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O fluxo comercial entre Brasil e Japão chegou a 17 bilhões de dólares. Hoje, está na casa dos 11 bilhões. (Foto: Ricardo Stuckert / Secom-PR)

Após encontro com o imperador japonês, Lula se reúne exportadores: “nosso papel é abrir portas”

Na reunião com dirigentes da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), o presidente brasileiro afirmou que sua missão é conquistar o mercado japonês.

 

Por Humberto Azevedo

 

Após ser recebido oficialmente pelo imperador do Japão, Naruhito, e pela Imperatriz Masako no Palácio Imperial, em Tóquio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta terça-feira, 25 de março, de uma reunião com empresários brasileiros ligados à Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC).

 

Na pauta, a tentativa de abrir o mercado japonês ao setor. Ao final da reunião, acompanhada por parte significativa da comitiva brasileira, como os ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro; dos Transportes, Renan Filho, e dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho.

 

Segundo o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, o objetivo da reunião com a ABIEC foi avançar na abertura do mercado junto ao Japão, principalmente de carne bovina brasileira. Ele lembrou que o processo de negociação para exportar a carne bovina brasileira para o Japão vem sendo conduzido há mais de 20 anos.

 

Fávaro lembrou que nos últimos dois anos o Brasil abriu 344 novos mercados em todo o mundo para produtos do agro brasileiro e que o trabalho segue ativo.  O presidente lembrou que, em 2011, o fluxo comercial entre Brasil e Japão chegou a mais de R$ 93 bilhões de dólares. Hoje, está na casa dos R$ 62,59 bilhões.

 

“Significa que, de pronto, a gente tem seis bilhões para recuperar nessa visita. (…) Obviamente que comércio exterior é via de duas mãos. A gente tem que vender e a gente tem que comprar”, disse o presidente.

 

“Nossas indústrias estão aptas a atender às exigências sanitárias e comerciais feitas pelo Japão. O ajuste nos protocolos sanitários de aves e o reconhecimento do Brasil livre de febre aftosa sem vacinação para mais alguns estados amplia também o mercado de carnes suínas, muito importante, porque o Brasil é competitivo”, ressaltou Fávaro.

 

“O último protocolo já está há cinco anos sendo debatido. A gente vai trabalhar para que caminhe agora para a finalização e abertura deste mercado importante. Isso vai garantir mais competitividade aos nossos empresários e fazer com que a carne brasileira ganhe espaço no mundo e seja mais competitiva no mercado interno. (…) É um recorde absoluto de todos os tempos, mostrando que o Brasil atingiu um patamar de segurança alimentar para o mundo. Em qualquer crise alimentar e sanitária, o Brasil consegue ser suprimento para todos os países”, prosseguiu o ministro.

 

ETANOL

 

Lula adiantou que a missão brasileira também busca ampliar negócios com o Japão em setores estratégicos, como o aeronáutico e o ligado à transição energética.

 

O presidente Lula e sua comitiva ao lado de empresários do setor de exportação de carne: oportunidade de abrir um mercado estratégico no Japão. (Foto: Ricardo Stuckert / Secom-PR)

 

“Nós estamos percebendo o crescimento da transição energética com o hidrogênio verde, com energia limpa, e o Brasil está dando um salto de qualidade na questão do etanol. A gente está pensando em elevar para 30% a mistura, tanto da gasolina quanto do biodiesel, e vamos conversar com o primeiro-ministro (do Japão, Shigeru Ishiba). Se o Japão usar 10% de etanol na gasolina, é um salto extraordinário, não apenas para que a gente exporte, mas para que eles possam produzir no Brasil”, afirmou o presidente Lula, lembrando que nesta quarta haverá um encontro com centenas de empresários dos dois países. 

 

“Não é só que a gente quer vender. Se tiver empresários japoneses que queiram fazer investimento no Brasil, em todas as regiões, eles podem fazer com que a gente mude efetivamente a matriz energética. Acho que o Brasil pode contribuir decisivamente para que o mundo diminua o uso de combustível fóssil e comece a introduzir um comércio mais limpo, para que a gente possa conquistar a credibilidade de ser o país que mais tem uma produção de baixo carbono”, continuou o presidente.

 

SEM GRIPE AVIÁRIA

 

Outro diferencial brasileiro destacado por Carlos Fávaro é o trabalho para impedir a chegada da gripe aviária.

 

“A gripe aviária tomou conta de todos os continentes e o Brasil é um dos pouquíssimos países que não tem gripe aviária nos plantéis comerciais, garantindo o suplemento de quase 40% da carne de frango consumida no mundo, com qualidade, segurança e preços competitivos”, observou o ministro.

 

LOGÍSTICA

 

Para o ministro dos Transportes, Renan Filho, um dos pontos fortes para a expansão da capacidade de exportação do Brasil passa pelo fortalecimento da estrutura logística.

 

“Nós, ministros da área de infraestrutura, estamos aqui para dizer que toda essa transformação do setor produtivo precisa ter condições logísticas para exportar. E a grande pergunta é: o Brasil tem ou não? Claro que tem! A gente exporta muito mais barato do que outros países. Enquanto o Brasil tem um custo para produzir uma arroba de carne e exportar a 55 dólares, os Estados Unidos têm custo superior a 100 dólares”, pontuou Renan Filho.

 

“Se é importante quem exporta energia, quem exporta minério, imagina quem tem capacidade de exportar o que as pessoas comem. E essa é a potência do Brasil para além de todas as outras, uma potência ambiental, uma democracia sólida, reconhecida internacionalmente”, concluiu o ministro dos Transportes.

 

ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO

 

Ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho citou exemplos que indicam o fortalecimento da infraestrutura nacional com impacto na capacidade exportadora. O ministro também citou avanços no setor portuário.

 

“O Brasil, na década de 80 e 90, tinha praticamente 50% do escoamento da produção pelo Porto de Santos. Hoje, estamos em torno de 30% e queremos diminuir cada vez mais para que a gente possa ampliar a logística nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, para que a gente possa fazer um grande plano nacional de escoamento da produção do país”, falou Costa Filho.

 

“No ano de 2024, tivemos um crescimento de 5%. O setor de contêineres registrou o maior volume de movimentação da história, com crescimento de quase 18%. Estamos ampliando investimentos para que a gente possa fazer o melhor escoamento da produção, que vai desde uma ferrovia, de uma estrada, de uma hidrovia ao porto, para que a gente possa dar condições estruturais a esses novos mercados”, destacou.

 

Com informações de assessoria.

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