“É fundamental que os estados que compõem a Amazônia estejam comprometidos com a questão ambiental”, afirma secretário de Infraestrutura do Pará
Representando Hélder Barbalho no 28º fórum dos governadores da Amazônia Legal, o secretário Adler Silveira, em entrevista exclusiva ao portal RDMNews, fez um balanço das reuniões ocorridas nos dias 8 e 9 de agosto na capital rondoniense. Na oportunidade, ele destacou os estudos feitos por universidades amazônidas que poderão substituir o asfalto oriundo de petróleo por caroço de açaí e as estratégias adotadas para conciliar desenvolvimento econômico com preservação ambiental.
Por Humberto Azevedo, enviado especial a Porto Velho.
O secretário de Infraestrutura do Pará, Adler Silveira, afirmou em entrevista com exclusividade para o portal RDMNews, que “é fundamental que os estados que compõem a Amazônia estejam comprometidos com a questão ambiental”. A declaração aconteceu no final do 28º fórum dos governadores da Amazônia Legal realizado em Porto Velho, capital de Rondônia, entre os dias 8 e 9 de agosto no Palácio Rio Madeira – sede do governo rondoniense.
“Várias ações estão sendo encaminhadas nestas câmaras técnicas. Avaliações que estão sendo realizadas pelas equipes técnicas de cada estado e, em conjunto, aqui no Consórcio visando fazer com que nós tenhamos o desenvolvimento atrelado à preservação ambiental”
Na oportunidade, Silveira destacou os estudos feitos por universidades amazônidas que poderão substituir o asfalto produzido a partir da matéria-prima do petróleo, uma fonte de energia não limpa e não renovável, por caroço de açaí. Além de abordar as estratégias que vêm sendo adotadas pelos estados amazônicos para conciliar o desenvolvimento econômico com preservação ambiental.
“Na câmara de infraestrutura, por exemplo, nós discutimos questões de ônibus elétricos, barcos elétricos, energia fotovoltaica, energia solar, visando exatamente nós termos essa conciliação do desenvolvimento atrelado a uma preservação ambiental”
Adler Silveira representou o governador do Pará, Hélder Barbalho (MDB), no encontro em virtude de que o gestor paraense não pode comparecer a Porto Velho devido a um problema de saúde ocorrido com a primeira-dama e sua esposa, Daniela Barbalho. Além da ausência de Hélder, os governadores do Amapá – Clécio Luís (Solidariedade), e do Amazonas – Wilson Lima (União Brasil), também não compareceram.
“É fundamental que nós tenhamos a consciência de que o desenvolvimento não pode de forma alguma afetar a questão do meio ambiente”
Os governadores presentes no 28º fórum dos governadores da Amazônia Legal, além do anfitrião e governador de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), foram Antonio Denarium (PP) de Roraima, Carlos Brandão (PSB) do Maranhão, Gladson Camelli (PP) do Acre, Mauro Mendes (União Brasil) de Mato Grosso, e Vanderlei Castro (Republicanos) de Tocantins.
“Todos unidos e todos em conjunto trabalhando nestas soluções para que a gente possa desenvolver esses estados e, ao mesmo tempo, garantir a preservação sem dano ao meio ambiente”
Segue abaixo a entrevista concedida por Adler Silveira a reportagem do portal RDMNews.
RDMNews: Qual a sua avaliação e balanço que você, como representante oficial do governador do Pará, Hélder Barbalho, faz destas reuniões realizadas aqui em Porto Velho neste 28º fórum dos governadores da Amazônia Legal?
Adler Silveira: Um evento importante para que nós possamos discutir, em conjunto, com os nove estados da Amazônia que participam do Consórcio sobre a estratégia de desenvolvimento e ações que podem trazer uma transformação para os estados que compõem o Consórcio. Aqui nós estamos discutindo, segmentados em várias câmaras técnicas de infraestrutura, de agricultura, de regularização fundiária, a câmara ambiental, onde os temas específicos são tratados – mas com uma visão mais ampla e não individualmente por estados e com uma visão de sinergia entre os estados da Amazônia. Os estados da Amazônia e a própria consolidação têm dimensão territorial e cada um tem a sua especificidade dentro das necessidades de ampliar ações que podem ser conjuntas e que aí fazem com que haja uma transformação não individual de cada estado, mas sim uma transformação da nossa região.
RDMNews: No final do próximo ano, 2025, será realizada em Belém a 30ª Conferência de Mudanças Climáticas da ONU? Como foi esse encontro realizado aqui pensando neste momento em que os olhos no mundo, em sua maioria, estarão voltados para o que vai acontecer na capital paraense?
Adler Silveira: É fundamental que os estados que compõem a Amazônia estejam comprometidos com a questão ambiental. Há uma necessidade de nós termos o desenvolvimento socioeconômico atrelado à questão de estarmos respeitando as questões ambientais. Então, várias ações estão sendo encaminhadas nestas câmaras técnicas. Avaliações que estão sendo realizadas pelas equipes técnicas de cada estado e, em conjunto, aqui no Consórcio visando fazer com que nós tenhamos o desenvolvimento atrelado à preservação ambiental. Na câmara de infraestrutura, por exemplo, nós discutimos questões de ônibus elétricos, barcos elétricos, energia fotovoltaica, energia solar, visando exatamente nós termos essa conciliação do desenvolvimento atrelado a uma preservação ambiental. É fundamental que nós tenhamos a consciência de que o desenvolvimento não pode de forma alguma afetar a questão do meio ambiente. Então, ações estruturais, o pessoal da regularização fundiária, meio ambiente, todos unidos e todos em conjunto trabalhando nestas soluções para que a gente possa desenvolver esses estados e, ao mesmo tempo, garantir a preservação sem dano ao meio ambiente.
RDMNews: E como você viu esta notícia de que um levantamento realizado pela Agência espacial dos Estados Unidos (NASA), que apontou que em 50 anos a Amazônia e o Cerrado brasileiros poderão estar inabitados se os métodos atuais de produção não forem mudados significativamente?
Adler Silveira: Os estados já têm consciência mesmo antes da divulgação desse material pela NASA de que a gente precisa avançar e avançar com ações reais e específicas para que a gente possa combater [as consequências desse] estudo que foi feito com o futuro sendo colocado desta forma. Mas a preocupação não é de agora por conta deste estudo. A preocupação dos estados já vem acontecendo ao longo do tempo. Então, nós precisamos cada vez mais trabalhar, buscar entender os desafios que nós temos na parte de recursos hídricos, na questão da floresta em pé para que a gente possa ter estratégia e ações reais de enfrentamento a esse diagnóstico que foi feito. Então, a gente precisa, por exemplo, especificar a questão da pecuária para que a gente tenha menos espaço sendo consumido por essa atividade e a gente, já existe hoje, metodologias, engenharias de trabalho, onde você já pode fazer a intensificação e isso já é uma realidade, através do uso de tecnologias. Então, são frentes de trabalho e ações que vêm sendo desenvolvidas para que a gente possa combater [as previsões desse] estudo e, ao mesmo tempo, possa avançar com o desenvolvimento na região.
RDMNews:Você como secretário de Infraestrutura, tem a questão do asfalto, que é vista como algo antiecológico. Quais trabalhos estão sendo feitos para substituir esse asfalto oriundo de fontes não renováveis como o petróleo e que evita a drenagem correta das águas pluviais comprometendo o subsolo em sua maioria?
Adler Silveira: Hoje, por exemplo, a gente tem estudos que estão sendo desenvolvidos por universidades aqui da região amazônica para utilização, por exemplo, do caroço de açaí como um dos insumos que podem ser transformados no material que possa ser utilizado [na construção recuperação de] rodovias. Porque deixará de ser asfalto e passará a ser feito com um outro composto. Outras ações que nós estamos fazendo na área de infraestrutura é para transformar as rodovias em corredores verdes alinhados com os ADS da ONU ações, por exemplo, como passagem de fauna na construção de novas rodovias que garantam o habitar mais próximo do natural para com os animais. Estamos trabalhando também em ações de utilizar, por exemplo, os linhões de energia onde já tem uma área de servidão antropizada para que essas rodovias possam ser executadas sobre essas infraestruturas e aí, por exemplo, não ter necessidade de supressão vegetal ou minimizar a supressão vegetal necessária para que a gente possa levar infraestrutura de qualidade a população garantindo o direito de ir e vir com segurança rodoviária, mas ao mesmo tempo garantindo a preservação, ao máximo, do meio ambiente.
RDMNews: A substituição da matriz rodoviária pela hidroviária também é uma opção para agredir menos o meio ambiente?
Adler Silveira: Sim. Estamos tomando [essa iniciativa] para poder garantir que se tenha o desenvolvimento com uma infraestrutura e logística adequada e minimizando, inclusive, o impacto, por exemplo, de 500 caminhões rodando na rodovia com emissão de CO2 [gás carbônico] para uma barcaça que consome muito menos combustível e que tem uma viabilidade econômica e financeira, com inclusive o barateamento do frete, mas atrelado significativamente ao meio ambiente.
RDMNews: Então, também já está em substituição o plano de trocar o uso do combustível derivado de petróleo pelos motores elétricos?
Adler Silveira: Sim, isso já está em andamento. Já está ocorrendo. Então, são estratégias que a gente já vem trazendo isso para o dia-a-dia das reuniões do Consórcio, porque a gente tem muita produção, por exemplo, que é feito em Mato Grosso, mas sai [para exportação] pelo Pará. Então, é uma discussão de um tema amplo, de todos os nove estados para garantir que seja uma estratégia única. Porque não adianta o nosso estado trabalhar nessa frente, mas os outros estados não estarem alinhados. Por exemplo, anteriormente, há 15 anos atrás [sic] toda essa produção, que era menor, inclusive, saírem [para a exportação] por Santos (SP) e Paranaguá (PR), em que tinha que pegar um caminhão, uma carreta, um transporte e ir até esses portos para fazer o escoamento da produção. Então, hoje se tem outras alternativas. O Arco Norte é um arco de transporte de logística muito importante e que está se tornando numa das principais opções para o Brasil para esse escoamento de produção.