Parlamento sul-coreano aprova impeachment do presidente Yoon Suk Yeol por tentativa de lei marcial
Presidente enfrenta suspensão após decisão polêmica que abalou a democracia do país
Da Reuters, via Brasil 247
O Parlamento da Coreia do Sul, liderado pela oposição, votou neste sábado, 14 de dezembro de 2024, pelo impeachment do presidente Yoon Suk Yeol, em resposta à tentativa polêmica do mandatário de impor lei marcial no início do mês. A decisão foi reportada pela agência Reuters e marca um momento de profunda crise política no país, que já havia testemunhado a destituição de um presidente conservador em 2017, Park Geun-hye.
A moção de impeachment contou com o apoio de 204 parlamentares, incluindo alguns membros do partido governista, o Poder do Povo, superando a maioria de dois terços necessária na Assembleia Nacional, composta por 300 assentos. Com a aprovação, o primeiro-ministro Han Duck-soo assume o papel de presidente interino, enquanto a Corte Constitucional tem até seis meses para decidir se Yoon será definitivamente removido do cargo. Caso isso ocorra, o país realizará eleições presidenciais antecipadas.
Tentativa de lei marcial e suas consequências
O estopim para o processo de impeachment foi a decisão de Yoon Suk Yeol, no último dia 3 de dezembro, de conceder poderes emergenciais ao Exército com o objetivo de enfrentar o que ele chamou de “forças antiestatais” e oposição política obstrucionista. A medida provocou indignação generalizada e foi amplamente considerada uma ameaça à democracia sul-coreana, levando à mobilização da sociedade civil e ao repúdio de diversos setores políticos.
Crise política recorrente
Yoon é o segundo presidente conservador consecutivo a enfrentar um impeachment na Coreia do Sul, o que levanta questões sobre a estabilidade política do país. Em 2017, Park Geun-hye foi destituída por um escândalo de corrupção que abalou sua administração. Analistas destacam que o atual processo reflete um clima de polarização e tensão crescente, com a oposição ganhando força para desafiar o Executivo.
A oposição controla 192 assentos no Parlamento, o que foi decisivo para a aprovação do impeachment. “Essa tentativa de lei marcial foi uma violação direta dos princípios democráticos que juramos proteger”, declarou um dos líderes da oposição, citado pela Reuters.
O que está por vir
Com a suspensão de Yoon, os próximos meses serão cruciais para a definição do futuro político da Coreia do Sul. A decisão final da Corte Constitucional será acompanhada de perto por uma nação já dividida entre apoiadores e críticos do presidente. Enquanto isso, Han Duck-soo assume a presidência interina com o desafio de restaurar a estabilidade política e institucional.
A crise atual coloca em evidência a necessidade de reformas no sistema político sul-coreano para evitar a recorrência de episódios como este, que fragilizam a imagem do país como uma democracia consolidada no cenário internacional.