Demissão do presidente da Petrobras escancara disputas fratricidas nos intestinos do governo Lula
Por João Pedro Marques
Após ser fritado há meses, Prates é demitido da petroleira estatal
A demissão do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, pelo presidente Lula tem inúmeros significados. O mais aparente deles é o incômodo que o próprio chefe dele o nutria, especialmente em relação à distribuição dos dividendos da companhia. Contudo, conforme apurou a coluna com fontes do Palácio do Planalto, a demissão é uma vitória do que se convencionou chamar de “cozinha do Planalto”, ou “núcleo duro” do governo, que tem na figura do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, sua representação clássica. “É um coronel, que não gosta de ser contrariado”, cravou uma fonte, se referindo ao ex-governador baiano.
Costa se aliou a Silveira para “sangrar e detonar” com Prates
Outra fonte, esta da bancada petista da Câmara dos Deputados, lembra que Rui Costa se aliou ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para fritar e derrotar Jean Paul Prates. “Traiu o partido. O companheiro Prates não merece o que fizeram”, disse o parlamentar, se referindo ao fato de Prates ser do PT e Silveira, do PSD. “Rui promoveu um fratricídio”, acrescentou, reclamando que Costa “sangrou e detonou” um companheiro de partido. A fonte fala em “sadismo”, uma vez que “os algozes” de Prates estavam presentes no momento em que Lula comunicou a demissão. “Minha missão foi precocemente abreviada na presença regozijada de Alexandre Silveira e Rui Costa”, disse Prates em comunicado.
Magda Chambriand assumirá como nova presidente da estatal
Vai assumir no lugar de Prates a economista engenheira Magda Chambriard, que foi diretora-geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) no governo de Dilma Rousseff. Ela é funcionária de carreira da companhia. O anúncio foi feito pelo próprio Prates em comunicado aos funcionários da estatal, no qual ele analisa que sua missão na Petrobras foi “precocemente abreviada”.
Demissão de Prates ocorre no dia em que a estatal anuncia lucro
A Petrobras teve lucro de R$ 23,7 bilhões no primeiro trimestre de 2024, uma queda de 38% em relação ao ano anterior. A empresa também anunciou o pagamento de R$ 13,4 bilhões em dividendos. O desempenho foi afetado pela queda nas vendas e nos preços dos combustíveis, apesar do aumento no preço do petróleo. As vendas de combustíveis da empresa caíram, com destaque para o diesel. A receita no trimestre foi de R$ 117,7 bilhões, com Ebitda e investimentos também apresentando variações significativas. O trimestre foi marcado por desafios operacionais e políticos, incluindo defasagens nos preços dos combustíveis e disputas internas na empresa.
Presidente do Supremo defende regulamentação das redes sociais
Presidente do Supremo Tribunal Federal, o ministro Luís Roberto Barroso defendeu ontem que as redes sociais sejam regulamentadas para o combate à desinformação. Também disse que parte dessas plataformas está articulada com a extrema direita. Ele destacou que as empresas precisam ser mais “cooperativas” e demonstrar comprometimento com o combate a fake news e deep fakes. “Infelizmente o ódio, a mentira e a desinformação trazem mais engajamento e algumas estão articuladas com movimentos de extrema direita”, disse o ministro, que citou as fake news que circulam sobre a tragédia no Rio Grande do Sul. Durante a reunião do J20, evento com representantes de tribunais dos países do G20, ele também defendeu o uso de inteligência artificial no meio jurídico.
Bolsa brasileira tem recorde no pagamento de dividendos
No primeiro trimestre de 2024, as empresas listadas na bolsa brasileira estabeleceram um novo recorde ao distribuírem R$ 76,7 bilhões em dividendos aos seus acionistas. A Petrobras liderou os pagamentos com R$ 17,9 bilhões, representando 23% do total nacional e um aumento anual de 28%. O Itaú ficou em segundo lugar, com uma elevação de 204% em relação ao ano anterior, pagando três vezes mais que no mesmo período de 2023. A Vale, em terceiro, distribuiu R$ 12,4 bilhões, marcando um aumento de 29% em comparação ao primeiro trimestre do ano anterior.
Acordo entre Eletrobras e governo por pagamento de R$ 26 bilhões avança
A Eletrobras e o governo federal estão negociando um acordo que pode resultar no pagamento de R$ 26 bilhões pela Eletrobras para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), visando à redução das tarifas de energia para os consumidores. Este acordo também propõe aumentar os assentos no conselho de 9 para 11, com três desses lugares ficando com o governo. Paralelamente, a Eletrobras busca desinvestir sua participação na Eletronuclear. As negociações, que devem ser concluídas até julho, acontecem em um contexto de tentativa do governo de ampliar sua influência nas grandes empresas do país e enfrentam a necessidade de aprovação tanto do presidente Lula quanto do conselho da Eletrobras.
Governo faz corte de R$ 4 bi no orçamento de ministérios
O governo cortou mais de R$ 4 bilhões em verbas da saúde, educação e segurança para este ano. Na prática, programas sociais e estratégicos vão ter o alcance reduzido. O Farmácia Popular, que oferece remédios com descontos para a população de baixa renda, teve 20% da verba cortada. O Ministério da Defesa perdeu R$ 280 milhões do orçamento. Já a PF teve corte de R$ 122 milhões. Bolsas de estudo em universidades e na educação básica vão ter R$ 280 milhões a menos. Os cortes são para as contas públicas ficarem dentro do limite fiscal, sendo possível continuar pagando os gastos obrigatórios — como salários, juros da dívida e previdência. A equipe de Lula disse que as despesas opcionais de programas sociais foram atreladas à inflação e que, como o índice cresceu menos do que o esperado, os cortes foram necessários.
Agro é um dos melhores corretores de imóveis do Brasil
Graças à atividade agrícola, o interior do país passa por um boom imobiliário com alta na geração de empregos. No geral, estados com maior atividade agrícola têm gerado mais riqueza. Enquanto a economia do país cresceu 2,9% no ano passado, estados do Centro-Oeste superaram a média nacional — Mato Grosso do Sul avançou 8% e Goiás cresceu quase 6%. Como consequência, a região tem atraído pessoas de outras áreas em busca de empregos ligados ao agro, fazendo com que a população por lá cresça 2x mais que o resto do país.
Desemprego também é menor no setor agropecuário
A taxa de desemprego das áreas agrícolas também está abaixo da média nacional e, com mais gente, cresce a demanda por moradia. No último ano, os imóveis em Goiânia valorizaram 14%. Mesmo com uma queda no preço das commodities, o PIB do agronegócio acumula alta de 29% desde 2018. No mesmo período, o PIB do Brasil cresceu menos de 1/3 disso: 8,7%. A agropecuária foi destaque no nosso PIB do ano passado. Com alta recorde de 15,1% o agro ajudou a puxar a economia do país para cima.
FRASE DO DIA
“Desta vez, vou até o fim. Se não for assim, nunca mais posso ser candidato a nada”.
Do apresentador José Luiz Datena, confirmando sua candidatura a prefeito de São Paulo.