Governo federal disponibiliza R$ 112,9 bilhões em tecnologia de defesa para etapa seis da nova indústria brasileira
Com um investimento privado de R$ 33,1 bilhões serão contemplados os setores aeroespacial e defesa, R$ 23,7 bilhões na área nuclear e R$ 8,6 bilhões na área de segurança. Durante o anúncio, Finep e BNDES assinaram contrato com a Embraer para projetos de inovação no setor.
Por Humberto Azevedo
O governo federal lançou nesta quarta-feira, 12 de fevereiro, em cerimônia no Palácio do Planalto, as metas da “missão 6” da Nova Indústria Brasil (NIB). O foco é promover o uso de tecnologias estratégicas para a soberania e defesa nacionais. Com investimentos públicos e privados no total de R$ 112,9 bilhões, a iniciativa busca ampliar o domínio brasileiro em áreas como satélites, veículos lançadores, radares e foguetes.
Participaram da cerimônia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT); o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDICS), Geraldo Alckmin (PSB); o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Neto; o ministro da Fazenda, Fernando Haddad; a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos (PCdoB); o diretor de desenvolvimento produtivo do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), José Luis Gordon; e demais representantes da sociedade civil e do setor produtivo.
“Hoje, lançamos a sexta missão: defesa e a parte da indústria da defesa, incluindo a parte aeronáutica. A meta é chegarmos a 55% de domínio das tecnologias de interesse para a soberania e defesa nacional até 2026, e 75% até 2033. Atualmente, estamos em 42,7%”, listou Alckmin ao reforçar que uma indústria mais verde e sustentável favorece a descarbonização e eficiência energética do setor. Além disso, para o vice-presidente, a Missão 6 da NIB vai impulsionar o investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&DI), assim como alavancar o volume de exportações de produções nacionais.
MAPEAMENTO

Alckmin enfatizou que, paralelo à recriação do Conselho Nacional do Desenvolvimento Industrial (CNDI) e do um ano completado pela Nova Indústria Brasil (NIB), o lançamento da “missão 6” permitirá o mapeamento das cadeias produtivas.
“A NIB demonstra uma indústria mais inovadora e digital, mais verde e sustentável, que implementa todas as medidas de descarbonização e eficiência energética. É uma indústria mais exportadora, mais competitiva e produtiva”, esclareceu.
EFEITOS POSITIVOS
O ministro da Defesa, José Múcio, avaliou como “claramente perceptível” os efeitos da NIB no aquecimento da economia brasileira.
“O país e a sociedade são testemunhas que o poder público e o setor privado se uniram e se dedicam ao sucesso do processo de retomada da capacidade industrial brasileira. A indústria de defesa já tem uma posição de destaque na economia do país, seja por meio de números expressivos e crescentes em exportações”, ressaltou Múcio.
AGENDA GLOBAL
Para a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, a NIB está alinhada a uma agenda global ao garantir crescimento sustentável associado à inclusão social.
“São novas bases tecnológicas para poder garantir um desenvolvimento sustentável e, para isso, o presidente Lula sempre teve convicção que esse crescimento tem que ser ancorado na inovação. Estamos totalmente integrados às seis missões da NIB. O êxito da Missão 6 é fruto de uma grande convergência entre o BNDES, Finep e bancos públicos para poder garantir desenvolvimento em altos patamares”, salientou a ministra.
EXPORTAÇÕES

Estratégicas para a indústria nacional, as exportações de produtos de defesa têm se destacado nos dois últimos anos. Em 2024, o Brasil exportou R$ 10,33 bilhões em produtos de defesa, aumento de 22% em relação a 2023. No ano anterior, as exportações haviam somado R$ 8,64 bilhão, um crescimento expressivo de 123% em comparação a 2022.
O presidente e “ceo” da Embraer, Francisco Gomes Neto, celebrou o aniversário de um ano da Nova Indústria Brasil e o lançamento da Missão 6.
“É uma das políticas públicas mais bem estruturadas para o desenvolvimento da indústria brasileira nesses últimos anos. É de extrema relevância para a Embraer e toda a cadeia da indústria de defesa. (…) promoção das exportações, pesquisa & desenvolvimento em inovação e defesa”, saudou Gomes Neto, que elencou ainda os três pilares da NIB associados à indústria aeroespacial.
Para o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança, Luiz Teixeira, o fortalecimento da base industrial de defesa e segurança é estratégico e essencial para o desenvolvimento do Brasil.
“Impulsionar a inovação, a autonomia tecnológica e a competitividade do setor de defesa e segurança é essencial para nossa soberania e desenvolvimento tecnológico e econômico do país. Uma indústria de defesa forte, além de proteger a nossa soberania, é um motor de inovação, crescimento e com impactos diretos na geração de empregos qualificados, na capacitação tecnológica e na expansão da indústria nacional”, defendeu Teixeira.
INVESTIMENTO
A “missão 6” conta com R$ 112,9 bilhões em investimentos, sendo R$ 79,8 bilhões de recursos públicos e R$ 33,1 bilhões do setor privado. Os investimentos públicos incluem o PAC Defesa, com R$ 31,4 bilhões para projetos como o caça Gripen, o cargueiro KC-390, viaturas blindadas, fragatas e submarinos.
Já o investimento privado de R$33,1 bilhões será dividido entre os setores aeroespacial e defesa (R$23,7 bilhões), nuclear (R$8,6 bilhões) e segurança e outros (R$787 milhões). No evento, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o BNDES assinaram contrato com a Embraer para projetos de inovação no setor.
O diretor de desenvolvimento produtivo do BNDES, José Luis Gordon, definiu a NIB como uma revolução para o setor industrial.
“Coloca a indústria no centro da agenda de desenvolvimento econômico do país, no centro da agenda de geração de emprego, no centro da agenda de crescimento. É isso que o presidente Lula tem demonstrado: a importância da indústria para o país”, avaliou.
FOGUETE
A Finep também investe em projetos estratégicos, como o reator multipropósito brasileiro e o foguete de decolagem para veículos hipersônicos, com R$4,2 bilhões já investidos e previsão de mais R$331 milhões. O BNDES e o Banco do Brasil já apoiaram as exportações do setor com mais de R$23,75 bilhões, e o BNDES projeta mais R$20 bilhões em apoio até 2026.
METAS E CADEIAS PRIORITÁRIAS
Os recursos vão abrir caminho para o Brasil fortalecer as três cadeias prioritárias da Missão 6: satélites, veículos lançadores e radares. Esses setores foram definidos com base na existência de capacidades locais construídas, potencial de geração de exportações de alta intensidade tecnológica e de geração de empregos qualificados.
As metas da Missão 6, definidas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), são alcançar 55% de domínio das tecnologias críticas para a defesa até 2026, e 75% até 2033. Atualmente, o Brasil domina 42,7% das tecnologias críticas, definidas a partir de lista de 39 projetos estratégicos de PD&I de tecnologias críticas definidas pelo o MDIC, os ministérios da Defesa e da Ciência, Tecnologia e Inovação, a Finep e a Agência Espacial Brasileira.
Nas próximas semanas, o CNDI vai realizar encontros nas próximas semanas para aprofundar as discussões sobre as cadeias produtivas prioritárias das seis missões da NIB. No total, a indústria brasileira já conta com R$3,4 trilhões em investimentos públicos e privados. O investimento público é de R$1,1 trilhão, incluindo recursos do Plano Mais Produção (P+P), braço financeiro da NIB, e de programas relacionados, como o Novo PAC e o Plano de Transformação Ecológica. Já o setor produtivo anunciou R$2,24 trilhões no fortalecimento da produção nacional nos próximos anos.
Com informações de assessoria.