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Lula tem exemplo de Itamar a seguir para resolver impasse Juscelino

Por César Fonseca

O presidente Lula tem o exemplo histórico do ex-presidente Itamar Franco, do PMDB, para resolver a sinuca de bico em que se encontra: acusação de corrupção do seu ministro da Comunicação, Juscelino Filho, por ter usado, quando deputado, recursos de emendas parlamentares para fazer obras no seu Estado, Maranhão, conforme determina regras específicas ditadas pelo poder legislativo.

Toda a pressão midiática recai sobre o titular do Planalto para demitir Juscelino, investigado pela Polícia Federal, que levantou provas contra ele e insiste em repassá-las ao STF para que tome providências junto à Procuradoria Geral da República de modo a abrir inquérito e julgá-lo conforme a legislação pelos ministros do Supremo.

Lula, portanto, está diante do mesmo problema que enfrentou Itamar Franco, em 1993, quando os adversários do seu governo peemedebista acusaram o ministro Henrique Hargreaves – então seu braço direito – de práticas de corrupção, praticadas no exercício do cargo.

Imediatamente, Franco, ancorado nos seus preceitos éticos, demitiu seu principal colaborador político e pediu que enfrentasse a justiça para se defender.

Se ficasse provada sua inocência, voltaria ao cargo; se não, perderia o posto e ficaria fora do governo.

Hargreaves submeteu-se ao poder judiciário, que o inocentou por falta de provas, o que redundou em fortalecimento político e moral do presidente da República, deixando sem chão seus adversários, sendo o maior deles, na ocasião, o então senador Antônio Carlos Magalhães, do PFL.

Não seria o mesmo a proceder por parte de Lula, afastando Juscelino do cargo, até que comprove na justiça sua inocência e, comprovando isto, retorne ao posto em que se encontra?

O desgaste político sob o qual se encontra o presidente Lula repete uma experiência histórica que o ameaça, se não for decidido, categórico e propositivo, para livrar seu governo de desconfianças, potencializadas pela mídia conservadora neoliberal.

Itamar Franco deu provas de demonstração inquestionável de condução ética no cargo, ao mesmo tempo em que esvaziou, completamente, as pressões que estava sofrendo.

Com isso, o ex-presidente deixou exemplo para os seus sucessores.

Reconduziu, novamente, Hargreaves ao posto de ministro, provada sua inocência, e o governo Itamar ganhou sonoridade política excepcional, calando a boca dos adversários que tentaram colocá-lo em saia justa.

SABOTAGEM NEOLIBERAL

O caso de Juscelino se arrasta sob desconfiança do poder midiático conservador que está aproveitando todas as oportunidades para desgastar/sabotar Lula em seu terceiro mandato, quanto mais os resultados positivos do seu governo são relevantes, como valorização do salário mínimo, popularidade crescente, taxas de inflação estabilizada, emprego cadente, câmbio estável, sinalizando juros cadentes, embora o Banco Central Independente (BCI), comandado pelo bolsonarista, Campos Neto, faça de tudo para sabotar administração lulista desenvolvimentista.

Os adversários, que contam com a mídia conservadora, aliada do mercado financeiro especulativo, temem o aumento da popularidade do presidente que o cacifa, naturalmente, à vitória eleitoral, seja, este ano, na eleição municipal, seja na eleição presidente, em 2026.

O mercado financeiro e o BC Independente, que se subordina aos interesses dele, não estão nada satisfeitos com a proatividade lulista de atacar mediante liberação de recursos financeiros o desastre climático no Rio Grande do Sul para recuperar a economia gaúcha o mais rápido possível.

Para a Faria Lima especulativa, os gaúchos que se danem para que não pressionem a base monetária com liberação maior de recursos diante de fatos extraordinários que requerem atitudes políticas igualmente extraordinárias.

O bom senso e a responsabilidade estão ao lado de Lula.

POLÍTICA MONETÁRIA SABOTADORA

Agora, a estratégia conservadora/sabotadora midiática, porta-voz dos adversários do presidente da República, é culpar o governo por não cortar gastos sociais, que puxam a demanda global, elevando emprego, salários, consumo, renda, produção, arrecadação e investimento, dado que investidores internacionais, no mundo em guerra, vê o Brasil como porto seguro para suas inversões capitalistas.

Isso deixa os neoliberais em polvorosa para lançar fake News de que o governo, no caso Juscelino, está acobertando corrupção etc., enquanto promove gastança que inviabiliza ajuste fiscal neoliberal.

Em contraposição à estratégia conservadora, Lula segue seu discurso nacional desenvolvimentista, juscelinista, que está sendo duramente contestado/sabotado pelos neoliberais.

Os bolsonaristas neoliberais, capitaneados pelo presidente do BC Independente, Campos Neto, levanta o argumento estapafúrdio, construído pelos econometristas anti desenvolvimentistas, descolados da realidade objetiva dos fatos, de que a inflação está voltando porque o emprego está aumentando, sendo, portanto, necessário forçar o desemprego mediante aumento da taxa de juro Selic, para barrar processo inflacionário.

Absurdo.

O BC Independente, sob Campos Neto, virou instrumento promotor de recessão e não do desenvolvimento, para satisfazer os especuladores da Faria Lima, que pregam juro alto para continuar abocanhando mais da metade do Orçamento Geral da União, enquanto os setores sociais, educação, saúde, infraestrutura etc., que puxam a demanda global, estão sob ataque cerrado dos anti desenvolvimentistas com objetivos puramente eleitorais.

CONTRADIÇÃO PARLAMENTAR

Não estaria o ministro das Comunicações sob ataque cerrado dos neoliberais por ter colocado verbas orçamentárias no desenvolvimento do seu Estado, como argumenta, a serviço do desenvolvimento lulista?

Eis mais uma razão para Lula reagir, como fez o presidente Itamar Franco, para ver o tira-teima do caso na justiça e livrá-lo das acusações de estar acobertando ministro corrupto.

Essa acusação contra Juscelino Filho, por sua vez, recai, também, sobre todo o parlamento, porque as emendas parlamentares viraram arma política de todos eles.

Faca de dois gumes.

Se Juscelino usou o dinheiro das emendas para atender suas bases políticas no Maranhão, seu estado de origem, como filiado do Avança Brasil, não farão o mesmo os seus pares no Legislativo, especialmente em ano eleitoral?

Todos se tornam passíveis de se submeterem às barras dos tribunais, ou não?

Por essas e outras é que a melhor saída para Lula, que não tem nada a temer e perder, é seguir o exemplo ético do ex-presidente Itamar Franco.

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