“Golpe do golpe”: militares cogitavam descartar Bolsonaro, dizem investigadores
Da Redação
Militares envolvidos no plano golpista para impedir a posse de Lula, então presidente eleito, em 2022 cogitavam retirar Jair Bolsonaro do poder após a ruptura institucional, segundo investigadores da Polícia Federal. A ideia era promover uma espécie de “golpe do golpe” na ocasião.
Policiais federais identificaram indícios de que o ex-presidente seria descartado após o golpe e os militares assumiriam o poder. A hipótese surgiu após investigadores encontraram o plano para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
O plano incluía a criação do “Gabinete Institucional de Gestão da Crise”, que seria chefiado pelos generais Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa. O objetivo do órgão seria restabelecer a “legalidade e estabilidade institucional”.
Para a Polícia Federal, Braga Netto foi o principal responsável pelo plano de golpe de Estado. Apontado como “a cabeça pensante” do grupo e o autor da “operacionalização” da ruptura institucional, ele teria poder no “gabinete de crise” para derrubar Bolsonaro e assumir o comando do futuro governo.
O general tem influência no meio militar e foi o responsável por dar respaldo e credibilidade ao golpe enquanto tentava convencer oficiais a aderirem ao plano. O gabinete ainda seria composto por outras nove pessoas, entre eles quatro coronéis e um tenente-coronel, que assumiriam diferentes cargos no “gabinete de crise”.
Braga Netto foi um dos 37 indiciados nesta quinta (21) pela Polícia Federal pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. Foi em sua casa, em 12 de novembro de 2022, que militares discutiram o plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes.