Ao lembrar a depredação das sedes dos Três Poderes há dois anos, Lula afirma “ainda estamos aqui”; “a democracia venceu”, comentou
O ato com representantes dos Três Poderes e diversas autoridades que foi finalizado com um abraço pela democracia na Praça dos Três Poderes marcaram a passagem dos dois anos das invasões e quebradeiras dos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e da Suprema Corte.
Por Humberto Azevedo
“Se hoje estamos aqui para renovar nossa fé no diálogo entre os opostos, na harmonia entre os Três Poderes e no cumprimento da Constituição, é porque a democracia venceu. Estamos aqui porque é preciso lembrar. Para que ninguém esqueça. Para que nunca mais aconteça”. Com essas palavras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sublinhou a importância do alinhamento institucional do país para preservar o Estado Democrático de Direito.
A fala acima de Lula integrou um discurso de quase 25 minutos realizado na manhã desta quarta-feira, 8 de janeiro, quando foi realizada uma solenidade que marcou os dois anos das invasões e das quebradeiras às sedes do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, em 8 de janeiro de 2023.
“Hoje é dia de dizermos em alto e bom som: ainda estamos aqui. Estamos aqui para dizer que estamos vivos e que a democracia está viva, ao contrário do que planejavam os golpistas de 8 de janeiro de 2023. Caso contrário, muitos de nós talvez estivéssemos presos, exilados ou mortos, como aconteceu no passado. E não permitiremos que aconteça outra vez”, acrescentou o presidente Lula ao comentar do episódio descoberto pelas investigações que apuram a participação de integrantes das Forças Armadas na tentativa de Golpe de Estado, que pretendiam ceifar as vidas tanto dele, quanto do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Alexandre de Moraes.
DEFESA DA PLURALIDADE
A cerimônia, que contou com a presença de ministros, parlamentares, governadores e representantes dos Três Poderes, além dos comandantes das Forças Armadas. Lula reforçou que a cultura e os valores da sociedade não serão sequestrados por aqueles que não compreendem a importância da pluralidade.
“Democracia para poucos não é plena. Por isso, a democracia será sempre uma obra em construção. Seremos intransigentes na defesa da democracia e renovaremos sempre nossa fé inabalável no diálogo, na união, na paz e no amor ao próximo”, pontuou.
Durante o discurso escrito, precedido por uma fala de improviso, Lula destacou ainda que caso o Golpe de Estado tivesse tido sucesso, direitos teriam sido suprimidos. O presidente também defendeu que os investigados e os conspiradores, acusados de se envolverem em crimes contra à democracia, por planejaram a abolição violenta do Estado Democrático de Direito serão julgados e punidos, mas que terão todo o direito à presunção da inocência e ao amplo direito de defesa.
“Todos vão pagar pelos crimes que cometeram. Todos. Mas a todos será garantido o pleno direito de defesa e a presunção de inocência. (…) Estamos aqui, mulheres e homens de diferentes origens, crenças, partidos e ideologias, unidos por uma causa em comum. Estamos aqui para dizer algo: ditadura nunca mais. Estamos aqui para lembrar que, se estamos aqui, é porque a democracia venceu. Caso contrário, muitos de nós talvez estivéssemos presos, exilados ou mortos, como aconteceu no passado e não permitiremos que [isso] aconteça outra vez”, completou.
LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Lula lembrou que poder pensar diferente é algo intrínseco à democracia.
“Do contrário, a única liberdade de expressão permitida seria a do ditador, usada para mentir, falar do ódio e incitar a violência contra quem pensa diferente. Estamos aqui para garantir que ninguém seja morto ou desaparecido em razão da causa que defende. Estamos aqui em nome daquelas e daqueles que não podem mais estar. Estamos aqui em nome de todas as Marias e Clarices e Eunices”, continuou.
“Meus amigos e minhas amigas, democracia para poucos não é democracia plena, por isso a democracia será sempre uma obra em construção. A democracia será plena quando todas e todos os brasileiros, sem exceção, tiverem acesso à alimentação de qualidade, saúde, educação, segurança e cultura. Quando tiver as mesmas oportunidades de crescer e prosperar”, complementou.
DIREITO DE AMAR E CRER
Lula destacou também que democracia é a possibilidade de ser o que se é.
“A democracia será plena apenas quando todos e todas sejam de fato iguais perante a Lei e a pele negra não seja mais alvo da truculência dos agentes do Estado. Quando o povos indígenas tiveram direitos às suas terras, sua cultura e suas crenças. Quando as mulheres conquistarem igualdade de direitos e o direito de estar onde tiverem que estar sem ser julgadas, agredidas ou assassinadas. Quando todas as religiões forem respeitadas e viverem em harmonia, porque a fé deve unir e não colocar irmãos contra irmãos. Quando qualquer pessoa tiver o direito de amar e ser amada por qualquer pessoa sem sofrer qualquer tipo de preconceito e discriminação ou violência”, encerrou.
Com informações de assessoria.