DF cria programa para gerenciamento de sangue do paciente
Iniciativa visa melhorar os resultados clínicos e reduzir transfusões desnecessárias, além de qualificar profissionais de saúde no diagnóstico, manejo e tratamento de anemia e deficiência de ferro.
Por Humberto Azevedo
O Distrito Federal (DF) já conta com um programa de gerenciamento de sangue (PBM) do paciente. De acordo com a portaria que criou a iniciativa, publicada nesta última quinta-feira, 2 de janeiro, a ação está fundamentada em três pilares: minimizar a perda de sangue, manejar a anemia e otimizar a massa eritrocitária. O PBM é uma metodologia internacionalmente reconhecida que busca aperfeiçoar o cuidado aos pacientes, otimizar os resultados clínicos e reduzir transfusões desnecessárias.
Para a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, a criação do programa ajudará no uso racional dos recursos e na melhoria do atendimento ao público. O programa visa ainda qualificar profissionais de saúde no diagnóstico, manejo e tratamento de anemia e deficiência de ferro, reduzir o uso indevido de hemocomponentes, promover conceitos de preservação do sangue em ambientes clínicos e cirúrgicos, qualificar o procedimento de transfusão, entre outras ações.
“O PBM é fundamental para manter a sustentabilidade dos sistemas de gerenciamento de sangue e hemoderivados, além de evitar o desperdício de um material tão escasso. Queremos que nossos pacientes recebam o melhor cuidado possível, com menos riscos e complicações. Com a metodologia, todos ganham”, afirmou.
O QUE É PBM?
O PBM (Patient Blood Management), ou gerenciamento do sangue do paciente, é uma metodologia multidisciplinar que coloca o paciente no centro do tratamento. O programa adota estratégias preventivas e individualizadas para preservar o sangue do próprio paciente e reduzir a necessidade de transfusões. Entre os focos estão o manejo adequado da anemia, a preservação do sangue do próprio paciente e o uso mais restritivo de transfusões.
Reconhecido internacionalmente, o PBM foi aprovado em 2010 pela Assembleia Mundial da Saúde e adotado como padrão pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2011. Desde então, diversos países, como Austrália e membros da União Europeia, vêm aplicando a metodologia. No Brasil, estados como São Paulo e Ceará estão em estágios avançados de implementação.
PRÁTICA JÁ RECORRENTE
De acordo com o chefe da unidade técnica e médico hematologista da Fundação Hemocentro de Brasília (FHB), Marcelo Jorge, a medida formaliza uma prática já existente na rede do DF e moderniza a gestão de sangue.
“A portaria formaliza o PBM como política de saúde, consolidando o reconhecimento de uma abordagem moderna para o manejo da transfusão de sangue. Trata-se de uma evolução da política de uso racional do sangue que já praticamos na Hemorrede do DF, agora ampliada e fortalecida”, ressalta.
COMO FUNCIONA
A implementação e o monitoramento do PBM ficam a cargo de uma câmara técnica permanente, coordenada pela Fundação Hemocentro de Brasília e composta por representantes dos hospitais – que atuarão como piloto na iniciativa – de Base do Distrito Federal, Regional da Asa Norte (Hran), Universitário de Brasília e Hospital da Criança de Brasília (HCB); especialistas da Secretaria de Saúde (SES-DF) das áreas de anestesiologia, hematologia e cirurgia; além de diretorias da SES-DF e do Hemocentro.
A referência técnica distrital (RTD) de anestesiologia, Lucila Baldiotti, explica que o PBM é uma tendência mundial, pois o procedimento de hemotransfusão tem custos elevados e que, apesar de seguro, envolve alguns riscos.
“Algumas estratégias são utilizadas para que possamos fazer a transfusão apenas em casos extremamente necessários, como a identificação precoce de anemia e o tratamento adequado, além do uso de técnicas de preservação do sangue. Às vezes, antes ou durante a cirurgia, já é possível coletar o sangue para que o paciente receba o seu próprio material e não o de outra pessoa”, disse.
Com informações de assessorias.