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Câmbio fixo contra câmbio flutuante para reduzir juro e acelerar desenvolvimento sustentável

Por César Fonseca

O câmbio fixo pode ser usado pelo presidente Lula para promover desenvolvimento, visto que o câmbio flutuante aprisionou o Brasil às incertezas totais no cenário da catástrofe econômica da globalização neoliberal.

Ainda agora, o presidente do BC, Campos Neto, afirma que as oscilações da economia mundial não recomendam queda da taxa de juros.

Essa expectativa, criada por Campos, obriga Lula a submeter-se ao arcabouço fiscal cada vez mais incisivo, no sentido de obrigar a cortes drásticos de gastos sociais, para que seja possível cumprir com pagamento de juros e amortizações da dívida pública, embalada pela taxa de juro Selic, campeã mundial de multiplicação de lucro especulativo.

Estão na mira do austericídio os setores de educação, saúde, segurança, infraestrutura etc.

O presidente reclamou ao líder africano do Benin, Patrice Tulon, que os povos subdesenvolvidos – Brasil no meio – estão exportando capital especulativo para os mais ricos, de modo que não sobra dinheiro para os setores sociais.

O principal é garantir grana para a Faria Lima e a estrutura de poder parlamentarista que o modelo neoliberal criou depois que derrubou o governo petista de Dilma Rousseff, em 2016.

Ou seja, as oscilações externas levantadas por Campos Neto são a garantia segura de que o crescimento sustentável almejado por Lula dificilmente acontecerá.

Os juros não vão cair, podendo subir, conforme especulações do mercado, contidas nas previsões da pesquisa Focus, consultada por 150 bancos privados.

Os juros permanecerão altos por conta da expectativa da inflação manipulada, prevista para, entre 2025 e 2028, ficar no patamar de 8%, segundo denuncia o economista, Eduardo Moreira, do ICL.

Uma armação construída no laboratório econométrico do BC, com efeitos políticos, quais sejam: dificultar a vida do presidente Lula no enfrentamento de medidas neoliberais especulativas e tentar inviabilizar, em 2026, seu terceiro mandato.

Trata-se da armadilha contra eventual sucesso do governo Lula, contrário ao monetarismo fiscal neoliberal, para reduzir juro e apostar na produção, não na especulação.

Mercado teme terceiro mandato lulista

A meta desenvolvimentista de distribuição de renda e ampliação do espaço político da sociedade garantiria ao presidente de terceiro mandato em 2026, mas assusta a Faria Lima, enquanto o fracasso lulista, imposto pelo BC, com Selic elevada, garante a volta da oposição ao Planalto.

O movimento oscilatório da economia mundial, depois do fracasso do neoliberalismo especulativo, como alternativa para os países subdesenvolvidos, é a arma de Campos Neto para defender o interesse dos que não querem juros baixos, para retomada do desenvolvimentismo lulista.

Esse desenvolvimentismo, segundo os defensores dos juros altos, não é mais capaz de assegurar a reprodução do capital especulativo super-acumulado, salvo por meio de mais especulação.

Nesse sentido, um câmbio flutuante, como o que vigora, como componente do tripé neoliberal, ao lado do superávit primário e das metas inflacionárias, vira pior alternativa para o desenvolvimentismo lulista.

O câmbio flutuante atua como termômetro em temperatura aquecida para sustentar juros altos.

Se ele se estabiliza, o juro cai, o que não interessa ao mercado financeiro, que quer juro especulativo para poder continuar se ampliando, o que não ocorre mais na produção e no consumo, que, no ambiente de arrocho salarial, caminha para deflação, destruição de lucro e crise.

O capital foge para a especulação para escapar da deflação produtiva e buscar o lucro que deixou de realizar-se na produção e no consumo.

Não tem mais como reproduzir satisfatoriamente o capital, apenas, com o capitalismo produtivo, afetado pela tendência à baixa da taxa de lucro, como confirma a economia política marxista.

O objetivo central do capital, no ambiente do capitalismo financeirizado, etapa superior do capitalismo oligopolizado em escala global, é a lucratividade especulativa em forma de oligopólio financeiro, encarnados nos fundos especulativos globais, que dominam, cumulativamente, as cadeias globais de produção.

Por isso, os fundos precisam de juro especulativo, como o que o BC fabrica, ou seja, a Selic, submetida a uma estratégia altista, determinada, segundo Campos Neto, pelas incertezas externas.

As incertezas externas multiplicam as incertezas internas e tudo se encavala para aprofundar a insuficiência financeira do governo para tocar programa desenvolvimentista.

Guerras por procuração EUA-OTAN x Rússia; crise na relação EUA-CHINA; instabilidade total no Oriente Médio; fusão geopolítica CHINA-RÚSSIA, debacle comercial americana frente ao socialismo chinês, comandados por juro baixo cobrado pelos bancos públicos de investimento da China etc – tudo, na avaliação de Neto, é sinal de que juro não vai CAIR, mas subir, conforme expectativas do mercado, que viram comandos para o BC puxar a Selic.

Câmbio flutuante destrói lulismo

O câmbio flutuante, nesse contexto de instabilidade, favorece o juro alto Selic e trabalha contra Lula na sua perseguição ao desenvolvimento econômico com distribuição de renda e combate à desigualdade social.

O jogo de forças do Banco Central contra a política econômica lulista, que ele quer inviabilizar, usando a cortina da desestabilização global, como justificativa para manter juro alto, sustenta um câmbio instável que não deixa Selic cair e, consequentemente, subirem investimento, emprego, renda, arrecadação e mais inversões em infraestrutura, educação e saúde.

O câmbio flutuante, apenas, atende o interesse dos que querem destruir a educação, a saúde, a segurança e a infraestrutura desenvolvimentista, sob argumento de ajuste fiscal equilibrista orçamentário.

Os professores das universidades estão sem salários e em greve, porque o câmbio flutuante não deixa a taxa de juros cair e garantir desenvolvimento econômico sustentável.

Moeda em risco

Por isso, cresce a necessidade de nova política monetária para o Banco Central, de modo a garantir a segurança da própria moeda, afetada pelo juro especulativo que ele promove.

BC, com sua política monetária restritiva, de combate à inflação, virou inimigo da saúde da moeda nacional, porque especula com ela para sustentar juro alto.

Quanto mais as expectativas são em favor do juro alto, como induz o BC, mais vulnerável a moeda se torna.

O monetarismo se transforma em principal ameaça ao real.

O câmbio flutuante, nesse sentido, joga a favor do juro alto.

O câmbio fixo, opostamente, é a alternativa satisfatória para o fortalecimento da moeda e do poder de compra da população, ameaçada pela inflação especulativa do BC Independente, que aprofunda a dependência nacional à financeirização fatal.

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