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A ferrovia transoceânica promete conectar o Brasil ao Pacífico, revolucionando o comércio global e impulsionando a economia sul-americana. (Foto: Reprodução / CPG)

Ferrovia chinesa vai atravessar o Brasil e conectar país à China

Ferrovia chinesa pode mudar a logística sul-americana para sempre, conectando o Brasil diretamente ao Pacífico. Este mega projeto de 4.400 km promete impulsionar as exportações e transformar o país em um hub logístico global.

 

Por Humberto Azevedo

 

Quando pensamos em infraestrutura de grande escala, poucas ideias são tão ambiciosas quanto um projeto capaz de ligar os oceanos Atlântico e Pacífico. Imagine uma ferrovia que atravessa o coração da América do Sul, de ponta a ponta, conectando o Brasil diretamente à Ásia. Este não é um projeto futurista, mas uma realidade que está sendo planejada para revolucionar o comércio global.

 

A ferrovia transoceânica, um mega projeto que está chamando a atenção do mundo todo, promete transformar a dinâmica econômica da região e posicionar o Brasil como um hub logístico global. De acordo com o canal Construction Time, o projeto da ferrovia transoceânica, que está sendo desenvolvido com um significativo investimento chinês, é projetado para atravessar o Brasil, saindo do Porto de Salvador, na Bahia, no Oceano Atlântico, passando pelos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, atravessando o território da Bolívia, até ao porto de Ilo, no Peru, no Pacífico.

 

O projeto faz integra e faz parte da Ferrovia de Integração Leste-Oeste (FIOL), que permitirá também conexões por meio da Ferrovia Norte-Sul (FNS), o que poderá ligar os portos situados nos estados do Pará e Maranhão, da região Norte, e de portos como Suape e Pecém, localizados em Recife, Pernambuco, e Fortaleza, Ceará, com os Portos de Santos, no litoral de São Paulo, e os Portos localizados na região Sul do Brasil, como Paranaguá, no Paraná, Tubarão, em Santa Catarina e Rio Grande, no io Grande do Sul. As conexões permitirão ainda uma saída até uma região portuária no Chile.

 

ROTA ALTERNATIVA

Com uma extensão prevista de 4.400 km, a obra promete não apenas melhorar a logística sul-americana, mas também reduzir o custo do transporte de mercadorias, impulsionando as exportações de produtos como soja, milho, ferro e cobre para a Ásia, especialmente para a China. A ferrovia tem um enorme potencial de transformar a movimentação de cargas no Brasil e em outros países sul-americanos, criando uma alternativa mais eficiente e competitiva ao Canal do Panamá.

 

De acordo com estimativas, o projeto poderia triplicar a capacidade de movimentação de cargas no porto de Ilo, enquanto Santos poderia ver um crescimento significativo no volume de produtos exportados. A promessa é que, com a ferrovia, a redução do tempo de trânsito e a diminuição dos custos de transporte ofereçam um salto considerável na competitividade dos portos sul-americanos no mercado global.

 

IMPACTO GLOBAL

Não se trata apenas de construir uma ferrovia. A transoceânica é uma alternativa logística estratégica que pode alterar a forma como as mercadorias fluem entre a América do Sul e a Ásia. E isso deverá impactar de maneira decisiva o comércio global. O objetivo é garantir que os produtos sul-americanos, incluindo produtos agrícolas e minerais, cheguem aos mercados asiáticos de forma mais rápida e barata, posicionando o Brasil e outros países da região como fornecedores estratégicos para a China e outros mercados do Pacífico. De acordo com estudos de viabilidade, o projeto poderia representar uma revolução no transporte internacional de cargas, mudando a dinâmica das exportações sul-americanas.

 

DESAFIOS

Apesar das grandes promessas, a construção da ferrovia transoceânica não será uma tarefa simples. Visto que ela terá que atravessar a floresta Amazônica e a Cordilheira dos Andes, representando enormes desafios de engenharia e questões ambientais para cumprir suas metas logísticas. A necessidade de construir túneis e viadutos para superar as montanhas, além da estabilização de solo em diferentes tipos de terreno, exigirá tecnologia de ponta e um cuidado excepcional com os impactos ambientais.

 

Além disso, o projeto envolve um esforço multinacional que exige a coordenação entre três países com diferentes regulamentações e necessidades logísticas. A construção pode levar mais de uma década, considerando a complexidade das obras e os estudos detalhados de impacto social e ambiental.

 

EVOLUÇÃO

O conceito da ferrovia transoceânica surgiu em 2014 na gestão da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), quando a China entrou no projeto como parceira de um acordo entre o Brasil e o Peru. Desde então, o interesse chinês em expandir suas rotas comerciais pela América Latina se fortaleceu.  Investimentos bilionários começaram a ser destinados ao estudo e desenvolvimento da infraestrutura, com o objetivo de reduzir os custos e o tempo de transporte de mercadorias entre os dois continentes.

 

Em 2016, os custos iniciais foram estimados em US$ 100 bilhões, mas esse valor deverá ser aumentado devido à complexidade do projeto. A ferrovia passou por várias fases de planejamento e negociações. Em 2019, o projeto foi reavaliado durante uma visita oficial do então presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) à China, que reafirmou o compromisso do governo brasileiro na execução do projeto e da parceria tanto com a China, quanto com o Peru.

 

Mas na prática, no entanto, o que se viu ao longo dos últimos anos, foi o projeto enfrentar enormes obstáculos financeiros, ambientais e logísticos que ainda precisam ser superados. Em 2021, o governo brasileiro anunciou planos para retomar os estudos de viabilidade, mas até 2024, a construção da ferrovia ainda não havia começado.

 

O QUE ESTÁ EM JOGO?

Se a ferrovia transoceânica for concluída, ela terá um impacto direto no desenvolvimento econômico da América do Sul. Além de proporcionar uma rota alternativa ao Canal do Panamá, essa ferrovia se tornaria um eixo vital para o comércio internacional, oferecendo uma solução eficiente para o escoamento de produtos sul-americanos e facilitando o acesso a mercados asiáticos.

 

O projeto está sendo comparado a outros megaprojetos globais, como a ferrovia Qinghai-Tibete, na China, e o canal da Nicarágua, uma tentativa de criar uma nova rota de navegação entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Assim como esses projetos, a ferrovia transoceânica busca melhorar a conectividade entre os continentes e promover o desenvolvimento econômico em regiões remotas.

 

Entretanto, questões ambientais, como a travessia da Amazônia, e desafios diplomáticos entre os três países envolvidos são obstáculos significativos. A possibilidade de um impacto ambiental irreversível, especialmente no bioma da Amazônia, tem gerado resistência tanto local quanto internacional.

 

O futuro da Ferrovia Transoceânica e o seu sucesso depende de diversos fatores, como a superação das dificuldades diplomáticas, o financiamento sustentável, e a resolução dos desafios ambientais e logísticos. A conclusão da ferrovia poderia transformar o Brasil em um hub logístico global, posicionando o país como uma peça-chave no comércio internacional.

 

Porém, o caminho até sua concretização ainda está longe de ser garantido, e os obstáculos são significativos. Com o custo estimado em aproximadamente R$ 620 bilhões, a ferrovia transoceânica simbolizará tanto oportunidades quanto desafios para que grandes projetos de infraestrutura sejam executados na América do Sul. Se for concluída, ela pode representar um marco na história da integração regional e do comércio internacional, redefinindo a logística sul-americana e oferecendo novas oportunidades para o Brasil.

Com informações do site CPG.

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