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A relatora da proposta, a deputada fluminense Chris Tonietto, para argumentar sua defesa em defesa do fim total do aborto no Brasil, levou para o plenário da CCJ uma maleta com bonecos de bebês feitos de rezina, para abordar as fases de desenvolvimento alcançada pelos fetos dunrante o período de gravidez. (Foto Lula Marques / Agência Brasil)

CCJ da Câmara aprova admissibilidade de PEC, que na prática torna aborto completamente ilegal no país

Colegiado presidido pela bolsonarista catarinense Carolina de Toni aprovou iniciativa de autoria do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, apresentada em 2012.

 

Por Humberto Azevedo

 

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou no início da tarde desta quarta-feira, 27 de novembro, após intensos debates a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que na prática torna o aborto completamente ilegal no Brasil – inclusive os casos hoje previstos na legislação tal como risco de morte para a gestante, estupro e má-formação do cérebro (anencefalia fetal).

 

O resultado da votação foi de 35 a favor para que a iniciativa comece a tramitar na Câmara, contra os votos de 15 parlamentares. Com isso, o colegiado presidido pela deputada Carolina de Toni (PL-SC) aprovou a PEC, apresentada em 2012, pelo ex-deputado e ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, então do MDB fluminense, em parceria com o ex-deputado João Campos (PSDB/PRB), delegado de polícia e pastor da Igreja Batista, e atualmente eleito vice-prefeito de Aparecida de Goiânia (GO) pelo Podemos na chapa do filho do ex-governador goiano, já falecido, Maguito Vilela, Leandro Vilela (MDB).

 

De acordo com a relatora da PEC, a deputada Chris Tonietto (PL-RJ), “a proposta objeto de exame, que tem como primeiro subscritor o Deputado Eduardo Cunha, altera o artigo quinto da Constituição da República do Brasil, a fim de se consignar que a inviolabilidade do direito à vida se aplica desde a concepção. Defende-se, na fundamentação da proposição, que a vida se inicia na concepção, e não no nascimento com vida, razão pela qual a discussão acerca da inviolabilidade do direito à vida não pode excluir o momento em que esta se inicia, garantindo-se, por conseguinte, que os nascituros possam fruir deste mesmo direito”.

 

Autor de um voto em separado, o deputado Bacelar (PV-BA) argumenta que “é importante refutar a construção teórica de que a vida se inicia na concepção como fundamento para a inviolabilidade absoluta do direito à vida”. Segundo o parlamentar baiano, “tal argumento ignora as complexidades da gestação, reduzindo a mulher a uma mera portadora de um futuro ser humano, sem considerar as consequências físicas, emocionais e sociais de uma gravidez forçada”.

 

IMPACTO DEVASTADOR

 

Bacelar argumenta ainda que “proibir o aborto, mesmo nos casos atualmente permitidos, gera um impacto devastador na saúde pública”. O deputado do PV aponta que “dados mostram que a criminalização não elimina a prática, mas a torna insegura, levando mulheres a recorrer a métodos clandestinos e perigosos, muitas vezes com consequências fatais”.

 

“A restrição afeta, sobretudo, mulheres em situação de vulnerabilidade social, perpetuando ciclos de pobreza e desigualdade. A imposição de uma gravidez inviável, como no caso de fetos anencefálicos, agrava ainda mais o sofrimento das mulheres. Forçálas a levar a termo uma gestação sem perspectiva de vida para o feto é uma forma cruel de violência psicológica, com efeitos duradouros na saúde mental. Estudos evidenciam que essas situações aumentam os riscos de depressão, transtorno de estresse pós-traumático e até mesmo suicídio”, fundamenta Bacelar.

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