Inimigos históricos, Hamas e Fatah põem fim às hostilidades e assinam acordo para governo de unidade nacional da Palestina, na China
Iniciativa chinesa dá início a um governo interino em meio aos ataques israelenses que já mataram mais de 39 mil palestinos desde 7 de outubro de 2023.
Por Humberto Azevedo
De inimigos históricos e internos que impedia uma frente de coalizão da causa palestina, os grupos políticos Hamas e Fatah puseram fim às hostilidades entre si e assinaram um acordo para promover um governo de unidade nacional nesta terça-feira, 23 de julho, após três dias de reuniões na China.
O fato foi divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores da China e faz parte da iniciativa do governo chinês que promoveu na sua capital, Pequim, entre os dias 21 a 23 de julho, reuniões que foram denominadas de “um diálogo de reconciliação” entre 14 grupos palestinos, incluindo os maiores e até então rivais Hamas e Fatah.
A Declaração de Pequim foi assinada na cerimônia de encerramento e põe fim a 17 anos de conflito de divisão de poder entre os dois grupos políticos que enfraqueceu as aspirações políticas palestinas. Esforços anteriores do Egito e de outros países árabes para reconciliar Hamas e Fatah não obtiveram sucesso.
A iniciativa chinesa dará início a um governo interino da Palestina em meio aos ataques que o país vem sofrendo do governo de Israel e que já mataram mais de 39 mil palestinos desde 7 de outubro de 2023, quando um ataque terrorista promovido pelo Hamas matou mais de mil israelenses e sequestrou algumas outras centenas de cidadãos daquele país.
DECLARAÇÃO DE PEQUIM
Hussam Badran, alto funcionário do Hamas – acusado por Israel e Estados Unidos da América (EUA) de ser um grupo terrorista, disse que o ponto mais importante da Declaração de Pequim era formar um governo de unidade nacional para administrar os assuntos dos palestinos.
“Isso cria uma barreira formidável contra todas as intervenções regionais e internacionais que buscam impor realidades contra os interesses do nosso povo na gestão dos assuntos palestinos no pós-guerra”, comentou Badran, que acrescentou ainda que o governo de unidade nacional da Palestina administraria os assuntos dos palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, supervisionando a reconstrução nacional e preparando condições para a realização de eleições.
Atualmente, o Hamas comanda Gaza e o Fatah forma a espinha dorsal da Autoridade Palestina, que tem controle limitado na Cisjordânia, ambos territórios ocupados por Israel. Não houve nenhum comentário imediato do Fatah. Os detalhes do acordo não estabeleceram um cronograma imediato para a formação de um novo governo. Em março, o presidente palestino Mahmoud Abbas, que lidera o Fatah, nomeou um novo governo liderado por um de seus assessores próximos, Mohammad Mustafa.
“A China espera sinceramente que as facções palestinas alcancem a independência palestina o mais breve possível com base na reconciliação interna e está disposta a fortalecer a comunicação e a coordenação com as partes relevantes para trabalhar em conjunto para implementar a Declaração de Pequim alcançada hoje [23 de julho]”, afirmou Wang Yi, ministro das Relações Exteriores da China, que afirmou também que “a principal conquista é deixar claro que a Organização para a Libertação da Palestina é a única representante legítima do povo palestino”.
Autoridades chinesas intensificaram a defesa dos palestinos em fóruns internacionais nos últimos meses, pedindo uma conferência de paz entre israelenses e palestinos em maior escala e um cronograma específico para implementar uma solução de dois Estados, escreve a mídia.
Hamas e Fatah se encontraram pela primeira vez em Pequim em abril para discutir os esforços de reconciliação para acabar com cerca de 17 anos de disputas. Foi a primeira vez que uma delegação do Hamas visitou a China desde o início da guerra em Gaza.
Com informações do Sputnik.