Após TRE paulista formar maioria para cassar Zambelli, PSOL apresenta mais um pedido de cassação contra a aliada de Bolsonaro “por incentivo a militar para adesão ao plano golpista”
A direção nacional do PSOL acionou ainda o Ministério da Defesa para extinguir o batalhão de elite do Exército, conhecido como os “kids pretos”.
Por Humberto Azevedo
Após o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) paulista formar maioria para cassar o mandato da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) na última sexta-feira, 13 de dezembro, a direção nacional do PSOL apresentou nesta segunda-feira, 16 de dezembro, mais um pedido de cassação contra a parlamentar aliada do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro por ela incentivar militares para a “adesão ao plano golpista”, que tinha com objetivo impedir a posse e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) eleito em 2022.
No novo documento apresentado, assinado pela presidenta nacional do PSOL, Paula Coradi, e pela bancada federal do partido, apontam como grave a denúncia contra a parlamentar por supostamente participar do plano golpista envolvendo membros das Forças Armadas com o objetivo de manter no governo a antiga gestão do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL).
Na nova representação, a bancada do PSOL aponta que Zambelli teria pressionado o então comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior, em 22 de dezembro de 2022, para que ele aderisse ao plano golpista. O caso foi citado no relatório da Polícia Federal (PF) e integra as investigações da “Operação Contragolpe”, deflagrada pela própria PGR com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF). O partido pede a cassação de Zambelli com base no artigo 55 da Constituição Federal e no Código de Ética da Câmara dos Deputados, argumentando que a conduta da deputada configura grave violação aos princípios democráticos e ao decoro parlamentar.
“Quem pressiona chefe das forças armadas para cometer golpe não pode estar na Câmara dos Deputados’, afirma o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).
KIDS PRETOS

A Bancada do PSOL na Câmara oficiou, ainda, o Ministério da Defesa requerendo a extinção do batalhão de elite do comando de operações especiais do Exército Brasileiro, conhecido popularmente como “kids pretos”. No ofício, os parlamentares da legenda argumentam que o referido batalhão estaria se desvirtuando da sua finalidade, que vem sendo expostas pelo “uso incompatível com os valores e a missão do Exército Brasileiro”
A bancada do PSOL quer assegurar que os recursos orçamentários e humanos atualmente destinados ao referido grupo intitulado de “kids pretos” sejam redirecionados para unidades das Forças Armadas que atuem exclusivamente em conformidade com os preceitos constitucionais.
Os parlamentares do PSOL pediram ainda ao Ministério da Defesa um requerimento de informações sobre o funcionamento dos batalhões especiais. De acordo com o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), a decisão em questionar a pasta ministerial se deu logo após a prisão do general Braga Netto, no sábado, 14 de dezembro.
O PSOL quer saber também os formatos e conteúdo dos treinamentos oferecidos nessas unidades especiais e de elite, além das principais operações ou atividades realizadas nos últimos cinco anos. Assim como também as fontes de financiamento e supervisão hierárquica dessas unidades.
“É inegável que setores das forças armadas no Brasil têm uma péssima tradição golpista. A história da República comprova. Agora, nesse momento crucial, em que se apura a tentativa de golpe para impedir a posse e, depois, para impedir o próprio governo de Lula, é fundamental a gente investigar esses destacamentos especiais ”, ressaltou o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).
“Esse batalhão dos kids pretos aqui, nas proximidades de Brasília, a todo momento está sendo apontado como uma reserva para uma missão inconstitucional de ataque violento aos Estado Democrático de Direito, portanto deve ser extinto. E todos os destacamentos e batalhões de treinamentos especiais precisam ser reavaliados. Nós estamos pedindo informações ao Ministério da Defesa, sobre o sentido, a orientação, o treinamento, seus objetivos. Não estamos mais sob a égide da lei da segurança nacional, do inimigo interno, da guerra fria. Tudo isso tem que ser revisto e adequado aos novos tempos, em defesa da nossa ainda frágil democracia”, complementou o parlamentar do PSOL Fluminense.