Após Armínio Fraga se colocar como eventual substituto de Campos Netto no Banco Central, Gleise Hoffmann afirma que mercado financeiro quer “proibir Lula de fazer política monetária e cambial”
Presidenta nacional do PT afirmou, ainda, que “foi por defender ideias [neoliberais] na economia que o PSDB sumiu do mapa político do Brasil”.
Por Humberto Azevedo
Após o ex-presidente do Banco Central (Bacen) do segundo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), entre 1999 e 2002, o economista Armínio Fraga se colocar como eventual substituto de Roberto Campos Netto no comando daquele órgão, a presidenta nacional do PT, deputada Gleise Hoffmann (PR), afirmou em nota publicada nas suas redes sociais, que o mercado financeiro quer “proibir Lula de fazer política monetária e cambial”.
Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo neste último sábado, 1º de junho, Fraga declarou: “eu gostaria, se houvesse uma convergência de valores e ideias, de colaborar em qualquer coisa que fosse. Ajudaria de qualquer jeito. Acho que estou pronto para assumir uma posição de liderança, mas eu não sou o único”. O mandato de Campos Netto à frente do Bacen se encerra no próximo dia 31 de dezembro. Até lá, o governo Lula precisará encaminhar o nome do futuro presidente do banco para apreciação por parte dos senadores.
Informações de bastidores dão conta que o governo trabalha para com o nome do atual diretor de política monetária, Gabriel Galípolo, para ser o substituto de Campos Netto.
Na entrevista à Folha, Armínio Fraga afirmou ainda que o grande acerto de Lula foi quando se elegeu em 2002 “na primeira vez” ter rasgado “o programa do PT” e ter o jogado “fora”.
RESPOSTA DO PT
Em resposta as declarações de Fraga, Hoffmann escreveu: “Arminio Fraga é a estrela do dia na campanha de mídia para desacreditar, por antecipação, o sucessor do bolsonarista Campos Neto no BC. A tal independência do BC é isso: querem proibir Lula de fazer política monetária e cambial. E ainda querem dar lições de política fiscal”.
Segundo a presidenta nacional do PT, “o governo em que Fraga era presidente do BC levou o risco Brasil ao recorde negativo de 1.446 pontos, praticamente triplicou a dívida pública para 57% do PIB, entregou para Lula uma taxa Selic de 24,9% (juros reais de 13%!) e uma inflação de 12%, fora de controle”.
“Lula derrubou a dívida a 37% do PIB, derrubou a inflação à metade (média de 6,4% no IPCA), baixou os juros reais a menos de 4%, e obteve o grau de investimento. Ao contrário do que disse Armínio Fraga, Lula não fez isso rasgando o programa do PT, mas fazendo a economia crescer com investimento público, privado e das estatais, com aumento real do salário, com Bolsa Família e geração de empregos. O que ele rasgou foi a cartilha neoliberal que põe os interesses do mercado na frente do país e da população”, acrescentou.
“Neoliberais que votaram em Lula contra Bolsonaro em 22, como é o caso de Armínio, continuaram impondo sua política para os juros, por meio do tal BC ‘independente’. E agora não se conformam com a aproximação do fim do reinado de Campos Neto no BC. São eles que querem repetir os erros do passado em que mandavam num país que não crescia, não gerava empregos e era submisso ao FMI. Foi por defender ideias assim na economia que o PSDB sumiu do mapa político do Brasil”, finalizou Gleise.