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‘Ninguém se abrigará atrás do oceano Atlântico’: Lavrov adverte contra ações antirrussas da OTAN

A Rússia e os EUA, como as maiores potências nucleares, têm a responsabilidade pelo futuro global. Moscou compreende isso, pois está pronta para o diálogo, mas levando em conta os interesses mútuos e na reciprocidade, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergei Lavrov à Sputnik.
Em uma entrevista exclusiva à agência, o chanceler russo disse que Moscou considera o fato de que o Ocidente, inclusive a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), não esconde sua posição agressiva em relação à Rússia já há muito tempo.
Porém, ele afirmou que a Rússia está sempre aberta para relações amigáveis, o que foi mostrado pela 16ª Cúpula do BRICS em Kazan, realizada de 22 a 24 de outubro, que destacou a falta de sentido das tentativas de isolar a Rússia no cenário mundial.

Relações com Ocidente e solução da crise ucraniana

Respondendo à pergunta relacionada à possível entrega de armas de longo alcance a Kiev, ele repetiu a tese já declarada pelo presidente da Rússia Vladimir Putin de que a questão precisa ser formulada de uma maneira diferente.
A razão é que os militares ucranianos não têm capacidade, nem aptidões, para controlar e usar tais armas, também precisam de inteligência, que só pode ser obtida por meios disponíveis às forças armadas dos EUA e da OTAN.
Assessor presidencial russo Yuri Ushakov (à esquerda) e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov antes de uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, em Moscou, 8 de outubro de 2024. - Sputnik Brasil, 1920, 31.10.2024

Então, o uso dessas armas significaria que “os países da OTAN já estão em guerra aberta com a Rússia”.
Nesse caso, Lavrov ressaltou que a Rússia vai retaliar adequadamente em conformidade com o direito soberano à autodefesa, usando todos os meios necessários para garantir a segurança do país, conforme a Carta da ONU.
“E ninguém poderá se esconder atrás do oceano Atlântico ou do canal da Mancha!”
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, está discursando na reunião dos líderes de Estados da 16ª Cúpula do BRICS, em Kazan, por videoconferência - Sputnik Brasil, 1920, 01.11.2024

No entanto, o ministro afirmou que Moscou está pronta para negociar com Washington.
Estamos prontos para um diálogo igualitário se e quando os Estados Unidos demonstrarem que levam a sério a negociação de forma justa, com base no reconhecimento dos interesses nacionais russos e no princípio da reciprocidade”, assegurou.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, fala aos estudantes do Instituto Estatal de Relações Internacionais de Moscou - Sputnik Brasil, 1920, 02.11.2024

Cúpula do BRICS é evento crucial dos últimos tempos
A cúpula em Kazan recebeu 35 delegações de Estados e seis chefes de organizações internacionais, inclusive o secretário-geral da ONU António Guterres e a chefe do Novo Banco de Desenvolvimento, Dilma Rousseff.
Segundo Lavrov, muitos destacaram que o evento foi realizado em uma atmosfera de amizade, abertura e respeito mútuo.
Um dos temas principais foi a adaptação do sistema monetário mundial às novas realidades, inclusive o aumento de uso das moedas nacionais e a criação de sistemas de pagamento independentes.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, em reunião com o chefe do Gabinete da Comissão de Relações Exteriores do Comitê Central do Partido Comunista da China, o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, na 79ª sessão da Assembleia Geral da ONU em Nova York. Ministério das Relações Exteriores da Federação da Rússia - Sputnik Brasil, 1920, 28.10.2024

“Os chefes de muitas delegações do Sul Global expressaram abertamente sua indignação com o uso crescente, nos últimos anos, do dólar pelas autoridades dos EUA como um instrumento de guerra de sanções contra os Estados cujas políticas, por um motivo ou outro, não agradam aos americanos”, enfatizou Lavrov.
Em particular, o BRICS tem uma visão comum sobre a solução da questão israelo-palestina.
Lavrov disse que, apesar da política destrutiva dos EUA no Oriente Médio, “vamos aproveitar ao máximo o potencial do BRICS” para resolver o conflito.
Os Estados do BRICS e seus parceiros, segundo o chanceler, têm o objetivo de formar “uma ordem mundial mais justa e equilibrada, reformar as instituições de governança global e enfrentar mais eficazmente os desafios globais”.

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