O presidente do Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), Carlos Lima, lamenta que “a Cachaça é extremamente tributada, enquanto algumas bebidas fermentadas são beneficiadas com a incidência de uma baixa tributação. Na contramão de que Álcool é Álcool”. EUA é o principal destino das cachaças brasileiras, quase 23%. (Divulgação / Secom-MAPA)

Brasil ganhou 1,4 mil novas marcas de cachaças em 2023

O setor de alambiques movimentou a economia e as exportações em 2023 em que superaram o montante de US$ 20 milhões (aproximadamente R$ 123 milhões). O levantamento é realizado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA).

 

Em 2023, o Brasil ganhou mais de 1452 novas marcas de cachaça, um crescimento de 16% em relação a 2022. No mesmo período, também foram computados 935 novos registros de produtos (crescimento de 18,5%), além de 88 novas cachaçarias (crescimento de 7,8%), em relação ao último levantamento. Com isso, o país passa a ter 10526 marcas de cachaça, 5998 produtos e 1217 cachaçarias, todos devidamente registrados no MAPA.

 

Os dados são do “Anuário da Cachaça 2024” (referência ano 2023), anunciado na última quarta-feira, 26 de junho, pelo Ministério em parceria com o Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC), entidade representativa do setor, além da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Associação Nacional de Produtores de Cachaça de Qualidade (ANPAQ) e  a Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil).

 

Um dado importante e que não fazia parte das edições anteriores do “Anuário da Cachaça 2024” é o volume de produção anual de cachaça, a partir da declaração de produção e estoque dos estabelecimentos registrados: em 2023, foram produzidos cerca de 226 milhões de litros (225.693.404,10 litros), com a região Sudeste detendo o maior volume (177.543.558,94 litros). O levantamento também traz dados de exportação da bebida brasileira, que superou os mais de R$ 123 milhões (US$ 20 milhões), com um aumento de 0,7% no valor total das exportações, o maior montante da série histórica. 

Dados apresentados e compilados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária sobre a “indústria da cachaça”. (Divulgação / Secom-MAPA)

“A Cachaça é um produto genuinamente brasileiro. Trata-se da primeira indicação geográfica do Brasil, ligada a nossa cultura e história, No entanto, infelizmente, é um dos produtos mais tributados do país. Apesar do cenário extremamente desafiador que o setor tem enfrentado nos últimos anos, os dados do Anuário demonstram a resiliência da cadeia produtiva no enfrentamento dessas barreiras tributárias e, sobretudo, a relevância dos micro e pequenos produtores”, destacou Carlos Lima – presidente do IBRAC, que vem atuando na defesa de um ambiente isonômico de tributação com a correção das atuais assimetrias existentes no mercado de bebidas alcoólicas.

 

“O anuário comprova que o Brasil está se consolidando como um dos grandes produtores de alimentos e bebidas do mundo, graças a sua vocação. Produzimos com qualidade e o Ministério da Agricultura tem a régua muito elevada para garantir a segurança dos nossos produtos. Isso nos garante oportunidades. (…) O Brasil é a bola da vez para produtos de qualidade. Vamos trabalhar para fazer da cachaça, cada vez mais, um orgulho brasileiro”, complementou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro – senador licenciado pelo PSD de Mato Grosso (MT).

 

CACHAÇARIAS REGISTRADAS

 

Dentre os estados brasileiros, Minas Gerais apresenta o maior número de estabelecimentos (504), o que equivale a 41,4% das cachaçarias (36 estabelecimentos a mais em relação a 2022). O estado mineiro também possui o maior número de cachaças registradas, com 2144 produtos, o que corresponde a 35,7% das cachaças do país. 

Exemplares do “Anuário da Cachaça 2024” distribuído em evento realizado na última quarta-feira, 26 de junho. (Divulgação / Secom-MAPA)

Destacam-se também os estados de São Paulo (11 cachaçarias a mais), e Paraná (10 cachaçarias a mais). Considerando o recorte por região, todas apresentaram aumento no número de cachaçarias.

 

O Sudeste, com 819, possui o maior número de estabelecimentos registrados, concentrando 67,3% do total. Em relação aos municípios, em 722 deles há pelo menos uma cachaçaria. Salinas (MG) é a cidade brasileira com maior número de estabelecimentos.

 

Já Sergipe detém a média mais elevada, com 16 produtos registrados por estabelecimento. A média brasileira é de 4,9 cachaças registradas por cachaçaria.

 

REGISTRO DE PRODUTOS

 

O acréscimo considerável em produtos registrados (18,5%) indica uma maior intensidade do crescimento do setor em 2023. Em 2022, esse índice havia sido de apenas 1,9%, o menor da série histórica. Minas Gerais figura como o estado com maior número de produtos registrados (2.144). Já Sergipe detém a média mais elevada, com 16 produtos por estabelecimento. O Sudeste lidera a concentração (63,8%). A média brasileira é de 4,9 produtos registrados por cachaçaria. 

Empresários e representantes do setor juntamente com o ministro Fávaro. (Divulgação / Secom-MAPA)

Em relação a marcas (10.526), é válido destacar que, um mesmo registro de Cachaça pode contemplar mais de uma marca comercial. Isso significa que, apesar de possuírem marcas diferentes, alguns produtos possuem a mesma composição e, consequentemente, a mesma denominação legal. 

 

EXPORTAÇÃO

 

Entre os 76 países de destino da bebida brasileira, o Paraguai se posicionou como o principal deles, seguido da Alemanha e dos Estados Unidos (em Volume). Esse último (Estados Unidos) mantém-se como o maior mercado de exportação para a Cachaça (em Valor), avaliado em US$ 4.653.002, o que representa quase 23% do mercado de exportação da bebida brasileira. Destaca-se também a Europa, com 7 países, responsável por um mercado de US$ 10.142.990, o que representa 50,1% do total de Cachaça exportada.

 

A Cachaça é um produto típico brasileiro, por isso não há importação do produto. Importante frisar que, com a expectativa da ratificação do acordo Mercosul e União Europeia, a Cachaça também deve ser protegida no bloco europeu. A bebida é produzida de Norte a Sul do país, majoritariamente por micro e pequenos produtores, e representa uma importante fonte de geração de emprego e renda.

 

EXIGÊNCIAS

 

Após a concessão do registro de estabelecimento é preciso que a cachaçaria registre os produtos com que pretende trabalhar. Em 2023, houve um crescimento de 18,5% em relação ao total de produtos registrados que havia em 2022, alcançando o número de 5.998.

 

EMPREGOS

 

O setor de cachaça no Brasil apresenta um histórico de fomento da economia brasileira. Entre os resultados, está a geração de empregos diretos e indiretos em toda cadeia.

 

Segundo os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a atividade de fabricação de bebidas gerou um estoque de 134.678 empregos diretos em 2023, com variação positiva de 3,35% em relação a 2022.

 

Neste cenário, 4,7% do estoque de empregos da atividade de fabricação de bebidas deve-se à fabricação de aguardente de cana-de-açúcar, o que corresponde a 6.371 empregos.

 

O Sudeste é a região com maior estoque de empregos em 2023, com a marca de 3.062 posições, o que corresponde a 48% de todos os empregos da fabricação de aguardente de cana-de-açúcar. Já o Nordeste é segunda região em estoque de empregos, com 2.444 posições, apresentou o maior aumento absoluto em números de empregos gerados, com 87 novas posições criadas em 2023, o que corresponde a uma variação de 3,69%.

Para acessar e ler a publicação do “Anuário da Cachaça 2024”, clique neste link: anuario da cachaça 2023.

  • Compartilhar:

PUBLICIDADE