Lula a empresários japoneses: “Brasil é um porto seguro”
Fávaro avalia que a visita ao Japão alcançou avanços na cooperação agropecuária; já o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, afirmou que as conquistas recentes do país tornam o Brasil um ambiente favorável para investimentos.
Por Humberto Azevedo
No encerramento do Fórum Brasil – Japão, nesta quarta-feira, 26 de março, em Tóquio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva listou a série de conquistas recentes que fazem do país um local propício para investimentos. Segundo o presidente brasileiro, estabilidade política, reforma tributária, aposta na democracia, crescimento econômico e consolidação de conquistas sociais fazem do Brasil um dos mais seguros lugares no planeta para implantação de novos investimentos.
Lula também citou políticas de crédito e de distribuição de renda, além do combate à mudança do clima, como diferenciais do momento brasileiro. O discurso foi acompanhado pelo primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba. Assim como lembrou ainda da transição energética como outro campo estratégico para os avanços nas relações bilaterais.
O presidente brasileiro frisou os esforços do Brasil em zerar o desmatamento na Amazônia até o ano de 2030 e as oportunidades de parceria em torno da 30ª edição da Conferência sobre Mudanças do Clima das Nações Unidas (COP-30), que será realizada entre os dias 5 e 21 de novembro, em Belém (PA).
“Em novembro, o Brasil sediará a COP30 no coração da Amazônia e espero que o primeiro-ministro Ishiba esteja participando da COP, para ter contato com a Amazônia, de que todo mundo fala e que pouca gente conhece. (…) O Brasil vai aumentar o percentual de etanol na gasolina de 27% para 30% e no diesel vamos chegar a 20% até 2030. É positivo que com o Plano Estratégico de Energia o Japão eleve o percentual de bioetanol para até 10% até 2030 e até 20% a partir de 2040”, convidou Lula.
“Descarbonização não é uma escolha, é uma necessidade e grande oportunidade. O envolvimento do setor privado é fundamental. O Brasil sempre será um aliado para reduzir a dependência global de combustíveis fósseis. (…) O Brasil é um porto seguro. Estamos consolidando com o Japão uma nova estratégia de relacionamento. Queremos vender e queremos comprar, mas, sobretudo, queremos compartilhar alianças entre as empresas japonesas e brasileiras para que a gente possa crescer juntos. Nosso comércio bilateral diminuiu nos últimos anos. Caiu de US$ 17 bilhões em 2011 para US$ 11 bilhões em 2024. É preciso aprimorá-lo”, continuou o presidente do Brasil.
“Assinaremos dez acordos de cooperação nas mais diversas áreas, além de quase 80 instrumentos entre empresas, bancos, universidades e outras instituições”, disse Lula. “Aprovamos uma histórica reforma tributária que vai simplificar processos, reduzir custos e oferecer previsibilidade e eficiência aos negócios. Estamos corrigindo injustiças no Imposto de Renda para beneficiar milhões de brasileiros, aumentando o consumo das famílias e fazendo a roda da economia girar”, completou o presidente, que também citou políticas de crédito e de distribuição de renda, além do combate à mudança do clima, como diferenciais do momento brasileiro.
NOVA GEOPOLÍTICA
No campo geopolítico, Lula destacou que o mundo necessita defender três pilares fundamentais para a estabilidade global: democracia, livre-comércio e multilateralismo.
“É fundamental que parceiros históricos se unam para enfrentar as incertezas e instabilidades da economia global. Temos que primeiro brigar muito pela democracia. A democracia corre risco no planeta com eleição de extrema-direita negacionista, que não reconhece sequer vacina, sequer a instabilidade climática e sequer partidos políticos. A negação da política não trará nenhum benefício para a humanidade”, frisou o presidente do Brasil.

“A segunda coisa que precisamos defender é o livre-comércio. Não podemos voltar a defender o protecionismo. Queremos comércio livre para que a gente possa fazer com que nossos países se estabeleçam no movimento da democracia, no crescimento econômico e na distribuição de riqueza”, ressaltou Lula. Por último, Lula defendeu o multilateralismo. “É muito importante a relação entre os países, a relação política, a relação entre universidades, a troca de experiências científicas1 e tecnológicas. Nós não queremos mais muros. Não queremos mais ser prisioneiros da ignorância. Nós queremos ser livres e prisioneiros da liberdade”, concluiu.
COMITIVA
Disposto a aprofundar os laços de amizade, cooperação e parceria com os japoneses, o presidente Lula fez questão de convidar para integrar a comitiva oficial do governo brasileiro ao país asiático uma extensa lista de diversos setores da economia brasileira.
À margem do Fórum, o presidente se reuniu com grande número de representantes empresariais brasileiros, contando também com a presença do presidente do Congresso Nacional e do Senado Federal, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP); o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB); o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira; o embaixador do Brasil no Japão, Octávio Henrique Dias Garcia Côrtes; a presidente do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros; o presidente da Apex Brasil, Jorge Viana; e o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa.
COOPERAÇÃO AGRO
Encerrando sua visita ao Japão, o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, ao participar do Fórum Econômico Brasil-Japão ao lado do presidente Lula e do primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba, o ministro destacou que foi assinada uma carta de intenções para a recuperação de pastagens degradadas no Brasil com o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MOFA) e o Ministério da Agricultura, Florestas e Pesca (MAFF) do Japão, com objetivo de reforçar a cooperação na recuperação de pastagens e terras agrícolas degradadas no Brasil.

Para o ministro Fávaro, a modernização da agropecuária brasileira está intrinsecamente ligada à relação com o Japão. Segundo ele, essa parceria contribuiu para que o Brasil se consolidasse como um dos maiores fornecedores de alimentos do mundo. O ministro também ressaltou o papel das relações diplomáticas fortalecidas pelo presidente Lula na ampliação dos laços com o Japão.
“A ascensão e a eficiência da agropecuária nacional têm raízes na parceria com o Japão. Há 50 anos, a colaboração entre a JICA [Agência de Cooperação Internacional do Japão] e a Embrapa impulsionou a pesquisa agropecuária, viabilizando projetos como o Prodecer e a ocupação dos Cerrados, transformando solos antes improdutivos”, afirmou.
“Neste seminário, trago uma mensagem de otimismo: podemos e devemos expandir nossas relações comerciais, além de adquirir tecnologias e reforçar parcerias. Assim, ambos os países ganharão em soberania e prosperidade. Isso fez do Brasil um verdadeiro supermercado do mundo, garantindo alimentos saudáveis, com qualidade sanitária e responsabilidade ambiental, além de preços competitivos. Esse modelo assegura estabilidade inflacionária e segurança alimentar para diversos países parceiros”, finalizou o ministro da Agricultura.
FORTALECIMENTO DOS LAÇOS
Já o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, afirmou que a visita fortalece os laços econômicos entre os dois países, que celebram, neste 2025, 130 anos de relações diplomáticas. O ministro apontou ser esse um marco histórico é evidenciado pelos novos investimentos de fabricantes japonesas no Brasil, impulsionando o desenvolvimento e a cooperação bilateral.

“Hoje, o Japão está entre os dez países que mais investem no Brasil, com mais de 700 empresas atuando no nosso país, gerando empregos, incentivando a inovação e movimentando a economia. Essa missão aqui em Tóquio é uma grande oportunidade de fortalecer ainda mais esses laços e atrair novos investimentos. (…) Essa aliança abre caminhos para novos projetos e soluções que podem transformar a conectividade no Brasil”, frisou.
Com informações de assessoria.