Ato esvaziado do Primeiro de Maio com a presença de Lula abre uma nova crise no seu governo
Por João Pedro Marques
Cabeças podem até rolar no Planalto do Planalto devido à falta de aviso a Lula
Não bastasse a multa que Lula e o PT vão levar devido à campanha do presidente em favor da candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (Psol) à prefeitura de São Paulo, o aro do Primeiro de Maio está gerando mais dores de cabeça no Palácio do Planalto. Uma fonte confidenciou à coluna que se fala até em queda de ministro que não avisou Lula de que o ato seria esvaziado. Usando um termo mais atual: flopou. Ou fracasso, no bom e velho português. A equipe de cozinha do Planalto, cobrada por Lula, está culpando um certo ministro. Seria Paulo Pimenta, da Comunicação Social? Ou o general Marcos Antonio Amaro dos Santos, o Marcola, ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR)?
Pode sobrar até para Boulos, que corre o risco de ficar inelegível
A declaração de Lula em apoio à candidatura de Boulos é considerada crime porque, segundo a legislação eleitoral, em período de pré-campanha nem o pré-candidato e nenhuma outra pessoa pode pedir voto para ele, ou seja, em pré-campanha é proibido fazer campanha. E muito menos se essa outra pessoa for o presidente da República, em um ato público, na atribuição do cargo. Em resumo: além do fracasso do ato do Primeiro de Maio, o que demonstra que os setores de esquerda não conseguem fazer grandes mobilizações, o presidente Lula se expôs uma sucessão de erros crassos.
Lula e Boulos fizeram praticamente o mesmo que Bolsonaro fez e ficou inelegível
A coluna conversou com vários deputados e senadores da oposição, além de parlamentares e assessores da “cozinha” do Palácio do Planalto, que afirmam que há a possibilidade de a pretensão de Guilherme Boulos à prefeitura de São Paulo seja abortada, com uma eventual cassação. O que aconteceu no Primeiro de Maio, argumentam tanto oposição quanto situação, foi praticamente o do Jair Bolsonaro fez no Sete de Setembro de 2023: o uso da máquina pública para fazer campanha. Resultado: o ex-presidente ficou inelegível por oito anos.
Lula convoca secretário jurídico da Casa Civil e general-chefe do GSI para reunião
O presidente Lula convocou para uma reunião de emergência na tarde desta sexta-feira com o secretário Especial para Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Wellington César Lima; e com o chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da República, o general Marco Aurélio. A reunião com César Lima será às 14h40, no Palácio Itamaraty. E o encontro com o general Marcola será em seguida, mas no Palácio do Planalto.
Embraer quer concorrer com Boeing e Airbus com nova geração de aviões
A Boeing encerrou unilateralmente um acordo com a Embraer para uma joint venture há quatro anos. Agora, a Embraer planeja desenvolver uma nova geração de aeronaves para desafiar o domínio da Boeing e da Airbus. A Boeing enfrenta problemas de segurança e pressão regulatória, incluindo incidentes com o 737 MAX. A empresa teve prejuízo no primeiro trimestre de 2024, resultando em mudanças de liderança e queda nas ações. Enquanto isso, a Embraer está em recuperação, reportando lucro líquido e sinalizando uma boa fase após a joint venture frustrada e os impactos da pandemia.
OCDE prevê crescimento do PIB brasileiro para os anos de 2024 e 2025
A OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aumentou suas previsões de crescimento econômico global, impulsionadas pela resiliência dos EUA e pela desaceleração mais rápida da inflação. Para o Brasil, a previsão de crescimento em 2024 foi elevada para 1,9%, enquanto a economia global deve crescer 3,1% este ano e acelerar para 3,2% em 2025. A China também terá um crescimento mais rápido do que o esperado, enquanto a fraqueza persiste na Europa e no Japão, com exceção de uma melhora no Japão devido a estímulos fiscais e monetários. O Reino Unido viu sua perspectiva de crescimento rebaixada, enquanto os EUA devem desacelerar ligeiramente em 2025.
Situação no RS complica e aumenta o número de mortos, desaparecidos e desabrigados
Com dias seguidos de muita chuva, diversas cidades no Rio Grande do Sul estão literalmente debaixo d’água, deixando milhares de famílias desabrigadas. Agora a enchente chegou na capital, Porto Alegre. O nível do rio Guaíba subiu drasticamente e invadiu diversos trechos da cidade, fazendo com que a cheia se aproxime da enchente de 1941, a maior da história da capital gaúcha. Já choveu mais nos últimos dias do que era esperado para todo o mês de maio. Até o momento, são 39 mortes confirmadas e outras cerca de 70 pessoas desaparecidas. Quase 15 mil pessoas estão desabrigadas e, ao todo, mais de 70 mil foram impactadas.
Prazo para regularização do título eleitoral termina na quarta-feira
Termina no dia 8 de maio, próxima quarta-feira, o prazo para os eleitores solicitarem alistamento, transferência de domicílio, revisão ou primeiro título de eleitor. Os serviços podem ser solicitados nas unidades da Justiça Eleitoral e no serviço de Autoatendimento Eleitoral na internet. Eleitor em situação irregular não poderá votar em 6 de outubro, primeiro turno das eleições para prefeito, vice-prefeito e vereador.
Investimentos estrangeiros no Brasil atingem maior marca desde
Os investimentos diretos no Brasil alcançaram 9,591 bilhões de dólares, acima dos 6,85 bilhões de dólares projetados e ante US$ 7,3 bilhões em março de 2023, informou o Banco Central. Este é o melhor desempenho para o mês desde 2012, quando o país registrou um influxo líquido de US$ 14,9 bilhões, de acordo com a série histórica do Banco Central, que teve início em 1995. A autoridade monetária informou que o resultado de março foi influenciado por entradas líquidas de US$ 4,1 bilhões em participações no capital e US$ 5,5 bilhões em operações intercompanhia.
Supremo valida o poder de investigação do Ministério Público
O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu ontem o julgamento de uma série de ações questionando o papel do Ministério Público (MP) em investigações criminais. Os ministros validaram o poder de investigação do órgão, mas estabeleceram limites, como a equiparação dos prazos com os de inquéritos policiais e a determinação de que a prorrogação de investigações depende de autorização judicial. Para o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, a decisão preservou a autonomia do MP, mas garantiu o controle judicial de suas atividades. “Acho que essa decisão, somada à do juiz de garantias, arruma bastante esse tema da investigação pelo MP, mantendo a autonomia da instituição e sua autoridade própria, porém, preservando o controle judicial”, disse. Entre outros pontos, a tese define que, quando abrir ou encerrar um procedimento investigatório criminal, o MP deve comunicar imediatamente ao juiz competente. Além disso, um juiz terá de autorizar as prorrogações, “sendo vedadas renovações desproporcionais ou imotivadas”.
Volta da Comissão de Mortos e Desaparecidos já tem anuência da cúpula do Exército
A cúpula do Exército já deu sinal verde para a volta da Comissão de Mortos e Desaparecidos e a retomada das investigações interrompidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O governo Lula, no entanto, afirma que não instala a Comissão, criada por lei em 1995, para evitar atritos com os militares. Fontes dizem que a Casa Civil estaria entre os opositores à instalação da Comissão, que recebeu um parecer favorável do Ministério da Justiça e Segurança Pública à retomada dos trabalhos. Há poucos dias, a pasta deu parecer favorável para a reinstalação da Comissão, cumprindo a promessa feita pelo presidente Lula antes da posse. A tentativa de golpe de 8 de janeiro e os processos judiciais envolvendo militares que tramitam na Polícia Federal e no Supremo Tribunal Federal acabaram por postergar a instalação por causa do clima tenso com os militares.
FRASE DO DIA
“A punição máxima para o tipo de delito cometido por Lula no dia 1º de maio é relativamente leve, alguns milhares de reais que não devem fazer enorme diferença ao seu bolso. Também seria exemplar que fossem devolvidos aos cofres públicos os valores utilizados indevidamente no evento flopado de público. Se nada ocorrer, ou mesmo se as punições forem leves, bolsonaristas terão argumentos para provarem sua versão dos fatos, em que acreditam fazer o papel de perseguidos do sistema”.
Do jornalista Fabiano Lana, do Estadão.