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Izalci Lucas conversa com a reportagem do portal “RDMNews” no “cafezinho do Senado”, após discursar sobre o perigo das “bets” para os brasileiros, sobretudo, os mais pobres, que estariam deixando de comprar alimentos básicos para apostarem nas plataformas que operam no meio cibernético. (Foto: Carolina Costa / RDMNews)

“É uma questão de saúde pública”, afirma Izalci Lucas sobre “bets”

O senador do Distrito Federal (DF), Izalci Lucas (PL) concedeu entrevista exclusiva à reportagem do portal “RDMNews” nesta última terça-feira, 24 de setembro, a respeito dos problemas causados pelos jogos de aposta oferecidos em plataformas digitais no Brasil.

 

Por Carolina Costa com edição de Humberto Azevedo.

O senador do Distrito Federal (DF), Izalci Lucas (PL), em entrevista exclusiva à reportagem do portal “RDMNews” nesta última terça-feira, 24 de setembro, afirmou que os problemas causados pelos jogos de apostas, que são oferecidos em plataformas digitais no Brasil, vem se tornando um grave problema de “saúde pública”. Além de estar causando também sérios problemas sociais e, sobretudo, de “saúde mental”.

De acordo com o senador Izalci, o governo federal precisa “jogar duro” com as plataformas digitais que operam as apostas por meio de aplicativos, mesmo que isso signifique tirá-las do ar. Segundo ele, as apostas realizadas por meio de aplicativos instalados nos celulares, em eventos esportivos, estão sendo utilizadas como forma de lavagem de dinheiro pelas organizações criminosas. Para o senador brasiliense, isso “na prática”, já está “acontecendo”.

“Inclusive, está sendo utilizado também como forma de esquentar dinheiro. As organizações criminosas têm usado para esquentar recurso, porque o jogo esquenta o recurso. Às vezes, você tem dinheiro de outras operações. Muitos fizeram isso, você lembra do [ex-deputado federal nos anos 90, descoberto na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos ‘Anões’] João Alves [PFL, atual União Brasil, falecido em 2004] ganhando a loteria trezentas vezes? O que era isso? Exatamente uma forma de esquentar dinheiro”, denunciou. A CPI dos “Anões” investigou uma série de parlamentares, à época do então governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, e que foram acusados de desviar recursos do Orçamento Geral da União (OGU) por meio de suas emendas individuais e de bancada.

“É evidente que quem é responsável pela execução das políticas públicas é o Executivo, mas você tem como controlar isso. Se realmente o cartão está sendo utilizado de forma indevida, o governo tem como buscar um mecanismo de remunerar isso de forma diferente. Então o governo precisa tentar isso”, avaliou, durante a entrevista, o ex-tucano e um dos atuais vice-líderes partido oposicionista do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro.

CPI DAS “BETS

Para investigar estas casas de apostas, que funcionam diretamente nos celulares dos brasileiros, a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) anunciou há algumas semanas que estava formalizando um pedido de instalação de uma nova CPI para investigar supostos crimes praticados pelas plataformas de jogos que operam no meio cibernético. A iniciativa foi apresentada com a assinatura de 31 senadores, quatro a mais do que o necessário para a abertura de uma CPI. O colegiado deve ser instalado após a realização das eleições municipais, que acontecerão no próximo 6 de outubro.

Quando questionado a respeito da CPI proposta pela senadora sul-mato-grossense Thronicke, Izalci Lucas afirmou que acredita esse instrumento não seja “o mais adequado”. “Uma CPI pode apurar esse tipo de coisa. Mas, não sei se é o mais adequado. Eu acho que o mais adequado hoje é regulamentar, que não está ainda regulamentado. Cobrar realmente impostos muito violentos. Mas utilizar esse recurso muito na forma de inibir o incentivo ao jogo. É uma coisa até assim meio… O ideal era não ter o jogo”, completou. 

CONSEQUÊNCIAS DO VÍCIO

Para exemplificar o ciclo vicioso, o senador comparou o vício em jogos de aposta ao vício em cigarro e a outras drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas. De acordo com o liberal, o cigarro sempre foi vendido, em épocas anteriores, explorando muito a questão do automobilismo, do heroi, das mulheres e do prazer. A partir do momento em que houve uma exigência de que as propagandas de cigarro viessem com as consequências estampadas na embalagem, existe uma redução significativa no uso.

“Então, você vê que houve uma redução drástica no uso. Evidentemente que, agora, tudo que você vê, toda hora que você liga a televisão, é propaganda de ‘bet’. Então, é evidente que isso aí deve estar ajudando muita gente, os clubes, inclusive, devem estar sendo patrocinados por eles, mas o preço é muito alto. Então, uma das formas que nós temos também, talvez, é fazer a propaganda exatamente educativa, mostrando as consequências, os problemas. Talvez, isso aí possa diminuir a prática do jogo. Mas, do jeito que está aí, a coisa só tende a aumentar”, finalizou o senador do PL de Brasília defendendo que as propagandas sejam mais controladas e mostrem as consequências que o vício em jogos pode causar como a destruição de lares familiares e até o suicídio.

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