ENTREVISTA DA SEMANA | PARCERIA BRASIL – EUA | BRASIL – CHINA
“O Brasil deve aderir” a Rota da Seda, afirma deputado que preside a Frente Parlamentar Brasil – EUA
De acordo com o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), “é muito importante” que essa parceria com a China também seja “estreitada”. Em entrevista exclusiva à reportagem dos canais RDM, o ex-líder dos Progressistas entre 2013 a 2016 e atual vice-líder do blocão do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), falou sobre diversos temas.
Por Humberto Azevedo
“O Brasil deve aderir” à Rota e ao Cinturão da Seda, afirma o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), que preside a Frente Parlamentar Brasil – Estados Unidos da América (EUA). Segundo ele, a iniciativa comercial do governo chinês seria “muito importante” para que a parceria sino-brasileira pudesse ser “estreitada”.
“Arthur tem um papel muito importante no fortalecimento do Congresso Nacional. Ele teve um papel muito importante nessa transição entre dois governos de lados opostos e conseguiu dar tranquilidade e dar equilíbrio para que o país pudesse continuar avançando”
Na última quarta-feira, 20 de novembro, em encontro bilateral envolvendo tanto o presidente chinês, Xi Jinping, como o presidente brasileiro, Luiz INácio Lula da Silva, o Brasil não aderiu plenamente a acordo comercial proposto pelo governo da China, que tem entre os seus objetivos entrelaçar comercialmente o mundo via os oceanos Atlântico, Pacífico e Índico.
“E o que vai ser importante para que essa relação possa ser estreitada cada vez mais é justamente com que o Congresso através de Hugo e do Davi possam propor aos poderes um entendimento e um pacto de procedimentos com as atribuições de cada poder”
Ao invés da adesão brasileira à Rota da Seda, foram assinados 37 novos acordos comerciais entre os dois países envolvendo diversas áreas – desde o setor agropecuário em que a relação comercial é mais estreitar até parcerias em projetos audiovisual envolvendo a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) e o Grupo de Mídia da China (CMG), dentre outros.
“Tenho certeza que essa harmonia entre os três poderes será importantíssima para o país para que a gente possa consolidar a economia”
“Tive a oportunidade de visitar a China acompanhando a comitiva do presidente Lula, inclusive jantamos também na China com o presidente Xi. E estreitar essa relação é fundamental, a China é uma potência econômica que é fundamental para a economia brasileira. O Brasil tem que romper qualquer tipo de barreira e estreitar a relação comercial com todos os países para fortalecer o emprego, fortalecer as exportações e fortalecer a economia do nosso país”, falou Eduardo da Fonte.
“Não vejo nenhuma mudança de acabar a reeleição, nenhuma mudança nesse sistema que, volto a dizer, é um sistema que já foi testado em momentos difíceis para a democracia”
A Frente Parlamentar Brasil – Estados Unidos da América possui a adesão de 198 deputados.
“Nós temos que respeitar o resultado das urnas e trabalhar para que a relação entre Brasil e Estados Unidos melhore, fique cada vez melhor, porque são duas grandes forças econômicas e precisam estar integradas e trabalhando para que melhorem a economia dos dois países”
DEMAIS ASSUNTOS
O ex-líder dos Progressistas entre os anos de 2013 a 2016 e atual vice-líder do bloco partidário que congrega além do seu partido, o PP, o União Brasil, PSDB, Cidadania, PDT, Avante, Solidariedade, e PRD (antigo PTB), Eduardo da Fonte falou sobre diversos temas como o que espera do sucessor do atual presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que deverá ser Hugo Motta (Republicanos-PB), e também de suas bandeiras política como a interiorização de ações para tratamento de câncer dentro do Sistema Único de Saúde (SUS) pelo interior do Brasil.
“Se fizer uma análise da eleição de 2014 até a eleição de 2022, nós tivemos aí as eleições em aberto, prejudicando muito o Brasil e a economia. E o desafio do presidente Lula é justamente esse, é fechar a eleição. E a gente tem visto que ele tem conseguido isso”
Abaixo, segue a íntegra da entrevista concedida por Eduardo da Fonte a reportagem do Grupo RDM.
“Isso vai trazer resultados importantes para a economia, resultados importantes para o país, para que a gente possa ter a democracia consolidada e a gente também ter a economia consolidada”
RDM: Deputado Eduardo da Fonte, do PP de Pernambuco, como o senhor avalia essa gestão do presidente Arthur Lira, seu correligionário, que está se finalizando à frente da Câmara dos Deputados?
Eduardo da Fonte: Arthur tem um papel muito importante no fortalecimento do Congresso Nacional. Ele teve um papel muito importante nessa transição entre dois governos de lados opostos e conseguiu dar tranquilidade e dar equilíbrio para que o país pudesse continuar avançando. É importante que, a gente, ressalte justamente o papel que ele teve à frente da presidência da Câmara dos Deputados por quatro anos e que passaram por dois governos antagônicos. Então, ele conseguiu dar equilíbrio, conseguiu mediar e fazer com que pautas importantíssimas avançassem no Congresso Nacional, como a reforma tributária, que era uma expectativa de algumas décadas e nenhum outro presidente conseguiu colocar em votação. E hoje a reforma tributária é uma realidade no Brasil, um avanço muito importante que o Congresso deu na área econômica e que com certeza irá trazer avanços importantes na geração de emprego e renda para o Brasil.
“Nós precisamos dar todo o respaldo ao governo para aprovar os projetos econômicos, para que a gente possa colaborar, consolidar, para fazer o Brasil crescer”
RDM: A eleição do deputado Hugo Motta para ser o sucessor do Arthur Lira aqui na Câmara já está quase consolidada. O mesmo ocorre também no Senado, com o senador Davi Alcolumbre, que deve retomar à presidência do Senado. O senhor acredita que aquela presidência do senador Rodrigo Pacheco, no Senado, e do Arthur Lira aqui na Câmara vai ser mantida ou você vê algumas diferenças, como as questões pessoais que em alguns momentos fizeram as duas presidências baterem cabeça?
Eduardo da Fonte: Não, isso aí são fatos superados e pontuais. A relação entre os dois é muito boa. E o que vai ser importante para que essa relação possa ser estreitada cada vez mais é justamente com que o Congresso através de Hugo e do Davi possam propor aos poderes um entendimento e um pacto de procedimentos com as atribuições de cada poder. É importante que a Câmara e o Senado tenham a tranquilidade e a autonomia de desempenhar os seus papéis que estão conferidos pela Constituição, como também o Executivo e o Judiciário. Tenho certeza que essa harmonia entre os três poderes será importantíssima para o país para que a gente possa consolidar a economia, possa construir avanços que começaram com a reforma tributária e que vai fazer com que esses avanços cheguem na população com emprego e com aumento da renda para o povo brasileiro.
RDM: O semipresidencialismo vem sendo muito falado. Inclusive, o próprio ministro da Suprema Corte, o decano Gilmar Mendes disse que esse deve ser um próximo capítulo que o Brasil deveria focar senão a partir de agora, mas no futuro, seja o semipresidencialismo, seja o parlamentarismo. O senhor acha que isso caminha? O Brasil caminha para adotar um modelo de semipresidencialismo? Já ou ainda só a longo prazo?
Eduardo da Fonte: O sistema político brasileiro é consolidado. É um sistema que, inclusive, já foi testado em vários momentos da democracia e é um sistema consolidado. Não vejo nenhuma possibilidade em curto prazo de haver uma mudança no sistema. O que é importante é os sistemas irem se aperfeiçoando, irem se modernizando para que a gente possa adaptá-los à realidade dos momentos. E tenho certeza que a Câmara dos Deputados tem dado uma grande contribuição e irá continuar dando com a presença do deputado Hugo Motta no próximo biênio.
RDM: A reeleição, o senhor acha que acaba a reeleição ou ela vai ser mantida?
Eduardo da Fonte: Não, não vejo nenhuma mudança de acabar a reeleição, nenhuma mudança nesse sistema que, volto a dizer, é um sistema que já foi testado em momentos difíceis para a democracia e isso fez com que a gente visse que esse é um sistema consolidado. Agora, lógico, tudo precisa ser aperfeiçoado e a Câmara dos Deputados e o Senado Federal tem aperfeiçoado quando essas demandas chegam e se mostram importantes para consolidar o sistema e a democracia do nosso país.
RDM: Com relação ao cenário internacional, com o retorno do ex-presidente Donald Trump voltando a ser presidente dos Estados Unidos, a maior nação do mundo, qual é o impacto disso para o Brasil? Como é que vê esse cenário?
Eduardo da Fonte: Veja, e eu falo como presidente da Frente Parlamentar Brasil-Estados Unidos, vejo com muita tranquilidade, nós temos que respeitar o resultado das urnas e trabalhar para que a relação entre Brasil e Estados Unidos melhore, fique cada vez melhor, porque são duas grandes forças econômicas e precisam estar integradas e trabalhando para que melhorem a economia dos dois países.
RDM: E ainda a sua atuação como presidente da Frente Parlamentar Brasil-Estados Unidos, tem quantos parlamentares nessa frente?
Eduardo da Fonte: Tem mais de 200 parlamentares com representatividade na Câmara dos Deputados e também que interagem com a frente do Senado Federal.
RDM: E qual é o objetivo da frente e quais são os seus trabalhos?
Eduardo da Fonte: Veja, estreitar a relação entre os dois países, buscar troca de entendimento tanto na área econômica como também na área de saúde, para que a gente possa trocar experiências para que a gente possa melhorar também a integração entre os dois países.
RDM: O Brasil sediou esta semana o G20 e a maioria dos chefes de Estado compareceram aqui no Brasil, incluindo o presidente da China, Xi Jinping. E o Brasil está namorando a China para entrar na rota da seda, esse cinturão da seda que seria crucial tanto para o governo chinês como para o governo brasileiro. O senhor, como presidente da Frente Parlamentar Brasil-Estados Unidos, vê essa adesão ou não do Brasil? O Brasil deve aderir, ou não deve?
Eduardo da Fonte: Veja, o Brasil deve aderir, é muito importante essa parceria com a China que também deve ser estreitada. Tive a oportunidade de visitar a China acompanhando a comitiva do presidente Lula, inclusive jantamos também na China com o presidente Xi. E estreitar essa relação é fundamental, a China é uma potência econômica que é fundamental para a economia brasileira. O Brasil tem que romper qualquer tipo de barreira e estreitar a relação comercial com todos os países para fortalecer o emprego, fortalecer as exportações e fortalecer a economia do nosso país.
RDM: Já caminhando aqui para o final, deputado, a gente abordou então o cenário internacional, e, agora, o cenário nacional. Na economia, como o senhor vê o resultado da economia, dessa transição do que era o governo Bolsonaro, na verdade já um mix, de 2013 para cá, governo Dilma, governo Temer, governo Bolsonaro, e, agora governo Lula III. A economia chegou ao fundo do poço e agora há alguns anos começou a ter um sinal de melhora. Como o senhor avalia o cenário econômico?
Eduardo da Fonte: Nós temos uma perspectiva muito positiva daqui para frente e é importante que o Congresso Nacional continue empenhado em trabalhar para que a economia melhore. Sabemos da dificuldade que é o país ter uma transição de governo, mas o que a gente viu na última década, da eleição de 2014, é ainda uma eleição que continua aberta no Brasil. A gente se fizer uma análise da eleição de 2014 até a eleição de 2022, que são eleições presidenciais, a de 14, a de 18 e a de 22, nós tivemos aí as eleições em aberto, prejudicando muito o Brasil e a economia. E o desafio do presidente Lula é justamente esse, é fechar a eleição. E a gente tem visto que ele tem conseguido isso. Isso vai trazer resultados importantes para a economia, resultados importantes para o país, para que a gente possa ter a democracia consolidada e a gente também ter a economia consolidada.
RDM: O senhor já foi líder do PP no passado e para 2025 está no radar do senhor voltar a liderar a bancada?
Eduardo da Fonte: Não, nós temos o líder Luizinho, onde já o reconduzimos e vamos trabalhar aqui para estar junto com a bancada, junto com o Congresso, junto com os presidentes das duas casas, trabalhando, colaborando. Irei completar ao final desse mandato 20 anos como representante do povo pernambucano no Congresso Nacional e isso é motivo de muita alegria para a gente poder estar aqui no Congresso representando Pernambuco, representando causas importantes para o nosso estado, como o avanço dos atendimentos oncológicos no estado de Pernambuco, a interiorização da oncologia, da medicina, na defesa dos consumidores, também no apoio aos municípios para que a gente possa fazer entregas que realmente mudem a qualidade de vida da população.
RDM: E como o senhor avalia, quais são os projetos fundamentais para o Brasil aprovar agora no final do ano de 2024, dois meses, um mês e em 2025 e 2026?
Eduardo da Fonte: Nós precisamos dar todo o respaldo ao governo para aprovar os projetos econômicos, para que a gente possa colaborar, consolidar, para fazer o Brasil crescer. O que a gente precisa é crescimento, emprego e renda para a população e o Congresso vai fazer a sua parte, colaborando e trabalhando para que isso aconteça.
RDM: E quais são as suas bandeiras aqui no Congresso?
Eduardo da Fonte: Veja, a nossa principal bandeira hoje é a interiorização da oncologia, para que possamos ter centros oncológicos de quimioterapia e radioterapia nos interiores do nosso país. As expectativas são muito difíceis para o avanço do câncer no Brasil e a gente precisa se preparar da retaguarda para que a gente possa fazer esses atendimentos. Também a causa do autismo, precisamos preparar o Brasil para cuidar dos autistas em todas as regiões. Temos enfrentado muitas dificuldades com essa questão, pela falta de conhecimento, pela falta de profissionais qualificados para cuidar das crianças e das famílias autistas em todo o Brasil. Então, são dois temas importantes que estamos trabalhando no Congresso, para que a gente possa contribuir, discutir, aprimorar a legislação e fazer com que o Congresso dê a sua contribuição para temas que sejam importantes nas vidas das pessoas.
RDM: Isso é dentro do SUS?
Eduardo da Fonte: Dentro do SUS. O SUS é, sem dúvida, o maior sistema de saúde do mundo e a gente precisa cada vez mais fortalecer, aprimorar, para que ele possa atender mais pessoas com qualidade, com equipamentos modernos, porque os equipamentos que atendem nos hospitais do SUS têm que ser diferentes dos hospitais particulares do Brasil. Quando os equipamentos modernos geram uma economia também no atendimento, isso é uma questão que a gente tem discutido em Pernambuco e trazido a nível nacional, para que a gente possa modernizar os equipamentos dos hospitais 100% SUS, que sejam iguais aos dos hospitais particulares do Brasil.
RDM: Muito obrigado, deputado. E se quiser fazer alguma consideração final, fique a vontade.
Eduardo da Fonte: Eu que agradeço a oportunidade. Temos muitos desafios, mas tenho certeza que iremos superá-los e iremos trabalhar prestando conta à população, que é quem nos coloca e nos dão a oportunidade de estar aqui no Congresso Nacional. Muito obrigado.