Vitória de Nunes em São Paulo fortalece Tarcísio para 2026
Por João Pedro Marques
A vitória do prefeito Ricardo Nunes (MDB) em São Paulo na disputa à reeleição contra o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) fortalece a candidatura do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) à Presidência da República em 2026 e tende a dar a ele maior mobilidade para depender menos do bolsonarismo daqui por diante. Essa é a avaliação de diferentes players da política nacional e também de uma parcela relevante da academia. “Nessa vitória do Ricardo Nunes, o Tarcísio foi o grande cabo eleitoral, inclusive, no momento ruim da campanha”, avalia o cientista político Marco Antonio Carvalho Teixeira, professor da Fundação Getúlio Vargas. “O resultado fortalece, sem dúvida nenhuma, o governador como uma liderança política, daqui pra frente, com autonomia. Pode dar a Tarcísio de Freitas uma maior mobilidade para depender menos do bolsonarismo, uma vez que o Gilberto Kassab (presidente do PSD) já saiu a campo, inclusive, defendendo que ele é a principal novidade na política e encaminhando o seu nome para 2026”, acrescenta Teixeira.
Aliados já falam em candidatura presidencial de Tarcísio
O mapa eleitoral de São Paulo fortaleceu, entre aliados, a torcida para que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) venha a concorrer à Presidência da República já em 2026, desde que a conjuntura seja favorável. Em conversas, o presidente nacional do Republicanos, deputado federal Marcos Pereira (SP), não descartou a possibilidade de Tarcísio ser levado a disputar, sob pressão de políticos, empresários e eleitores, caso a avaliação do governo Lula piore até lá.
Apenas duas mulheres foram eleitas para prefeituras de capitais
As prefeitas eleitas Emília Corrêa (Aracaju-SE), do PL, e Adriane Lopes (Campo Grande-MS), do PP, são as únicas mulheres que estarão à frente das administrações municipais entre todas as capitais brasileiras a partir de 2025. Elas venceram as eleições em segundo turno, no dia 27 de outubro. Outras seis candidatas chegaram à disputa em segundo turno em capitais: Rose Modesto (em Campo Grande), do União, Natália Bonavides (em Natal), do PT, Janad Valcari (em Palmas), do PL, Maria do Rosário (em Porto Alegre), do PT, Cristina Graeml (em Curitiba), do PMB, e Mariana Carvalho (em Porto Velho), do União. O número representa queda com relação a 2020, quando as candidatas em segundo turno eram 20.
Aumento no número de mulheres nos municípios em geral
No primeiro turno, entre todos os municípios, 724 mulheres foram eleitas, o que representa 13% das cidades que resolveram a disputa em 6 de outubro. Em 2020, foram 663 as cidades que elegeram mulheres (12%). Segundo levantamento da Consultoria-Geral da Câmara dos Deputados, o número de mulheres eleitas (incluindo prefeitas e vereadoras) em 2024 aumentou dois pontos percentuais em relação às eleições de 2020. Elas representam 17,92% dos eleitos este ano. Nas últimas eleições, foram 15,83%. Há quatro anos, das 58 mil vagas de vereador, 9,3 mil (ou 16,13%) foram de mulheres. Em 2024, das 58,3 mil vagas, 10,6 mil (18,24%) foram ocupadas por elas. No ano de 2020, nenhuma mulher foi eleita nas capitais, enquanto nas cidades com mais de 200 mil habitantes, elas venceram em oito: Suellen Silva (em Bauru-SP), do Patriota, Raquel Chini (em Praia Grande-SP), do PSDB, Raquel Lyra (em Caruaru-PE), do PSDB, Elisa Gonçalves (em Uberaba-MG), do Solidariedade, Elizabeth Silveira (em Ponta Grossa-PR), do PSD, Marília Campo (em Contagem-MG), do PT, Margarida Salomão (em Juiz de Fora – MG), do PT, e Paula Mascarenhas (em Pelotas-RS), do PSDB.
Centrão governará para 74% dos brasileiros a partir de 2025
A partir de 1º de janeiro de 2025, três em cada quatro brasileiros serão governados por um prefeito de um partido do “centro”. O saldo das urnas após o segundo turno das eleições municipais indica que o Poder Executivo de 4.022 dos 5.569 municípios do País será comandado por um representante de PSD, MDB, Progressistas (PP), União Brasil, PL ou Republicanos. O desempenho das seis siglas ilustra o êxito do “centro” e da “direita” no pleito local e o tamanho que o “centrão” sai para o xadrez político nacional. Para se ter uma ideia, as mesmas legendas somavam 2.652 prefeituras em 2012, 2.774 em 2016, e 3.255 em 2020. Considerando para o cálculo o União Brasil como a soma de Democratas e PSL (as siglas que se fundiram para a criação da legenda em 2021). Conforme pontuam especialistas, eleições municipais não costumam dizer muito sobre a corrida presidencial subsequente, mas antecipam com alguma acurácia os pleitos seguintes para o Congresso Nacional.
DITO & FEITO
“O meu amigo que me deu a mão na hora mais difícil, o governador Tarcísio de Freitas. Eu tenho certeza de que esse é o sentimento de cada um dos que estão aqui nos apoiando, das lideranças e de todo o povo de São Paulo. Seu nome é presente, mas o seu sobrenome é futuro. Você, Tarcísio, vai poder contar sempre comigo, 24 horas por dia.”
Ricardo Nunes, prefeito reeleito de São Paulo.
“Foi um recado claro de que as pessoas estão cansadas dessa polarização. A esquerda teve uma derrota jamais vista. Mas o grande vencedor desta eleição é o centro.”
Senador Ciro Nogueira (PP-PI).
“O PT precisa parar de errar! Boulos era a crônica de uma morte anunciada! A candidatura errada na cidade errada! Havia Márcio França, Tabata Amaral e até a Ana Estela Haddad, que nunca disputou eleição, mas poderia dialogar com uma ala mais conservadora nas periferias e classe média. Parece que voltamos a reaprender a gostar de perder.”
Washington Quaquá, vice-presidente nacional do PT.