Lula se encontra com ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair
Presidente brasileiro falou, ainda, que o país tem uma ‘parceria estratégica com os Estados Unidos e queremos mantê-la’. Ele comentou também a decisão do Ministério da Fazenda em contingenciar R$ 15 bilhões do orçamento: se gastar mais do que arrecada, o país “vai quebrar”.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta segunda-feira, 22 de julho, no Palácio do Planalto, o ex-primeiro-ministro britânico, Tony Blair. Durante a conversa, que durou cerca de 45 minutos, eles trocaram impressões sobre a volta do Partido Trabalhista ao poder no Reino Unido, após 14 anos de governos conservadores. Falaram da importância dessa transição no momento atual.
O presidente Lula falou também sobre a reunião de governos democráticos contra o extremismo, a ser organizada à margem da Assembleia Geral da ONU, em setembro próximo. Comentaram sobre as transformações em curso na geopolítica mundial. Lula frisou seu otimismo com o crescimento econômico do Brasil, que tem superado expectativas, com a geração de mais de 2,5 milhões de empregos formais em 17 meses, o crescimento de 11,7% da renda, além do anúncio de investimentos expressivos em indústrias importantes, como a automobilística, que anunciou investimentos em torno de 120 bilhões de reais nos próximos anos.
Falaram também sobre os trabalhos dos países que formam as 20 maiores economias do planeta “G20” e as agendas desenvolvidas pelo Brasil, como a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e a taxação de super-ricos; da presidência brasileira do bloco formado pelo próprio país juntamente com Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS) e da organização da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP30) em Belém, que acontecerão no ano que vem.
“PARCERIA ESTRATÉGICA”
Em entrevista a agências internacionais de notícias, na manhã desta segunda, Lula falou sobre a decisão do presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Joe Biden, desistir de concorrer à reeleição daquele país. “O meu papel é torcer para que eles escolham um candidato ou uma candidata que disputa as eleições e que vença aquele que for o melhor, aquele que o povo americano for votar”, disse Lula ao reforçar o respeito que tem pelo atual presidente dos Estados Unidos.
“O meu papel não é escolher presidente dos Estados Unidos, o meu papel é conviver com quem é o presidente. Então seja um candidato democrata, seja o Biden, seja o Trump, a nossa relação vai ser uma relação civilizada de dois países importantes que têm uma relação diplomática de séculos e que a gente quer manter. E que temos parcerias estratégicas importantes com os Estados Unidos, nós queremos manter”, pontuou Lula.
Em comunicado nesse domingo (21/7), Joe Biden, anunciou a decisão de desistir de concorrer à reeleição e disse apoiar a vice-presidente Kamala Harris. Em uma rede social, Lula lembrou a eleição de Biden, em 2020. “Eu fiquei muito feliz quando o presidente Biden foi eleito e mais ainda pelos posicionamentos dele em defesa dos trabalhadores. Estabelecemos juntos uma parceria estratégica em defesa do trabalho decente no mundo. Eu gosto e respeito muito ele. A relação do Brasil será com quem for eleito. Temos uma parceria estratégica com os Estados Unidos e queremos mantê-la”, afirmou.
Biden permanecerá como presidente dos Estados Unidos até que seu sucessor tome posse, em 20 de janeiro de 2025.
CONTAS PÚBLICAS
Ainda durante a entrevista desta com a imprensa internacional, Lula comentou sobre a contenção de R$ 15 bilhões no Orçamento de 2024, anunciada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última quinta-feira, 18 de julho. O presidente destacou que se gastar mais do que arrecada, o país “vai quebrar”. De acordo com Haddad, a medida é necessária para que se mantenha o cumprimento do arcabouço fiscal dentro do previsto para 2024 na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
O presidente apontou argumentos contraditórios de quem pede mais cortes de gastos e ao mesmo tempo defende a desoneração de 17 setores empresariais, que recolhem menos do que os demais em contribuições como à previdência.
“O mesmo dinheiro que você precisa cortar agora, você pode não precisar cortar daqui a dois meses, depende da arrecadação […] As pessoas que ficam felizes com bloqueio de dinheiro, de obras, as pessoas ficam felizes com desoneração. Que vai custar 27 bilhões (de reais). Seria melhor não ter desoneração, que não precisava bloquear nada”, reclamou.