Foco no comércio dá vantagem a Trump entre agricultores dos EUA
Candidato republicano à presidência mira tarifas e elevação da exportação agrícola, enquanto Kamala Harris tem combustíveis renováveis como bandeira
Além da preferência da maioria dos produtores rurais americanos pelo Partido Republicano, o candidato à Presidência dos EUA Donald Trump tem mais um ponto a seu favor na corrida eleitoral de 2024 para essa fatia da população: suas propostas de governo estão mais alinhadas com a principal demanda dos agricultores do país no momento, que é o apoio para impulsionar o comércio.
Já uma eventual gestão da democrata Kamala Harris é vista por produtores e especialistas como uma extensão do governo do atual presidente Joe Biden, que tem as energias renováveis como uma das prioridades.
“Como presidente, apoiarei o acesso às ferramentas de gerenciamento de risco que faziam parte da Lei Agrícola de 2018 que sancionei. Melhorias devem ser feitas nos Preços de Referência, Seguro de Safra, Cobertura de Margem de Laticínios e mais Seguro de Safra Especializada”, afirmou.
Também questionada, a campanha de Kamala disse que ela e seu candidato a vice-presidente, Tim Walz, “sabem quão importante é o seguro de safra para proteger os fazendeiros de mudanças imprevistas”. A campanha democrata acrescentou em carta que Kamala e Walz “nunca deixarão de lutar para criar uma economia onde os americanos rurais não possam apenas sobreviver, mas progredir”, sem detalhar quais programas de auxílio ao comércio de commodities teriam apoio.
A queda nas exportações agrícolas dos EUA nos últimos anos explica a demanda dos produtores. Enquanto o país perdeu espaço, Rússia e Brasil assumiram maior protagonismo, observou o presidente da consultoria AgResource, Daniel Basse. O Brasil, aliás, tornou-se o maior exportador global de soja, posto que já foi dos americanos.
Historicamente, os EUA sempre tiveram um superávit comercial agrícola, mas o ano fiscal de 2019 marcou o primeiro período de déficit no setor. Projeção do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, na sigla em inglês) indica que 2025 deve ter o quinto déficit comercial agrícola em sete anos, com um montante recorde estimado em US$ 42,5 bilhões.
“A questão é: como os EUA podem impulsionar seu comércio agrícola?”, indaga Basse.