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Alceu Collares quando governador do Rio Grande do Sul na década de 90. (Foto: Divulgação / Arquivo-RS)

Lula lamenta morte de Alceu Collares; Eduardo Leite decretou luto de três dias pelo falecimento do ex-governador gaúcho

O site da executiva nacional do PDT, partido fundado por Collares, ainda não tinha se manifestado até o fechamento desta edição; apenas o diretório sul-rio-grandense do PDT emitiu nota lamentando a perda do ilustre filiado.

 

Por Humberto Azevedo

 

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da silva (PT), lamentou nesta terça-feira, 24, em suas redes digitais, a morte do ex-governador do Rio Grande do Sul (RS) entre os anos de 1991 a 1995, Alceu Collares (PDT). O atual governador gaúcho, Eduardo Leite (PSDB), decretou luto de três dias pelo falecimento do ex-gestor.

 

Até o fechamento desta edição, o site da executiva e do diretório nacional do Partido Democrático Trabalhista, legenda que Collares ajudou a fundar junto com Leonel de Moura Brizola, ainda não tinha se manifestado. Apenas o diretório sul-rio-grandense do PDT emitiu nota com a perda do filiado.

 

“Nos despedimos nesta madrugada de Alceu Collares, um dos grandes políticos brasileiros. Gaúcho de Bagé, foi o único governador negro do Rio Grande do Sul e um dos fundadores do PDT ao lado de Leonel Brizola. Sempre defendendo os trabalhadores e as causas trabalhistas do país, Collares deixa um grande legado para o Brasil. Meus sentimentos aos familiares e admiradores deste grande brasileiro”, escreveu Lula.

 

Alceu de Deus Collares faleceu aos 97 anos no início da madrugada desta terça-feira, 24 de dezembro. O ex-governador estava internado no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, após agravamento de uma pneumonia.

 

O velório será aberto ao público e ocorrerá no Palácio Piratini das 11 horas até às 16 horas desta quarta-feira, 25 de dezembro.. O sepultamento será no Cemitério Jardim da Paz.

“Minha solidariedade aos filhos de Collares e à sua esposa, Neusa Canabarro, neste momento de dor. Que possam encontrar conforto na memória de sua trajetória e no reconhecimento de sua contribuição para nossa sociedade. O Rio Grande do Sul perde um grande líder, mas seu exemplo será eterno”, informou em nota de pesar o atual gestor do RS.

 

BIOGRAFIA

 

Figura histórica na política no estado do RS e do Brasil, Collares foi o primeiro e único governador negro do estado. Nascido em Bagé, em 1927, dedicou sua vida ao serviço público. Formado em Direito, ingressou no PTB e em 1964 elegeu-se pela primeira vez vereador em Porto Alegre. Foi deputado federal de 1971 a 1983, inicialmente pelo MDB e depois pelo PDT, partido pelo qual ainda exerceria novos mandatos entre 1999 e 2007.

 

Collares foi também o primeiro prefeito de Porto Alegre eleito pelo voto direto depois da redemocratização, governou a cidade entre 1986 e 1988. “A trajetória política de Collares deixa um legado de luta pela justiça social, pelos direitos dos trabalhadores e pelo desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Na educação, também deixou sua marca com a construção dos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps), modelo pioneiro de escola em tempo integral”, diz a nota emitida pelo atual governo estadual do RS.

 

“É com grande tristeza que a Executiva Estadual do PDT/RS comunica o falecimento de ALCEU DE DEUS COLLARES, um dos maiores líderes políticos do Rio Grande do Sul e do Brasil, ocorrido hoje. Natural de Bagé, nascido em 07 de setembro de 1927, Collares dedicou sua vida à luta por um Brasil mais justo e igualitário marcando a história como um dos mais brilhantes defensores do trabalhismo. Foi um dos principais discípulos de Leonel Brizola, com quem compartilhou sonhos e batalhas na construção de uma sociedade mais humana e democrática”, inicia a nota emitida pelo diretório do PDT gaúcho.

 

“Collares teve uma carreira política notável e pioneira. Filho de pais analfabetos, aprendeu a ler na infância, mas deixou a escola para vender frutas e ajudar no sustento da família. Em 1941, começou a trabalhar como carteiro nos Correios e Telégrafos. Em 1956, após terminar o ensino médio, passou no vestibular da Faculdade de Direito da UFRGS e se mudou para Porto Alegre. Aqui, atuou como telegrafista e professor, graduando-se em Direito em 1961. Nesse período, se interessou mais ativamente pela política e passou a acompanhar os discursos de Leonel Brizola, o governador gaúcho que viria a ser seu aliado e colega de partido”, continua a nota assinada pela executiva estadual do RS do PDT.

 

“Em 1963, Collares foi eleito para seu primeiro cargo público, o de vereador de Porto Alegre pelo PTB. Com o golpe de Estado em 1964 e a imposição do bipartidarismo, filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro. Reeleito vereador em 1968, foi eleito deputado federal em 1970 em sua segunda tentativa, com a segunda maior votação a nível estadual. Na Câmara dos Deputados, defendeu medidas mais rígidas contra a ditadura militar e a ampliação da distribuição de renda. Em 1974 e 1978, reelegeu-se deputado federal com as maiores votações. Ao todo foram 5 mandatos na Câmara dos Deputados. Em 1980, com a volta do sistema multipartidário, filiou-se ao PTB e logo após ao Partido Democrático Trabalhista, PDT, partido ao qual é um dos fundadores”, complemente a nota do PDT gaúcho.

 

“Em 1985, Collares foi eleito prefeito de Porto Alegre no primeiro pleito realizado diretamente desde a ditadura e fez história ao se tornar o primeiro prefeito negro de Porto Alegre, em uma administração inovadora e popular. Em 1990, elegeu-se governador com 61% dos votos, vencendo Nelson Marchezan. Neste cargo, que ocupou até 1995, criou os Conselhos Regionais de Desenvolvimento (Coredes), implementou uma reforma administrativa e uma revolução na educação, que incluiu a construção de diversos Cieps. Mais uma vez quebrou barreiras ao ser eleito o primeiro governador negro do Rio Grande do Sul, liderando o estado com coragem e determinação, sempre guiado pelos ideais do trabalhismo e pela busca constante de justiça social”, completa a nota pedetista do RS.

 

“Além de sua destacada carreira política, Collares também foi advogado, orador talentoso e figura chave na criação e fortalecimento do PDT no Rio Grande do Sul e no Brasil, servindo como exemplo para várias gerações de militantes. Seu compromisso com o legado de Getúlio Vargas, João Goulart e Leonel Brizola foi a base de uma vida pública caracterizada por batalhas em favor da educação, da igualdade e do progresso social. Como uma das poucas figuras negras proeminentes na política brasileira, Collares sempre defendeu as questões raciais e sociais à luz do Trabalhismo, buscando a igualdade, o resgate e a justiça social. Antes da década de 1980, muito poucos negros eram líderes em partidos nacionais ou tinham sido eleitos para o Congresso. Adalberto Camargo, de São Paulo, e Alceu Collares, do Rio Grande do Sul, são os dois raros exemplos de parlamentares federais negros nos anos 1970. Somente em 1982, o Rio de Janeiro elegeu pelo PDT os deputados negros Abdias do Nascimento e Carlos Alberto Caó. Aos 97 anos, Collares deixa um legado de dedicação, resistência e amor ao povo gaúcho e brasileiro. Seu exemplo seguirá nos inspirando na construção de um Brasil mais solidário e democrático. Neste momento de tristeza, o PDT/RS expressa sua solidariedade a esposa Neuza Canabarro, filhos e netos, amigos, companheiros e companheiras pedetistas, seu eleitores e eleitoras que há muitas décadas depositaram sua confiança nas urnas e também a todos que admiram e respeitam sua trajetória. O Rio Grande do Sul perde hoje um líder, mas a história nunca esquecerá sua bravura e compromisso com o povo. O voto é tua única arma, Põe teu voto na mão!”, encerra o texto divulgado pela executiva estadual do PDT do RS.

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