“Se nós que vivemos na região amazônica não falarmos bem e só mostrar as dificuldades, quem vai falar das coisas boas?”, pergunta Marcos Rocha
O governador de Rondônia falou, ainda, no início dos trabalhos do 28º fórum dos governadores da Amazônia Legal, que o seu estado está preparando o “selo do tambaqui de Rondônia” para atestar a produção de uma melhores proteínas que já está ganhando o mundo.
Por Humberto Azevedo, enviado especial para Porto Velho.
Na discurso-apresentação que fez no primeiro dia dos trabalhos do 28º fórum dos governadores da Amazônia Legal, realizado no Palácio do Rio Madeira – sede do governo de Rondônia, no dia 8 de agosto, o governador rondoniense Marcos Rocha (União Brasil) fez a seguinte pergunta retórica aos então secretários dos estados amazônicos presentes no evento: “Se nós que vivemos na região amazônica não falarmos bem e só mostrar as dificuldades, quem vai falar das coisas boas?”.
Na apresentação, Marcos Rocha falou, ainda, que o seu estado está preparando a criação de um “selo do tambaqui de Rondônia” para atestar a produção de uma melhores proteínas produzidas no estado e que já está ganhando o mundo. O governador louvou também os prêmios que os cafés produzidos em seu estado estão ganhando em concursos nacionais e internacionais. “A gente ouvir e saber que é um café produzido em uma tribo indígena de Rondônia. Isso fica mais bonito ainda de falar”, destacou.
“A gente produz muito tambaqui em Rondônia e vende para o Brasil inteiro. Estamos vendendo também para outros países, Japão, China, alguns países da África, também para os Estados Unidos a gente vende muitas toneladas e a gente faz isso e vai criar o selo do tambaqui de Rondônia. Contei o segredo, não é? Falei de mais. Porque o nosso tambaqui, muitas vezes, ele é levado para um outro estado que não é amazônico e lá é processado e sai com outra marca. Mas a gente quer mostrar que ele sai de um estado amazônico, que ele sai de Rondônia”, apontou Marcos Rocha.
Essas e outras declarações foram dadas no seu discurso em que abriu os trabalhos do 28º fórum dos governadores da Amazônia Legal, e que o portal RDMNews publica abaixo na íntegra.
DISCURSO
Pronunciamento de apresentação proferido pelo governador Marcos Rocha na abertura dos trabalhos do 28º Fórum dos Governadores da Amazônia Legal, na data de 8 de agosto de 2024.
Bem, senhores e senhoras, é um prazer tê-los aqui. Agora, sim, podendo falar depois de outras autoridades que falaram antes. A gente fica muito feliz. Então, eu cumprimento o Marcello Brito, que é o secretário-executivo do Consórcio da Amazônia Legal e o histórico dele, verdadeiramente, é um belo histórico que pode fazer com que a gente consiga ajudar muito os nossos estados.
Eu cumprimento aqui o meu vice-governador, Sérgio Gonçalves. O Sérgio foi muito fácil escolhê-lo como vice-governador. Foi uma decisão minha, verdadeiramente pessoal, não foi indicação de partidos, nem de autoridades. Ele era o meu secretário e eu o vi como uma grande pessoa, um técnico que poderia atuar muito bem como vice-governador. E também na área política. Então, alguns já o conheciam de outras reuniões e a gente consegue, de fato, dividir as atividades. E eu fico muito feliz, Sérgio. Falou muito bem aqui e até tirou palavras minhas e aí o negócio fica complicado.
Cumprimento a Vanessa Duarte, que é a diretora-executiva do Consórcio da Amazônia Legal. Obrigado, pela vinda. Espero que nós tenhamos atendido a expectativa na recepção de todos aqui no estado.
Cumprimento também a equipe do Consórcio da Amazônia Legal; o conselho de administração do Consórcio da Amazônia Legal; a Câmara Setorial de Agricultura e Economia Verde; a Câmara Setorial do Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Integração; a Câmara Setorial de Governança Fundiária; o Fórum de Infraestrutura, Transportes e secretários de Planejamento, que trabalharão aqui também; a Câmara Setorial de Segurança Pública. Essas serão as nossas linhas de comunicação, na verdade, entre os estados.
Dizer que o Consórcio, ele é muito interessante. Porque o Consórcio vem aproximando os estados. Como bem disse aqui o Sérgio Gonçalves, nós temos áreas em comuns. Áreas que nós temos as mesmas dificuldades. E temos, em alguns momentos, as mesmas vantagens. Então, a gente precisa saber aproveitar isso para um Brasil que é imenso e mostrar o potencial da Amazônia. É mostrar que nós temos condições, sim, de representar também o Brasil, de mostrar a competência do nosso povo.
Eu vou dar um exemplo aqui de que Rondônia tem avançado muito. Hoje nós somos triplo a em pagamento desde o segundo ano do meu primeiro mandato – eu estou no meu segundo mandato, ou seja, era um momento de pandemia e, nós estávamos já em transparência nota a, capacidade de pagamento triplo a, crescendo na agricultura, uma economia azul. Se vocês olharem o mapa do Brasil, vocês verão que Rondônia está no azul.
Então, a gente vem trabalhando muito para permitir com que, lógico que trabalhando pelo estado de Rondônia, a gente acaba trabalhando pela Amazônia, não é? E cada governador tem a sua parcela de contribuição e eu tenho trabalhado aqui pelo estado, e buscando muito para fazer com que o estado pareça nacionalmente e internacionalmente também, quer seja no café.
Nós produzimos aqui em Rondônia, 95% do café da Amazônia e, detalhe, o café de Rondônia, que os senhores e as senhoras tiveram a oportunidade de degustar, ele foi tido como um dos melhores cafés do Brasil na sua modalidade lá no estado de Minas Gerais. Então, isso é maravilhoso, não é? Vender o café de Rondônia lá para Londres e o povo ficou louco lá. Disseram, um dos vendedores do café disse assim, é a primeira vez que eu tomo um café de verdade. Isso é maravilhoso! A gente ouvir e saber que é um café produzido em uma tribo indígena de Rondônia. Isso fica mais bonito ainda de falar.
Então, eu sei que os meus amigos governadores não estão aqui, mas eu acho que é uma honra para todos os senhores, ouvir o nome dos seus governadores aqui. O Gladson Camelli do Acre, o Clécio Luís do Amapá, o Wilson Lima do Amazonas, o Mauro Mendes de Mato Grosso, também o Carlos Brandão do Maranhão, o Hélder Barbalho, que é o nosso presidente do Conselho, do Pará, o Antonio Denarium de Roraima e o Vanderlei Barbosa do Tocantins. E o Marcos Rocha de Rondônia.
Todos nós, sempre nos comunicamos, temos um bom relacionamento. Cada um tocando os problemas do seu estado, que não são poucos. Mas a gente tem um relacionamento muito bom. Às vezes, a gente discute, sem briga. É o que vocês farão aqui, não é? Soluções para buscar a melhor orientação.
Eu estava dizendo para o Sérgio ainda agora e falando também com o meu chefe da Casa Civil, que está numa missão fora de Rondônia, ele falando assim para mim: governador, o senhor sabe dividir o poder. O senhor entrega o poder na hora certa e toma ele na hora certa. E o Sérgio acabou de falar a mesma coisa, quando a gente estava conversando e tratando de um assunto, o mesmo detalhe.
Mas isso é um aspecto. Existem várias teorias da liderança dos senhores e das senhoras, sabem disso, mas quem está na liderança tem que saber entregar o bastão um determinado momento, numa determinada área para quem sabe mais daquela área. Eu faço isto tanto para quem cuida do DER, quanto para quem cuida das finanças do estado – a secretaria de Finanças e faço isso com a secretaria de Planejamento no momento certo. Quem conduz são eles, são vocês que precisam das orientações.
Porque, governador, ele tem uma missão que é de saber um pouco de tudo. Mas o aprofundamento de cada ação é dado pelos secretários, que orienta cada governador. Eu compreendo isso com muita facilidade. Mas eu queria, agora depois de tudo isso, dizer a todos o quanto vocês são importantes, dizer a todos que esse 28º encontro que é feito do Consórcio da Amazônia Legal é muito importante para o estado de Rondônia. Eu não abriria mão que fosse aqui. Eu fiz questão que fosse o estado que recebesse, depois de todos esses anos, o Consórcio para que a gente mostre também e vocês conheçam.
Só uma pergunta aqui, lógico que os secretários de Rondônia, não. Mas quem já conhecia Rondônia? Os secretários de fora, levantem o braço, por favor. Então, obrigado, já comeram tambaqui, com certeza? O tambaqui é um dos nossos carros-chefe. Inclusive, não é vergonha de falar, eu me dou muito bem com o Wilson Lima e ele estava dizendo para mim. É o Rocha, ele me chama de Rocha, o tambaqui que a gente come lá no Amazonas é o de Rondônia. E é verdade. E vocês sabem disso.
A gente produz muito tambaqui em Rondônia e vende para o Brasil inteiro. Estamos vendendo também para outros países, Japão, China, alguns países da África, também para os Estados Unidos a gente vende muitas toneladas e a gente faz isso e vai criar o selo do tambaqui de Rondônia. Contei o segredo, não é? Falei de mais. Porque o nosso tambaqui, muitas vezes, ele é levado para um outro estado que não é amazônico e lá é processado e sai com outra marca. Mas a gente quer mostrar que ele sai de um estado amazônico, que ele sai de Rondônia. Assim como a gente sabe de produtos, por exemplo, que seus estados produzem mais que Rondônia e que tem que ter o selo dos seus estados. A gente tem que trabalhar nisso para mostrar que a Amazônia produz, que da Amazônia sai alimentos, que a Amazônia é importante para o mundo inteiro.
Outra questão que eu quero dizer a todos e que me preocupa, e que gostaria que o setor responsável que vai trabalhar sobre esta questão ambiental pensasse, é a crise hídrica. Eu estou verdadeiramente muito preocupado. Eu estava fazendo um sobrevoo aqui em Porto Velho e vi algo que eu nunca tinha visto. Eu vi o rio Madeira praticamente num filete de água. Daqui a pouco dá para atravessar o rio Madeira a pé, não é isso Elias? O Elias é o secretário de Obras do estado.
Então, isso é preocupante e está acontecendo nos demais estados também. Tem o efeito ‘El Ninho’ e tal, e nós precisamos colher investimentos – eu estava falando com o ministro Waldez Góes, que também é um querido amigo meu. E ele dizendo, Marcos, antecipou em dois meses o efeito que nós calculávamos. E esse efeito negativo antecipou em dois meses e a gente precisa de recursos. Nós precisamos de recursos. Então, juntos, a gente precisa requisitar recursos do governo federal para que a gente consiga trabalhar e evitar prejuízos para os estados da Amazônia.
E é possível tratar isso? Sim! Desvio de rios, poços, barragens. A gente tem como fazer isso, mas custa caro fazer isso. O governo do estado numa obra que a gente tem feito para poder levar água para toda a capital, a gente já gastou até agora de recursos do estado R$ 66 milhões. Então, é muito dinheiro. Lá em Jaru, foi quanto? R$ 7 milhões. Em Ji-Paraná, R$ 22 milhões. E, agora, soma aí todas as necessidades de todos os estados de fazer isso e a gente tem conseguido captar recursos, esta vai ser uma pauta que eu vou levar aos governadores. Mas é importante que a Câmara Técnica trabalhe nisso, não é? Para que amanhã, nós estejamos bem orientados, no mundo, e vamos adotar, e levar isso até o governo federal.
No mais, senhores, eu trouxe um discurso para ler, mas não vou fazer a leitura, não. Eu quero que os senhores e as senhoras sejam muito bem-vindos aqui. Nós temos secretários em Rondônia, assim como vocês, senhores e senhoras, excelentes em todas as áreas. Na fundiária, na agricultura, em todas as áreas. Então, tenho a certeza que os senhores e as senhoras já se conhecem, e vai ficar mais fácil trabalhar.
Mas lembro a todos aqui, o quê que eu digo para a imprensa o tempo inteiro? Eu me dou muito bem com a imprensa do estado de Rondônia. São maravilhosos. Eu sempre falo, a gente tem que falar bem do nosso estado. Agora, eu vou dizer diferente aqui, a gente tem que falar muito bem da nossa região. A gente não pode ficar levando para o mundo problemas. A gente tem que falar coisas boas, sabem por quê? Se nós que vivemos na região amazônica não falarmos bem e só mostrar as dificuldades, quem vai falar das coisas boas?
Eu tenho a alegria de ter uma imprensa no estado de Rondônia, que fala bem do estado. Leva problemas, é claro, para buscar soluções, pois, nem tudo é alegria, mas também fala bem e fala das potencialidades. Eu vejo muitos programas, eu assisto, eu ouço rádio e eu fico observando a forma como eles levam. E isso tem dado certo. Então, a sugestão que eu dou a todos os senhores também é que é preciso conversar com a imprensa dos seus estados porque é assim que a gente vai poder mostrar a diferença.
Rondônia teve uma matéria negativa recentemente dizendo que, eu acho que muita gente viu na Record nacional, dizendo que Rondônia tem o pior hospital do Brasil. Mas não é! Nós temos uma estrutura terrível, que a gente vem trabalhando para consertar, entretanto, nós temos uma equipe maravilhosa que atua naquele hospital. Só para se ter uma ideia e os senhores sabem disso, o Sul do Amazonas, ali a parte Oeste de Mato Grosso, e também o Acre, e também a Bolívia, são atendidos também pelo Hospital de Rondônia. Aqui.
Então, é mais fácil para quem é do Amazonas do que cruzar todo o Amazonas, é mais fácil vir para Porto Velho. Não é verdade? E quantas pessoas a gente atende ali? 8 mil pessoas. Sabem quantas vagas tem? Menos de 150. Por isso vai gente para o chão. Por que a equipe faz o possível para poder atender e o impossível para poder atender. E aí perguntaram: e se negar atendimento? Jamais! Minha característica não permitiria isso. Uma pessoa que tem a preocupação com o ser humano, eu jamais ia falar, não, barra. Ninguém vai mais entrar aqui se não for de Rondônia. Negativo!
Nem os nossos médicos aceitariam isso. Então, eles salvam gente. Fraturas expostas, bacias quebradas, isso é caro. A gente segura. Então, a estrutura do hospital de Rondônia, principal hospital, existe há mais de 50 anos. E a gente está trabalhando para resolver isso e eu tenho certeza que a gente vai ter a solução desse problema no ano que vem. Até o final do ano que vem. E vai dar certo. Fizemos a estratégia correta e vai dar certo.
Então, são os problemas que nós temos, mas temos coisas maravilhosas também nos nossos estados. Pena que a gente não tem o camarão que tem no Pará, que é vendido em Rondônia. Camarão do Pará eu como aqui em Rondônia. E por aí vai com os produtos de todos os estados, que também são vendidos aqui. Então, mais uma vez, sejam bem-vindos, obrigado por terem atendido esse chamado e amanhã com as propostas de vocês acontecerá aqui a reunião dos governadores. Muito obrigado!