Suplente de Juarez Costa, Juliana Kolankiewicz fala de seus planos como a primeira mulher a representar o Araguaia no Congresso Nacional
Em entrevista exclusiva ao portal RDMNews, a primeira-dama do município de Água Boa falou ainda da sua luta em incentivar a participação feminina na política, eleições municipais, 2026, meio ambiente e os desafios para superar as mudanças climáticas.
Por Humberto Azevedo
A primeira-dama do município de Água Boa, Juliana Kolankiewicz (MDB), que assumiu o mandato de deputada federal na semana passada após o titular Juarez Costa, também emedebista, se licenciar do cargo para resolver questões pessoais e partidárias, falou com exclusividade ao portal RDMNews sobre seus planos para representar a região do Araguaia, 730 quilômetros de distância da capital do estado, Cuiabá.
Juliana Kolankiewicz é a primeira mulher a ocupar um assento no Congresso Nacional. Esposa do prefeito de Água Boa, Mariano Kolankiewicz Filho, que também é filiado ao MDB, Juliana falou ainda da sua luta em incentivar a participação feminina na política, das eleições municipais, da possibilidade de concorrer nas eleições de 2026, da importância da convivência harmônica entre o desenvolvimento econômico com o meio ambiente – ao qual avalia o estado de Mato Grosso ser um exemplo a ser seguido, assim como dos desafios que estão postos para que país se adeque à nova realidade ambiental e climática.
AÇÕES
Sobre as suas ideias que pretende levar a cabo nos próximos quatro meses em que estará no exercício de deputada federal, Juliana Kolankiewicz destacou que pretende se debruçar em melhorar as condições de logística do Vale do Araguaia com melhorias nas rodovias federais que cruzam a região como as BRs 158 e 242. Ela também destacou que ocupará os mesmos espaços nas comissões temáticas da Câmara e em grupos parlamentares aos quais o deputado licenciado Juarez Costa atua.
“Primeiramente, eu quero agradecer a Deus pela possibilidade de estar aqui. Agradecer imensamente ao deputado Juarez Costa, que está nos dando esta grande oportunidade. O MDB é uma grande família e incentiva as mulheres a se envolverem e a estarem na política. Então, a minha estada aqui serão quatro meses de trabalhos intensos e tenho muito a aprender e estou aprendendo muito diariamente aqui no gabinete. E também levar as emendas para a nossa região. Hoje o Araguaia estava há mais de 30 anos sem nenhum representante aqui em Brasília, no Congresso Nacional. E poder trazer as demandas para a nossa região na questão de logística, BR-158, BR-242, são muitas coisas e muitas áreas que precisam de atenção”, iniciou.
“Hoje faço parte da FPA, da Comissão de Agricultura, Pecuária e Abastecimento e também da CCJ nas cadeiras que o deputado Juarez ocupava e que eu sigo ocupando com muito entusiasmo e muita responsabilidade e acreditando que é muito importante para o nosso estado do Mato Grosso, para a região do Araguaia, e toda a região em que vivemos no potencial econômico que é o agronegócio. Então, estamos aqui em Brasília e a nossa missão é defender os interesses do nosso estado, da minha região, também das mulheres, das famílias”, complementou.
MULHERES NA POLÍTICA
Sobre o ingresso das mulheres na política, Juliana Kolankiewicz afirmou que essa tendência dos tempos atuais é necessária. Segundo ela, “as mulheres podem e devem ser o que elas quiserem e se sentir bem lá”. A parlamentar considera que as mulheres possuem mais “sensibilidade” para o exercício de cargos públicos do que os homens. “Não que eu seja feminista, pelo contrário, eu acredito que todos nós temos oportunidades iguais de se desenvolver, destacar e de se conseguir uma posição desejada”, comentou.
“Nós temos feito um trabalho de incentivo para que as mulheres participem mais da política e sejam candidatas. Hoje eu sou primeira-dama de Água Boa. Então, o meu marido é prefeito do MDB e é candidato à reeleição. E nós estamos aí com esse trabalho para [favorecer] a região do leste mato-grossense que é a região do Araguaia. Em Água Boa, nós teremos quatro candidatas mulheres com grande potencial de serem eleitas, [por] serem pessoas influentes na nossa comunidade e que estamos visando aí ter um êxito nas eleições. Nos próximos dias farei algumas visitas a alguns municípios do [Vale do] Araguaia para fomentar essa questão das pré-candidaturas e também incentivar que as mulheres entrem na política e façam a sua parte, porque a participação das mulheres é especial pela sensibilidade do qual tratamos os assuntos”, registrou.
“Então, sempre esse olhar feminino tem algo a mais que o olhar masculino. Não que eu seja feminista, pelo contrário, eu acredito que todos nós temos oportunidades iguais de se desenvolver, destacar e de se conseguir uma posição desejada. Seja cuidando de casa, das crianças; seja na política; seja como uma profissão. Eu sou veterinária que é uma profissão um tanto quanto masculina, cuido da minha fazenda, da minha família, mas tenho muito prazer em ser mãe de três filhos, de cuidar de casa, de fazer tarefas com crianças. Então, eu acho assim: as mulheres podem e devem ser o que elas quiserem e se sentir bem lá. E não com cobrança da sociedade para que seja isso, ou seja aquilo. Tem que ser o que quiser. E se elas querem ser políticas, serem vereadoras, serem prefeitas, deputadas, enfim qualquer cargo que quiserem ocupar, tem todo o meu apoio e todo o meu aval. E acredito que fazem diferença em todos os lugares. Dentro de casa, dos estabelecimentos comerciais, nos consultórios médicos, odontológicos, veterinários, enfim profissionais liberais e também na política”, acrescentou.
2026
Sobre se aventurar no mundo político de maneira efetiva, se candidatando nas eleições de 2026, a primeira-dama de Água Boa preferiu a cautela. “Aí, vamos [esperar]. O tempo vai dizer melhor como as coisas vão se desenrolar”, resumiu.
“Então, o nosso foco aqui, neste momento, aqui em Brasília, é importantíssimo. É um momento tão especial que a gente está vivendo aqui essa grande oportunidade. Hoje nós temos aqui a primeira mulher deputada federal da região do Araguaia. Então, toda a nossa região está comemorando a gente poder representar aqui em Brasília a região do Araguaia e o Mato Grosso. Mas aí [antes] temos as eleições municipais este ano e aí [sim] depois pensar nas eleições de 2026. Mas eu sou uma pessoa que não digo nunca. A gente não sabe como vão se desenrolar as coisas e se for entendido pelo grupo, pelas pessoas, pelo povo, que é interessante e necessário eu ser candidata, serei. Se achar que não é o momento, não serei. Então, o futuro a Deus pertence e com certeza ele está sempre à frente de tudo e sempre vem aí trazendo grandes conquistas, grandes oportunidades. Eu confio muito em Deus. Eu acredito que Deus na frente às portas vão se abrindo e tudo acontece da melhor maneira do que tem que ser”, pontuou.
MEIO AMBIENTE
Indagada sobre como a política do século 21 deve enxergar a nova realidade ambiental e climática imposta por um profundo cenário de mudanças causadas pelo uso excessivo da exploração econômica junto ao meio ambiente, sobretudo, nos últimos dois séculos, Juliana Kolankiewicz reforçou que “com certeza essa é uma questão que está preocupando não só o Brasil, o estado do Rio Grande do Sul, mas o mundo inteiro”. Mas apontou que o caminho é a solução praticada no estado de Mato Grosso, onde as atividades produtoras convivem com um meio ambiente preservado.
Segundo a suplente de deputada, a aposta para se encontrar o equilíbrio entre geração de emprego, renda e preservação socioambiental é o investimento em tecnologia.
“São diversas catástrofes, alagamentos, excesso de calor, excesso de frio. A gente vê que o clima está desregulado em muitas e muitas localidades. Mas eu acredito que o estado do Mato Grosso é um grande exemplo de como conciliar a produção, a tecnologia, a agropecuária com a preservação ambiental. O nosso governador Mauro Mendes, o vice-governador Otaviano Pivetta são sempre muito preocupados e estão sempre fazendo políticas e mostrado ao mundo inteiro como que o Mato Grosso consegue esse equilíbrio. Eu acredito que nós temos aí uma produção imensa, os maiores produtores do país, somos os grandes produtores [de grãos] e temos aí em torno de 60% [das nossas terras] preservadas”, observou.
“Então, é neste sentido: é preservar o que deve ser preservado, produzir e usar tecnologia para aumentar a produção sem explorar demasiadamente o meio ambiente. Então, hoje, a nossa região, em especial, o vale do Araguaia, é altamente preservada. A gente consegue ver isso no entorno dos rios, das matas, enfim. Preservar e produzir, eu acho que esse é o grande segredo do sucesso e do bem-estar social neste momento de mudanças climáticas”, completou.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Por fim, Juliana Kolankiewicz avaliou como que o país precisa agir para se adequar à nova realidade climática que deverá impor condições mais adversas à existência humana em todas as regiões do planeta Terra. De acordo com ela, é preciso separar recursos para que os municípios, com auxílios dos governos federal e estaduais, possam enfrentar o surgimento das futuras intempéries.
“Outro tema que está entrando aqui [em debate] é a criação de conselhos específicos para cuidar destas alterações climáticas. Por que hoje nós fazemos o trabalho, falando em termos de Mato Grosso, de preservação, conscientização, temos os órgãos fiscalizadores, temos o cadastro ambiental rural, temos vários mecanismos para controle do desmatamento, da produção. Mas é importante também termos fundos para estarmos preparados para futuras adversidades. Então, a gente nunca sabe, por exemplo, [como] um incêndio pode tomar uma proporção tão grande que afete o clima. Então, nós temos que [fazer com que] o governo federal, estaduais e municipais estejam preparados para [enfrentar] futuras adversidades. Hoje os municípios não têm condições. Então, temos que pensar inicialmente no nível federal, estadual, para a gente chegar na ponta e resolver os problemas e estarmos preparados para resolver futuros problemas que ainda possam acontecer”, ensinou.
“E hoje a gente está sendo pego de surpresa e estão acontecendo coisas em áreas, em regiões, que ninguém esperava que acontecesse, neste momento, e de forma tão drástica, tão absurda. Enchentes sempre existiram no Rio Grande do Sul, inclusive nestes municípios que foram destruídos, mas não era com essa devida proporção do que está acontecendo agora. Então, eu acho que também é importante este debate para que a gente comece a se preparar. Outros países do mundo já estão preparados há anos. Muitos, não todos, né? Muitos estão preparados para [enfrentar] as adversidades climáticas como o Japão, Rússia, mas nós do Brasil ainda não tínhamos enfrentado tantos desastres ambientais assim. Essa pauta é bem importante para ser discutida e já resolvida o quanto antes”, finalizou.