Coreia do Sul prende ex-ministro da Defesa que pretendia impor lei marcial
Presidente enfrenta pressão para renunciar após crise política sem precedentes
A prisão de Kim, que havia renunciado na quarta-feira após Yoon revogar a lei marcial, é parte de uma ampla investigação conduzida por uma equipe especial de promotores. De acordo com a agência Yonhap, Kim compareceu voluntariamente ao Escritório Distrital Central de Seul para prestar depoimento, onde foi detido e teve seu celular apreendido.
Em coletiva conjunta no domingo, Han Dong-hoon, líder do partido governista Poder do Povo, afirmou que Yoon será “excluído de suas funções de Estado”, como relações exteriores, antes de deixar o cargo. “O presidente já demonstrou disposição para renunciar ao assumir responsabilidade pela crise”, declarou Han.
A crise da lei marcial e as acusações de insurreição
A breve declaração de lei marcial, que durou apenas seis horas, causou comoção nacional. O presidente havia concedido amplos poderes ao exército para enfrentar o que chamou de “forças antinacionais” e opositores políticos. A medida foi anulada após o parlamento, desafiando bloqueios militares e policiais, votar contra o decreto de forma unânime.
“A mobilização das forças militares para impedir o parlamento de votar é uma grave afronta à democracia”, disse um parlamentar da oposição. A polícia realizou buscas no escritório de Kim como parte das investigações sobre possíveis crimes de traição.
Pedido de desculpas e reações internacionais
Em discurso televisivo no sábado, Yoon pediu desculpas à nação pela declaração de lei marcial e disse que confiaria seu destino ao partido. O primeiro-ministro Han Duck-soo garantiu que o gabinete trabalhará para “manter a confiança de nossos aliados”, referindo-se aos Estados Unidos e ao Japão.
A crise mergulhou a Coreia do Sul, quarta maior economia da Ásia e aliada estratégica dos EUA, em sua maior turbulência política em décadas, colocando em xeque sua reputação como uma das democracias mais sólidas do mundo.