oito dias, 1105 brasileiros e familiares resgatados do território libanês; 14 animais de estimação também já foram repatriados.

 

Por Humberto Azevedo

 

A Operação “raízes do cedro”, coordenada pelo governo federal, alcançou nesta segunda-feira, 13 de outubro, a marca significativa de repatriar 1105 brasileiros e 14 animais de estimação (quatro cachorros e dez gatos) do Líbano em apenas 8 dias. O quinto voo pousou às 6h06 (horário de Brasília) desta segunda na base aérea de São Paulo, em Guarulhos (SP). Neste último voo estavam a bordo 220 brasileiros, incluindo dez crianças de colo e dois animais de estimação.

 

Raio-x da operação raízes do cedro. ( Divulgação / Secom-MRE)

Todas as viagens da operação utilizaram a aeronave KC-30 do esquadrão “Corsário” pertencente à Força Aérea Brasileira (FAB). A missão humanitária foi organizada pelo governo brasileiro como forma de oferecer à comunidade brasileira residente no Líbano, uma oportunidade de regressar ao país, que enfrenta bombardeios e uma invasão por parte das tropas israelenses com a justificativa de combater o grupo político e para-militar Hezbollah que integra o governo libanês. Ao todo, vivem no território libanês mais de 21 mil brasileiros. A comunidade libanesa no Brasil supera as sete milhões de pessoas.

 

Além da missão em repatriar cidadãos brasileiros, a operação promove envio ao Líbano de alimentos e produtos de saúde. Até o momento, mais de 43 toneladas de donativos como insumos hospitalares e cestas básicas já foram entregues ao governo libanês. Ao todo, já foram entregues 1400 cestas básicas e 6900 embalagens de medicamentos diversos arrecadados pela Associação Unidos pelo Líbano. A operação “raízes do cedro” começou em 2 de outubro com o envolvimento do Ministério das Relações Exteriores (MRE), do Ministério da Defesa (MD), e da FAB.

 

Assim que deixam a aeronave, os passageiros contam com o acolhimento de profissionais a serviço do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), vinculado ao Ministério da Saúde, da Polícia Federal (PF) e da Receita Federal (RF). Nas escalas técnicas em Lisboa, a operação tem suporte da embaixada brasileira em Portugal, via o consulado-geral e adidância de defesa na capital portuguesa.

 

SOB BOMBAS

 

Passageiros e pets do quinto voo de repatriação. Operação do Governo Federal soma 1.105 brasileiros familiares resgatados do Líbano, além de dez gatos e quatro cachorros. (Foto: Divulgação / Secom-MRE)

O Comandante do esquadrão “Corsário”, tenente-coronel aviador, Marcos Fassarella Olivieri, relatou a tensão vivida no solo libanês. “Nós ouvimos explosões na zona de conflito. Sabemos que há risco de bombardeios próximos ao aeroporto ou até de fechamento do espaço aéreo. O momento mais crítico seria se isso acontecesse com a aeronave em solo, durante o embarque, o que nos impediria de decolar. Toda essa tensão se transforma em alívio assim que a decolagem é autorizada. A maior recompensa é ver o sorriso no rosto dos brasileiros, especialmente das crianças”, destacou.

 

A diretoria de saúde da aeronáutica (Dirsa), por meio da subdiretoria de saúde operacional (SDSOP) e com o apoio do Instituto de Psicologia da Aeronáutica (IPA), tem coordenado de forma integrada uma equipe multidisciplinar para atender os repatriados do Líbano, garantindo assistência médica e psicológica com acolhimento e empatia. Duas tripulações da FAB se revezam, cada uma composta por 18 integrantes, para manter um fluxo contínuo de resgates, assegurando que mais brasileiros possam retornar ao país com segurança e dignidade.

 

“Nossas equipes, formadas por Médicos, Enfermeiros, Psicólogos e Técnicos de Enfermagem, estão preparadas para atuar em cenários críticos. Enfrentamos desafios como diferenças culturais, condições de saúde diversas e o tempo limitado para realizar avaliações completas, além da incerteza do cenário encontrado”, declarou a major-médica Juliana Freire Vandesteen, membro da equipe de coordenação da equipe multidisciplinar de saúde.

 

Ainda de acordo com a major-medica, o atendimento contínuo, que começa no embarque e vai até o desembarque, exige um planejamento detalhado e uma equipe altamente qualificada em saúde operacional e medicina aeroespacial.

 

Chegada do quinto voo de repatriação de brasileiros e familiares à Base Aérea de São Paulo, na manhã desta segunda-feira, 14 de outubro. (Fotos: Esquadrão Corsário / Secom-FAB)

“Entre as medidas adotadas estão o monitoramento de saúde durante o voo, o apoio psicológico imediato e atendimentos emergenciais. Os casos mais frequentes são distúrbios gastrointestinais, crises de ansiedade e picos hipertensivos, em sua maioria relacionados ao estresse. Dedicamos um cuidado especial às gestantes, idosos e crianças, que estão em condições mais fragilizadas”, finalizou.

 

O impacto emocional da operação foi profundamente sentido pelos repatriados. Linda Ahmat Nassar, mãe da gestante Fátima Karim, expressou imensa gratidão por ter conseguido deixar o Líbano e ao final da viagem disse estar aliviada, longe das bombas.

 

“Quero agradecer à Força Aérea por permitir que meu neto nasça no mesmo país onde sua mãe nasceu, um lugar seguro, onde as crianças têm liberdade. (…) Obrigada, Força Aérea Brasileira, por tudo o que estão fazendo por nós. O apoio da equipe foi incrível, nos sentimos cuidados desde o primeiro momento até o desembarque no Brasil. Agora eu terei o meu filho em segurança”, disse emocionada Fátima Karim.

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