Crivella avalia que até aqui, juros nas alturas é a grande frustração do governo Lula III
Ex-prefeito da capital fluminense entende que se os juros fossem menores, o governo federal “teria mais recursos no orçamento para fazer os investimentos públicos” e que “sempre foi a marca dos governos dos presidentes Lula e Dilma”.
Por Humberto Azevedo
O ex-prefeito da cidade maravilhosa, São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ), deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos), avalia que até o momento, a elevada taxa de juros básica praticada pelo Conselho de política monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BCB) é a grande frustração da terceira gestão governamental do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Sobrinho do bispo-fundador da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), Edir Macedo, Crivella entende que se os juros fossem menores, o governo federal “teria mais recursos no orçamento para fazer os investimentos públicos”. Segundo ele, essa “sempre foi a marca dos governos dos presidentes Lula e Dilma”.
A declaração de Crivella aconteceu após ele participar na manhã desta última segunda-feira, 2 de dezembro, da sessão solene realizada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) que entregou ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, o título de cidadão honorário de Brasília, em entrevista exclusiva a reportagem do Grupo RDM.
“Que eu verifiquei, ou seja, a medida mais noticiada foi a isenção de imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais a partir de 2026. Não foi feito ainda um detalhamento das medidas que o governo vai tomar em relação à contenção de despesas no seu orçamento. Isso nós esperamos. São essas medidas que nós achamos que poderão trazer uma certa estabilidade para que a gente não perca as metas de inflação e [impeça que] a taxa de juros volte a subir. Eu me lembro que no início do governo do presidente Lula ele fez seguidas críticas a alta de juros, que ele considera uma corrosão do orçamento público”, comentou o parlamentar da legenda que é um braço político da Iurd.
“A esperança que o presidente tinha é que com a taxa de juros sendo mantida na baixa dos 4%, 4,70% em até em alguns momentos do seu governo, tendo abaixo essa perspectiva. O juros iria cair. Realmente, deu uma caidinha, mas muito pequena, e depois voltou a subir. Esse foi o momento, eu diria, de profunda frustração do governo, porque com juros menores, ele teria mais recursos no orçamento para fazer os investimentos públicos, sempre foi a marca do governo do presidente Lula e da Dilma”, complementou o sobrinho de Edir Macedo, proprietário da TV Record.
PROBLEMAS SÉRIOS
Crivella ainda especificou que a atual gestão Lula III enfrenta “problemas sérios” de como resolvê-los pela ótica orçamentária. O primeiro destes problemas foram os gastos obrigatórios aplicados para reconstruir o Rio Grande do Sul depois que o estado foi afetado pela mais grave tragédia ambiental e climática no início deste ano. O segundo problema é o “desentendimento” que há entre o governo com os banqueiros, empresários e investidores que atuam junto ao mercado financeiro.
“Olha, eu tenho a impressão de que nós tivemos problemas sérios aí no Rio Grande do Sul e também um desentendimento. O desentendimento que há entre o governo e o mercado financeiro, que resultou na alta do dólar e algumas instabilidades. Eu espero que a gente consiga uma solução pacífica para essas controvérsias. A ajuda ao Rio Grande do Sul, a superação desse problema será um marco nesse governo, mas também as medidas econômicas que possam trazer estabilidade”, completou.
“A crítica da desvalorização do real é uma grande frustração para o povo brasileiro, sobretudo e principalmente para a classe média brasileira, que tem essa vontade de viajar pelo mundo, pela Europa, pela Ásia e também pelos Estados Unidos e também adquirir produtos no exterior. A desvalorização do Real traz esse impacto”, arrematou Crivella.
GILMAR MENDES
Sobre a homenagem recebida pelo ministro decano da Suprema Corte, Crivella destacou que isso traz “à memória do povo brasileiro um trabalho extraordinário que foi feito por esse cidadão mato-grossense, hoje abraçado por Brasília”.
“A participação dele no Plano Real, na época, anteriormente a isso também, na transição do regime militar para o regime civil, a sua trajetória na Alemanha, os livros publicados, as decisões no Supremo Tribunal Federal, isso tudo deu a ele uma maturidade muito grande para hoje no Supremo poder ser uma voz respeitada por todos, que contribui muito para a nossa civilização”, finalizou o ex-prefeito da capital fluminense.