Vacina 100% nacional contra dengue terá produção em larga escala a partir de 2026
Serão 60 milhões de doses para o público de 2 a 59 anos. Também foram anunciadas parcerias para ampliar produção de insulina e para desenvolver vacinas contra gripe aviária e contra o vírus responsável por infecções respiratórias em recém-nascidos.
Por Humberto Azevedo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta terça-feira, 25 de fevereiro, do anúncio de um acordo para produção em larga escala da primeira vacina 100% nacional e de dose única contra a dengue. A partir de 2026, serão 60 milhões de doses anuais, com possibilidade de ampliação conforme a demanda e a capacidade produtiva. A iniciativa integra uma estratégia de fortalecimento da indústria brasileira, para dar autonomia e buscar novas soluções para o Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo é atender a população elegível pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) entre 2026 e 2027, que contempla a população de dois anos a 59 anos.
O investimento total na parceria é de R$ 1,26 bilhão, com auxílio do Novo PAC. Também estão previstos R$ 68 milhões para aplicar em estudos para ampliar a faixa etária alcançada e avaliar a possibilidade de coadministração com a vacina contra a chikungunya. A iniciativa integra uma estratégia de fortalecimento da indústria brasileira, para dar autonomia e buscar novas soluções para o Sistema Único de Saúde (SUS). A partir de 2026, serão ofertadas 60 milhões de doses anuais, com possibilidade de ampliação do quantitativo conforme a demanda e a capacidade produtiva. Objetivo é atender a população elegível pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) entre 2026 e 2027.
A partir de parceria entre o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics, a produção se dará pelo Programa de Desenvolvimento e Inovação Local (PDIL) do Ministério da Saúde, que já foi aprovado e está em fase final de desenvolvimento tecnológico. O programa representa um avanço no combate à dengue no Brasil, uma vez que a combinação das capacidades de produção das instituições permitirá a ampliação da vacinação. O protagonismo do Governo Federal fará com que a capacidade produtiva e de oferta de uma vacina 100% nacional contra a dengue cresça em 50 vezes.

Para o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, os anúncios são históricos. Ele celebrou o lançamento da vacina contra a dengue, explicando que seu desenvolvimento foi demorado e complexo porque precisou ser testado contra os quatro sorotipos da doença.
“É uma vacina contra os quatro tipos de dengue, tetravalente, que facilita muito. E por isso ela é demorada, leva anos e anos, pois você tem um foco de tipo 2, vai lá e testa. Aí fica esperando o tipo 1, vai lá e corre. Depois o 3, o 4. Teve que acertar os quatro para ter, numa vacina só, a tetravalente”, explicou Alckmin, que é médico-anestesista de formação.
RESPOSTAS EFICAZES
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou a importância da iniciativa para o fortalecimento da capacidade nacional de produção de imunizantes. A ministra ressaltou ainda que, num primeiro momento, a vacina não será destinada a idosos, pois os testes clínicos exigem critérios específicos para essa faixa etária. Segundo a titular da Saúde, os investimentos são fundamentais para garantir respostas eficazes às emergências sanitárias e reduzir a dependência do Brasil de importações no setor da saúde. Segundo ela, o protagonismo do governo federal fará com que a capacidade produtiva e de oferta de uma vacina 100% nacional contra a dengue cresça 50 vezes.
“Essa vacina vem sendo desenvolvida há muito tempo. Com a pandemia, nós aprendemos muito de desenvolvimento rápido. A vacina será em dose única e válida para os quatro sorotipos. Vários artigos científicos vêm demonstrando esse poder. Já tem a definição de 60 milhões de doses em 2026, e a continuidade da sua produção. A gente espera, em dois anos, poder vacinar toda a população elegível”, disse a ministra. (…) Por enquanto, os idosos ainda não poderão tomar, porque, quando as vacinas são testadas, há sempre um cuidado com a população idosa. Com isso, teremos a possibilidade de vacinar a população brasileira dentro da faixa que for, naturalmente, recomendada pela Anvisa para a dengue. Isso é um fato único no mundo até agora”, afirmou Nísia.
PREVENÇÃO
Até a vacinação em massa, continuam fundamentais o reforço das ações de prevenção, vigilância e preparação da rede de assistência, essencial para evitar óbitos. A atual gestão do Governo Federal é responsável pela expansão do uso de novas tecnologias de prevenção à dengue – como o método Wolbachia e as Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDL). Todas as ferramentas disponíveis têm sido potencializadas no país.
INSULINA
Como parte do Programa de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) do Ministério da Saúde, também foi anunciada a fabricação nacional da insulina Glargina. O projeto envolve a produção nacional do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a ampliação da fabricação do produto final pela Biomm, empresa que recebeu o registro para a produção desse tipo de insumo. A produção do IFA será na planta da Fiocruz em Eusébio, no Ceará, o que vai fortalecer o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) e incentivar o desenvolvimento regional. A produção de insulina pode atingir 70 milhões de unidades anuais ao fim do projeto, com o primeiro fornecimento previsto para o segundo semestre de 2025.
PROTEÇÃO
O PDP também visa internalizar a produção da vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) no Brasil, para permitir a produção de até 8 milhões de doses anuais, numa parceria entre o Instituto Butantan e a Pfizer. A ministra explicou que esse vírus é um dos maiores responsáveis por infecções respiratórias em recém-nascidos. “É uma vacina para proteger nossas crianças da bronquiolite. Essa é uma das principais causas de cerca de 80% das internações de crianças no primeiro ano de vida”, explicou a ministra Nísia. Estima-se que serão evitadas 28 mil internações anuais. O primeiro fornecimento para o SUS está previsto para o segundo semestre de 2025.
FÁBRICA DE INSULINA

No anúncio, o governo federal também anunciou a fabricação nacional da insulina Glargina como parte do Programa de Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) do Ministério da Saúde. O projeto envolve a produção nacional do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) pela Fiocruz (Unidade Bio-Manguinhos) e a ampliação da fabricação do produto final pela Biomm, empresa que recebeu o registro para a produção de insulina Glargina.
A produção do IFA será na planta da Fiocruz em Eusébio (CE), fortalecendo o Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS) e incentivando o desenvolvimento regional. Por meio do Ministério da Saúde, BNDES e FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), a produção de insulina poderá atingir 70 milhões de unidades anuais ao final do projeto. O primeiro fornecimento está previsto para o segundo semestre de 2025.
INFLUENZA
As parcerias também vão garantir inovação e acesso à vacina Influenza H5N8, colocando o Brasil na vanguarda global para apresentar uma resposta rápida e eficaz a futuras emergências. Fica garantida a composição de estoque estratégico, fortalecendo a preparação e a aceleração da capacidade de produção e inovação do país, permitindo ajustes rápidos na formulação da vacina conforme a evolução do patógeno; e a capacidade produtiva disponível para a produção e fornecimento de mais de 30 milhões de doses por ano.
“O alvo é a gripe aviária, mas o investimento que vai ser feito vai permitir o uso em todos os vírus desta família da influenza. Por isso, é uma vacina para acelerar a capacidade de produção e para nós estarmos preparados, porque um dos riscos no mundo de uma futura pandemia é justamente a gripe aviária”, disse a ministra Nísia.
No evento também foram anunciadas três parcerias público-privadas para permitir o acesso da população a novas tecnologias de saúde, como a primeira planta produtiva de IFA de insulina da América Latina, o desenvolvimento de vacina nacional contra a gripe aviária e uma vacina contra o Vírus Sincicial Respiratório.
REPERCUSSÃO
Os senadores Fabiano Contarato (PT-ES), Jaques Wagner (PT-BA), e Rogério Carvalho (PT-SE) comemoraram o anúncio. Contarato enfatizou a importância do Sistema Único de Saúde e a importância de defendê-lo para que cumpra seu papel de promoção de uma saúde pública de qualidade aos cidadãos.
“Seguimos fortalecendo o SUS e cuidando dos brasileiros e brasileiras. Sob o comando do presidente Lula, seguimos fortalecendo o SUS, trazendo inovação para a saúde pública e cuidando dos brasileiros e brasileiras”, destacou o líder petista Rogério Carvalho.
“Com essa conquista, o Brasil reduz a dependência de limites e fortalece sua capacidade de resposta a surtos da dengue, garantindo um imunizante acessível a milhões de brasileiros e brasileiras”, afirmou Jaques Wagner, líder do governo no Senado.
“A vida é o principal bem jurídico. Por isso, mais do que nunca, precisamos reconhecer a importância do SUS em promover saúde pública e sempre apoiar seu fortalecimento”, completou Contarato.
Com informações de assessoria.