Renda do trabalhador cresce 4,3 no quarto trimestre de 2024
Estudo do IPEA aponta maior rendimento da série histórica; transportes e serviços lideraram a alta.
Por Humberto Azevedo
A renda média dos trabalhadores brasileiros atingiu um novo patamar no quarto trimestre de 2024, alcançando R$ 3.326,00, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O crescimento interanual foi de 4,3%, mantendo a trajetória de alta iniciada no segundo trimestre de 2023. No trimestre móvel encerrado em janeiro de 2025, o rendimento médio chegou a R$ 3.343,00, o maior da série histórica.
Os dados fazem parte da nota técnica “Retrato dos Rendimentos do Trabalho – Resultados da PNAD Contínua do Quarto Trimestre de 2024”, elaborada pelo pesquisador Sandro Sacchet de Carvalho. Segundo o técnico, “os dados apresentaram uma nova elevação em relação ao trimestre anterior, consolidando o aumento da renda”.
O levantamento revela que a expansão dos rendimentos foi impulsionada principalmente pelos trabalhadores por conta própria (alta de 5,4%) e empregados sem carteira assinada (6,5%). Trabalhadores do setor privado com carteira tiveram um crescimento menor (3%), enquanto os servidores públicos registraram alta de 2,6% na comparação com o mesmo período de 2023.
RECORTE REGIONAL
A pesquisa mostra que, no recorte regional, os trabalhadores do Sul foram os mais beneficiados, com um avanço de 7,5% nos rendimentos. O Norte teve a menor variação, com crescimento de 1%. A renda subiu mais entre trabalhadores de 40 a 59 anos (+5%) e entre aqueles com ensino fundamental completo (+6,2%). Em contraste, idosos acima de 60 anos tiveram um aumento menor (+2,4%).
No recorte por setor, os maiores ganhos foram registrados no transporte (+8%), serviços pessoais e coletivos (+6,1%) e alojamento e alimentação (+5,8%). Em contrapartida, educação e saúde tiveram uma alta mais modesta (1,3%), enquanto a agricultura foi a única área que registrou leve queda nos rendimentos (-0,1%). “O dinamismo do transporte reflete a retomada do comércio e turismo”, analisa o autor do estudo.
DESAFIOS
Apesar dos avanços, o índice de Gini da renda individual subiu de 0,490 para 0,492 entre o terceiro e o quarto trimestres de 2024, indicando um ligeiro aumento na desigualdade e interrompendo a tendência de queda observada desde o pico da pandemia. Além disso, a disparidade de gênero, que havia diminuído em 2023, cresceu: a renda das mulheres subiu 4%, contra 4,6% dos homens.
Mesmo com esses desafios, os resultados refletem um mercado de trabalho em recuperação, com aumentos salariais significativos em diversas regiões e setores. A continuidade desse crescimento contribuirá para a redução das desigualdades e para o fortalecimento da economia nacional.
Com informações de assessorias.