Rússia não cederá a ninguém na Ucrânia, diz Putin que ainda respondeu às ameaças de Macron
Kremlin se recusa a entrar em uma corrida armamentista com Ocidente; O presidente da Rússia aponta que seu homólogo francês parece se esquecer de como foi o fim de Napoleão: “isso não vai funcionar”.
A Rússia não cederá a ninguém na Ucrânia, declarou o presidente russo Vladimir Putin nesta quinta-feira, 6 de março, em uma reunião com parentes de militares russos que morreram no conflito e trabalhadores da Fundação Defensores da Pátria.
Putin enfatizou repetidamente que Moscou está aberta ao diálogo sobre a resolução de conflitos, mas ressaltou que “o mais importante aqui é eliminar as causas fundamentais da crise”.
“Devemos escolher por nós mesmos uma opção de paz que nos sirva e proporcione ao nosso país paz de espírito por uma longa perspectiva histórica. (…) Precisamos de uma opção que garanta o desenvolvimento estável de nosso país em paz e segurança. Não precisamos de nada estrangeiro, mas não abriremos mão do que é nosso”, afirmou Putin.
“Quanto à resolução da situação, gostaria de enfatizar mais uma vez que seu objetivo não deve ser uma breve trégua, uma espécie de trégua para um reagrupamento de forças e um rearmamento para uma posterior continuação do conflito, mas uma paz de longo prazo baseada no respeito aos interesses legítimos de todas as pessoas, de todos os povos que vivem na região”, explicou Putin em janeiro.
DISPUTA COM EUROPA
A Rússia não pensa em participar de uma corrida armamentista com a Europa, declarou também nesta quinta-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. Nesse sentido, agregou que a Rússia não se envolverá na corrida armamentista proposta pela Polônia.
“Não poderão nos ganhar, porque não vamos participar. Nos dedicaremos a assegurar nossos próprios interesses. (…) É claro que o presidente [Vladimir Putin] encontrará uma maneira de evitá-la. Mas só se pode expressar pesar pelo fato de Varsóvia e Paris realizarem tais declarações de conflito e militaristas”, afirmou Peskov, comentando sobre as declarações realizadas pelo primeiro-ministro polonês, Donald Tusk.
Horas antes, Tusk declarou que a “Europa deve assumir esta corrida armamentista e ganhá-la”. “Estou convencido de que a Rússia irá perder esta corrida armamentista, assim como a URSS perdeu uma corrida armamentista similar há 40 anos. E este é um método similar para evitar um conflito mais amplo e de grande escala”, afirmou na véspera de uma reunião com líderes europeus.
Peskov também relembrou as palavras do mandatário russo, Vladimir Putin, de que Moscou não se permitirá entrar em uma corrida armamentista, adotando “medidas assimétricas que garantam a nossa segurança da melhor maneira, porém que não nos levem ao abismo de gastos incomensuráveis”.
Esta semana, a chefe da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, apresentou um plano para “rearmar a Europa”, avaliado em 800 bilhões de euros. No entanto, a iniciativa não foi bem recebida pelo público.
O portal Euractiv destacou que o documento se baseia em presunções, e que a responsabilidade de buscar os recursos para o plano recaem nos Estados membros do bloco europeu.
RESPOSTA A MACRON
O presidente russo, Vladimir Putin, respondeu nesta quinta-feira (6) ao discurso de seu homólogo francês, Emmanuel Macron, dizendo que ele se esqueceu das lições que seu país aprendeu dois séculos atrás quando a França ameaçou a Rússia.
“Ainda há pessoas que querem voltar à época de Napoleão, esquecendo-se de como tudo terminou”, observou Putin em uma reunião com parentes de militares russos que morreram no conflito ucraniano e trabalhadores da Fundação Defensores da Pátria.
Ele também destacou a coragem dos militares russos, comentando que com “esses rapazes” que agora lutam nas fileiras russas, o atrevimento dos franceses “não vai funcionar”.
Putin também apontou qual seria a raiz de todos os erros dos inimigos da Rússia: “Na verdade, todos os erros de nossos inimigos e adversários começaram assim – subestimando o caráter dos russos”, destacou.
Anteriormente, o chanceler russo, Sergey Lavrov, expressou a mesma opinião: “Ao contrário de seus antecessores, Napoleão e Hitler, que também queriam entrar em guerra contra a Rússia, o Sr. Macron não é muito engraçado, porque eles falaram diretamente: ‘A Rússia deve ser conquistada, a Rússia deve ser derrotada’, e ele aparentemente quer a mesma coisa, mas por alguma razão diz que é necessário entrar em guerra com a Rússia para que ela não derrote a França”, afirmou o diplomata nesta quinta-feira.
Na quarta-feira, 5 de março, o presidente Emmanuel Macron afirmou em um discurso que não descarta o envio de tropas de paz para a Ucrânia após a pacificação do conflito. Também declarou ter iniciado conversas sobre o uso do arsenal nuclear francês para defender a Europa por meio da “dissuasão nuclear”.
AJUDA À UCRÂNIA
A França continuará a fornecer apoio de inteligência à Ucrânia, apesar de os Estados Unidos terem suspendido o envio de dados para Kiev, afirmou nesta quinta-feira, 6 de março, o ministro da Defesa francês, Sebastien Lecornu, à rádio France Inter.
“Nossa inteligência é soberana”, disse Lecornu, acrescentando que levou mais tempo para fortalecê-la nos últimos anos, mas a vantagem é que “fizemos isso realmente com nossas próprias capacidades”.
“Temos inteligência da qual permitimos que a Ucrânia se beneficie”, afirmou o ministro.
Ele detalhou que, em particular, trata-se de dados de satélite fornecidos pelos serviços dos EUA. O ministro acrescentou que, após a decisão dos EUA, o presidente da França, Emmanuel Macron, lhe pediu que acelerasse os pacotes de ajuda francesa para compensar a falta de assistência americana.
Na segunda-feira, Trump ordenou a suspensão de toda a assistência militar ao regime de Kiev até que seus líderes demonstrem compromisso de boa-fé com a paz.
A medida inclui todos os equipamentos militares dos EUA que ainda não haviam chegado à Ucrânia, como armas a caminho em aviões e navios ou armazenadas em áreas de trânsito na Polônia. O presidente dos EUA confirmou a suspensão durante seu discurso ao Congresso na terça-feira.
Informações RTBrasil.