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Elas na ciência: 6 projetos de mulheres que transformam o mundo com a inovação

Brasil ocupa terceira colocação no ranking de países com maior atuação feminina na ciência. Conheça projetos e histórias de inspiração no mundo das pesquisas

Com o objetivo de conscientizar a sociedade de que a ciência e a igualdade de gênero precisam andar lado a lado, em 2015, foi instituído pela Assembleia das Nações Unidas o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado todo dia 11 de fevereiro.

Apesar dos avanços, o percentual feminino ainda é menor entre pesquisadores e nas áreas STEM, sigla em inglês que representa, ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco)a média global de pesquisadoras é de 33,3% e apenas 35% de todos os estudantes das áreas STEM são mulheres.

Em nível nacional, o progresso feminino na ciência levou 20 anos. Dados do Relatório da Elsevier-Bori, lançado em 2024, mostram que durante esse período – entre 2002 e 2022 – a proporção de pesquisadoras que assinam publicações científicas no país saltou de 38% para 49%. Elas também aumentaram a sua participação em produções nas áreas STEM, um avanço de 35% para 45%. O levantamento aponta, ainda, o Brasil como o terceiro país com maior atuação feminina na ciência, atrás apenas da Argentina e de Portugal. O ranking conta com 18 países no total.

O incentivo à participação feminina na ciência deve começar desde cedo. No Brasil, existem diversas feiras científicas e elas acabam sendo a porta de entrada para muitas meninas ingressarem no mundo das pesquisas. Confira histórias de mulheres que desenvolveram soluções incríveis no universo da inovação e tecnologia: 

1 – Absorvente natural EVA 

Ao se deparar com os índices alarmantes que afetam a saúde de grande parte das brasileiras – 1 em cada 4 meninas já deixou de ir para a escola por falta de absorvente, segundo pesquisa da Always – Ana Júlia Cavalcante e Ludmila Farias, 18 anos, criaram o projeto EVA, um absorvente natural produzido a partir do bagaço da cana-de-açúcar e do tecido de fibra de soja. A ideia das ex-estudantes do SESI de Naviraí (MS) era beneficiar mulheres em situação de vulnerabilidade social.

Absorvente natural produzido a partir do bagaço da cana-de-açúcar e do tecido de fibra de soja

2 – Contra catarata, brócolis

A catarata é responsável por 51% dos casos de cegueira no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A avó e o pai da Marla Dias, 19 anos, entraram para essa estatística. Motivada a encontrar uma solução mais rápida do que esperar pela cirurgia de catarata, que lidera a lista de espera do Sistema Único de Saúde (SUS), a ex-estudante do SESI José Carvalho em Feira de Santana (BA) descobriu o brócolis como um antioxidante que pode retardar em mais de 20 anos os efeitos da catarata.

Marla Dias descobriu o brócolis como um antioxidante que pode retardar os efeitos da catarata.

De forma simples, a doença é causada pelo envelhecimento natural do cristalino, levando à perda progressiva da visão. Com a cirúrgia, ele é susbtitído por uma lente artificial. O que a jovem pesquisadora descobriu é que o brócolis tem antioxidantes necessários para retardar o envelhecimento do cristalino e, ao invés de passar por um procedimento cirúrgico, o colírio, a base de brócolis, seria um tratamento alternativo.

3 – App tradutor de Libras em tempo real

O app Bilinguismo, ideia das ex-alunas do SESI Campinas Amoreiras (SP) Lívia Yasmim, Larissa Matuo e Vanessa Mendes, de 20 anos, traduz, em tempo real, a Língua Brasileira de Sinais (Libras). Para fazer isso, o aplicativo conta com reconhecimento facial e corporal, transcreve áudio para texto, traduz por imagem e conta, ainda, com um minidicionário.

O app Bilinguismo, ideia das ex-alunas do SESI Campinas Amoreiras Lívia Yasmim, Larissa Matuo e Vanessa Mendes, de 20 anos, traduz, em tempo real, a Língua Brasileira de Sinais

A base do aplicativo são as redes neurais artificiais, que funcionam do mesmo modo que o cérebro humano. Assim, por se tratar de uma língua espaço-visual, as estudantes mapeiam as expressões faciais e corporais das pessoas, como o reconhecimento do esqueleto da mão, os sinais e suas variações gramaticais e regionais para que a comunicação flua.

4 – Suplementação animal sustentável

As ex-alunas Sabrina Rocha, Mariah Clara da Silva e Clara Brandão, 18 anos, da Escola SESI Djalma Pessoa (BA) produziram uma solução sustentável para suplementar a alimentação de gado de corte. A “ração especial” é produzida usando a Usando a microalga dunaliella salina e a hesperidina, antioxidante extraído da casca da laranja.

As ex-alunas Sabrina Rocha, Mariah Clara da Silva e Clara Brandão, 18 anos, da Escola SESI Djalma Pessoa produziram uma solução sustentável para suplementar a alimentação de gado de corte

Diferente dos alimentos convencionais, que podem ter resíduos agroquímicos e, uma vez ingeridos pelo animal afeta a saúde dele e a qualidade da carne. Outro ponto importante da pesquisa das meninas refere-se ao regime de confinamento do gado no Brasil. Geralmente, esse tipo de criação, bem comum no nosso país, estressa o animal, consequentemente, a carne fica mais dura.

Com a suplementação sustentável, os antioxidantes extraídos da casca da laranja libram toxinas no organismo do animal, capazes de eliminar ou reduzir a tensão do confinamento.

5 – Um grande amor pela nanociência

Enquanto estava no ensino médio, Laís Rossetto sabia bem o ramo profissional que seguiria: administração. Já dava os primeiros passos na área, com um curso de auxiliar administrativo no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e um cargo de jovem aprendiz. Porém, bastou uma visita ao Parque das Ciências, do Instituto Butantan, para despertar a curiosidade científica. O interesse levou à uma graduação em biotecnologia, seguida por um mestrado. Hoje, aos 29 anos, Laís está na reta final do doutorado em nanociências.

Hoje, aos 29 anos, Laís Rossetto está na reta final do doutorado em nanociências

Em 2022, ela conquistou uma vaga do Inova Talentos para atuar como bolsista na Indorama Ventures. Foram mais de dois anos no cargo, com trabalhos focados, principalmente, em nanoestruturas e desenvolvimento de nanopartículas. Nesse período, três dos projetos dos quais participou tiveram patentes depositadas. Atualmente, a profissional foca no doutorado e está aberta às possibilidades profissionais após a conclusão. “Minha família sempre apoiou muito. Hoje, quase com diploma de doutora, todos ficam ainda mais animados”, afirma a cientista.

6 – O valor do trabalho científico

O amor da doutora Mayara Morais pelas ciências também surgiu no ensino médio, graças a um professor de química. Quando chegou o momento de escolher o curso de graduação, não houve dúvida: farmácia. A profissional seguiu se capacitando e logo conquistou os títulos de mestre e doutora em química farmacêutica. Pouco depois de concluir o doutorado, ela se tornou bolsista do Inova Talentos e passou a atuar na empresa Blau Farmacêutica com pesquisa e desenvolvimento, com foco na caracterização de medicamentos biológicos e inovação.

A doutora Mayara Morais se tornou bolsista do Inova Talentos e passou a atuar na empresa Blau Farmacêutica com pesquisa e desenvolvimento

Em 2024, após um ano no programa, foi efetivada como pesquisadora sênior, e hoje, aos 34 anos, segue atuando em projetos de análise de biomoléculas. Para as meninas e mulheres com desejo de seguir carreira nas ciências, a pesquisadora afirma que, apesar das dificuldades, o investimento vale a pena. ” No final, tudo é recompensador. Não só financeiramente, mas cada descoberta e avanço conquistado fazem toda a dedicação valer a pena, não apenas pelo reconhecimento profissional, mas pelo impacto que geramos” afirma.

Bolsas de pesquisa para projetos de inovação

Em 2015, mesmo ano de criação do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, surgiu o Inova Talentos, programa que insere profissionais de diferentes áreas e níveis de formação em projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) na indústria. São concedidas bolsas de pesquisa que podem chegar a mais de R$ 8 mil. Por meio do Inova Talentos, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) recruta, seleciona e capacita pesquisadores em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). As cientistas Laís Rossetto e Mayara Morais, de São Paulo, atuaram como bolsistas e demonstram bem o potencial do programa. Conheça um pouco das suas histórias abaixo!

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