“Eu não vejo desta forma, mas de qualquer forma, todo estudo requer um debate”, diz Carlos Brandão sobre levantamento da NASA de que em 50 anos a Amazônia poderá estar inabitada
De acordo com o governador do Maranhão, “se fizermos a nossa parte nessa questão da preservação, nessa questão da sustentabilidade, de ouvir as comunidades” apontamento realizado pela agência espacial do governo dos Estados Unidos não se concretizará. Ex-tucano e atualmente filiado ao PSB, Brandão destacou a defesa da soberania para evitar que a região receba “um pacote pronto de outros países” em como cuidar da Amazônia.
Por Humberto Azevedo, enviado especial a Porto Velho.
“É importante para a gente trocar experiências e debater importantes temas como a reforma tributária, da margem equatorial, das compras compartilhadas”
O governador do Maranhão, Carlos Brandão (PSB), afirmou com exclusividade para a reportagem do portal RDMNews, que não tem o mesmo entendimento feito algumas semanas atrás pela agência espacial do governo dos Estados Unidos da América (NASA) de que se nada for feito e mantido os atuais métodos de produção, boa parte do território localizado na região amazônica e também do cerrado brasileiro estarão completamente inabitados em 50 anos.
“Esses consórcios em que o Maranhão faz parte de três, porque é um estado que se encontra numa região de transição entre a Amazônia, o Nordeste e o Centro-Oeste, com biomas diferentes, e a gente aproveita para fazer as experiências que deram certo no nosso estado e também compartilhar as experiências que estão dando certo nos outros estados”
“Eu não vejo desta forma, mas de qualquer forma, todo estudo requer um debate”, disse Carlos Brandão quando questionado sobre o levantamento realizado pela NASA. A declaração aconteceu após ele ter participado no último dia 9 de agosto na sede do governo de Rondônia, Palácio Rio Madeira, em Porto Velho, do 28º fórum dos governadores da Amazônia Legal. Ele participou do encontro que reuniu ainda os governadores Antonio Denarium (PP), de Roraima (RR); Gladson Camelli (PP), do Acre (AC); Mauro Mendes (União Brasil), de Mato Grosso (MT); Vanderlei Castro (Republicanos), Tocantins (TO); além do anfitrião rondoniense Marcos Rocha (União Brasil).
“Essa união de forças, elas fortalecem politicamente os estados para que a gente possa nos defender e defender os interesses da nossa região de forma mais forte no Congresso Nacional, junto ao governo federal”
De acordo com o governador maranhense, “se fizermos a nossa parte nessa questão da preservação, nessa questão da sustentabilidade, de ouvir as comunidades” o apontamento realizado pela NASA não se concretizará. Ex-tucano (PSDB) e atualmente filiado ao Partido Socialista Brasileiro, Brandão destacou, em sua fala, a defesa da soberania para evitar que a região receba “um pacote pronto de outros países” em como cuidar da Amazônia. Sobretudo, na Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP-30) que acontecerá no final do próximo ano em Belém.
“Debatemos também a questão da COP-30 no ano que vem, em que a gente está numa preparatória e aí a gente precisa se organizar para a gente continuar preservando as florestas, mas com sustentabilidade e garantindo os 30 milhões de pessoas que moram na região da Amazônia Legal possam ter a garantia de produzir”
Abaixo, segue a íntegra da pequena entrevista que o gestor do Maranhão, que entre os anos de 2015 e 2022 foi vice-governador dos mandatos exercidos pelo atual ministro da Suprema Corte – Flávio Dino, concedeu ao portal RDMNews.
“Temos que nos organizar muito para a gente não receber um pacote pronto de outros países. Então, eu acho que a gente tem que defender, acima de tudo, a nossa soberania, a nossa cidadania, defender os nossos interesses regionais e ouvindo a população”
RDMNews: Como o sr., de um estado que além de ser amazônico também tem uma rica vegetação de cerrado, da caatinga e da mata atlântica, viu a realização de 28º fórum dos governadores da Amazônia Legal?
Carlos Brandão: Um evento muito proveitoso, sempre. É importante para a gente trocar experiências e debater importantes temas como a reforma tributária, da margem equatorial, das compras compartilhadas. Acabamos de fazer uma compra de munição em que houve uma redução de 60% do valor e essa compra pode ser aderida por outros estados, e isso vai ser uma economia não só para o Consórcio dos governadores da Amazônia Legal, mas também para todo o Brasil. Eu não tenho dúvidas que isso vai melhorar bastante. Esses consórcios em que o Maranhão faz parte de três, porque é um estado que se encontra numa região de transição entre a Amazônia, o Nordeste e o Centro-Oeste, com biomas diferentes, e a gente aproveita para fazer as experiências que deram certo no nosso estado e também compartilhar as experiências que estão dando certo nos outros estados. Então, é um Consórcio em que onde a gente participa da troca de experiências, compra compartilhada, discussões de temas relevantes que acontecem no Brasil e essa união de forças, elas fortalecem politicamente os estados para que a gente possa nos defender e defender os interesses da nossa região de forma mais forte no Congresso Nacional, junto ao governo federal e de forma que é muito importante essa participação do Consórcio. Hoje nós tivemos aqui o lançamento do fundo da ONU e que é uma maneira da gente preservar as florestas. Debatemos também a questão da COP-30 no ano que vem, em que a gente está numa preparatória e aí a gente precisa se organizar para a gente continuar preservando as florestas, mas com sustentabilidade e garantindo os 30 milhões de pessoas que moram na região da Amazônia Legal possam ter a garantia de produzir e preservar as florestas. Então, esse é um tema relevante. Eu considero um dos mais relevantes para o Consórcio dos governadores da Amazônia Legal lembrando que a gente tem que preparar isso para a discussão da COP-30. Temos que nos organizar muito para a gente não receber um pacote pronto de outros países. Então, eu acho que a gente tem que defender, acima de tudo, a nossa soberania, a nossa cidadania, defender os nossos interesses regionais e ouvindo a população. A sociedade civil organizada tem os interesses, existe um processo de conscientização mundial hoje na questão ambiental, que é sempre uma pauta muito forte dentro do Consórcio. E eu não tenho dúvida que essas reuniões, cada vez em que a gente sai, a gente ajusta melhor e o nosso corpo técnico liderado pelos secretários, assessores, coordenadores, eles executam as decisões e os pensamentos que os governadores alinham.
RDMNews: E como o sr. viu esta notícia da NASA de que se nada for feito e mantido os atuais métodos de produção, boa parte da Amazônia e do Cerrado estarão completamente inabitados daqui a 50 anos?
Carlos Brandão: Eu não vejo desta forma, mas de qualquer forma, todo estudo requer um debate. Então, a gente vai debater esse assunto. Mas, assim, nós temos que respeitar o estudo da NASA porque é uma instituição mundial respeitada. Mas, enfim, se nós fizermos a nossa parte nessa questão da preservação, nessa questão da sustentabilidade, de ouvir as comunidades, eu acho que a gente vai … e já tem muitos anos da Amazônia e nunca acabou, e não acredito que a coisa aconteça desta forma. Mas todo estudo é importante para a gente avaliar.