Milei é alvo de mais de cem queixas por escândalo sem precedentes sobre criptomoeda
Dentre os afetados está o influencidador norte-americano Ape, que afirma ter perdido US$ 1 milhão.
O presidente da Argentina, Javier Milei, está no centro de uma controvérsia envolvendo a propaganda de uma criptomoeda chamada “$Libra”. De acordo com o “jornal El Día”, ele enfrenta pelo menos 112 acusações criminais por suspeita de fraude, além de pedidos de julgamento político. Entre os crimes investigados estão associação ilícita, manipulação de preços e negociações incompatíveis com o cargo público.
Na última sexta-feira, 14 de fevereiro, Milei fez uma publicação em suas redes sociais promovendo a “$Libra”, o que gerou uma valorização imediata da moeda digital. No entanto, em poucas horas, o preço despencou, resultando em um prejuízo global estimado em US$ 4 bilhões. Enquanto isso, alguns investidores e criadores da criptomoeda lucraram cerca de US$ 100 milhões, levantando suspeitas de que o caso se tratou de um esquema Ponzi – uma operação fraudulenta baseada em ganhos artificiais.
A investigação também envolve a secretária-geral da presidência, Karina Milei, o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, e os empresários Mauricio Novelli, Julian Peh e Hayden Davis, todos acusados de participação no suposto esquema. Diante da polêmica, Milei afirmou não ter vínculo com a criptomoeda, mas a reação do mercado e da comunidade de investidores foi negativa. Especialistas do setor alertaram sobre os riscos de criptoativos centralizados e criticaram a forma como a moeda foi promovida.
Influenciadores do segmento também se manifestaram, entre eles Ape, dos Estados Unidos, e Fran Fijap e Clemente, da Argentina e do Chile, respectivamente. Ape viralizou com um vídeo no qual relatou ter perdido tudo ao investir na “$Libra”. “Estou falido! Vou ter que vender todas as minhas coisas. Me roubaram, e eu vou encontrar vocês!”, declarou em tom de revolta.
O caso segue em investigação, enquanto cresce a pressão política sobre Milei em meio às acusações. O presidente da Argentina, Javier Milei, ordenou a intervenção do escritório anticorrupção e a criação de uma unidade de investigação para esclarecer o que aconteceu com a criptomoeda “$LIBRA” que ele promoveu nas mídias sociais.
ENTENDA O CASO
Na sexta-feira, Milei compartilhou nas redes sociais informações sobre o lançamento da criptomoeda pela empresa KIP Protocol, que gerou um furor inicial e um aumento exponencial no preço, seguido de um colapso em poucas horas. A postagem do presidente, que foi posteriormente excluída, gerou um escândalo no campo político. O Escritório Anticorrupção deve agora determinar “se houve má conduta por parte de qualquer membro do governo nacional, incluindo o próprio presidente”, comunicou o escritório de Milei.
Paralelamente, uma unidade especial a ser criada dentro da Presidência da Nação, envolvendo competências ligadas a criptoativos, atividades financeiras, lavagem e outras áreas relacionadas, investigará o projeto de criptografia e os envolvidos nele, de acordo com a declaração. “Todas as informações coletadas na investigação serão entregues à Justiça para determinar se alguma das empresas ou indivíduos ligados ao projeto do Protocolo KIP cometeu um crime”, diz o documento.
O gabinete presidencial enfatiza que o presidente não participou “em nenhuma instância” do desenvolvimento do “$LIBRA” e que suas publicações estavam de acordo com o que “ele faz diariamente com muitos empresários que querem lançar um projeto na Argentina para criar empregos e obter investimentos”.
Por RT Brasil.