VÍDEO – Cid confirmou que Bolsonaro sabia de plano para matar Lula, diz advogado
O tenente-coronel Mauro Cid confirmou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Jair Bolsonaro sabia do plano para assassinar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio magistrado, segundo seu advogado, Cezar Bittencourt. O defensor revelou trechos do depoimento de seu cliente em entrevista à GloboNews nesta sexta (22).
“[Cid] confirma que [Bolsonaro] sabia. Na verdade, o então presidente sabia de tudo e era a pessoa que comandava essa organização”, afirmou Bittencourt. Ele diz que o tenente-coronel participou das reuniões golpistas como “assessor” e revelou ao ministro quem estava nesses encontros.
“O que ele confirmou foi que as reuniões foram realizadas e com quem foi realizada”, prosseguiu o advogado. Seu cliente ainda apontou que Bolsonaro tinha uma função de “liderança” entre os golpistas.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro foi ouvido pelo ministro nesta quinta (21) em meio ao risco de perder os benefícios de seu acordo de delação. Ele foi convocado para prestar depoimento após investigadores recuperarem dados apagados de seu computador e dois dias depois da prisão de militares e um policial federal que planejaram matar Lula, Alckmin e Moraes.
Posteriormente, na mesma entrevista, o advogado recuou e retirou algumas de suas acusações. Mesmo após confirmar que Bolsonaro “comandava a organização”, ele afirmou que o ex-presidente não tinha conhecimento de toda a articulação.
“Eu tenho que retificar, que saiu uma coisa errada aí, eu não disse que o Bolsonaro sabia de tudo. Até porque o tudo é muita coisa, né. Alguma coisa evidentemente ele tinha conhecimento. O plano tem um desenvolvimento muito grande”, afirmou.
Bittencourt ainda disse que não teria citado um “plano de morte”. “O presidente, segundo a informação, teria conhecimento dos acontecimentos que estava se desenvolvendo, isso ele não pode negar, mas não tem nada além disso. Eu não falei plano de morte, plano de execução, de execução como sendo o plano de morte, falei da execução do plano pensado, imaginado, desenvolvido, nesse sentido”, prosseguiu.
O depoimento de Cid durou mais de duas horas e a oitiva foi vista como “muito boa” por Moraes. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, que acompanhou seus esclarecimentos por videoconferência, também avaliou positivamente a audiência.
Cid, que já foi preso duas vezes e fechou um acordo com a Procuradoria-Geral da República (PGR) em setembro de 2023, conseguiu manter os benefícios após a audiência. A PF havia solicitado a anulação da delação do tenente-coronel.