Brasil e Argentina jogam clássicos com contraste de referências
Da Redação
Naturalmente, um clássico tem em si a característica de ser um duelo de opostos. No entanto, o encontro entre Brasil e Argentina, às 21h30, no Maracanã, pelas Eliminatórias Sul-Americanas, tem na mistura um ingrediente extra para apimentar a diferença entre os dois rivais.
Enquanto os hermanos vão entrar em campo com uma seleção repleta de convicções e referências, os brasileiros jogam a partida mais importante até aqui da seletiva para a Copa do Mundo de 2026 com várias posições em disputa aberta e sem nomes carregando o status de incontestáveis.
Os times titulares preparados pelos técnicos Fernando Diniz e Lionel Scaloni deixa claro tal nuance do jogo. Nas próprias pranchetas, inclusive, a questão é evidenciada. O Brasil convive com um treinador interino a espera da provável chegada do italiano Carlo Ancelotti para iniciar, de fato, um novo ciclo em busca do hexacampeonato mundial.
Até 2026, serão dois métodos de trabalhos distintos. A Argentina até viveu tal situação com Scaloni antes do título de 2022. Porém, o sonho do tetra será guiado por um comandante de métodos consolidados.
A zona ofensiva do superclássico demonstra a presença de consolidação de um lado e a falta do outro. Liderada pelo astro Lionel Messi, a Argentina tem outros três campeões mundiais como opção: Julián Álvarez, Lautaro Martínez e Dybala. Com exceção do camisa 10, todos têm idade para ampliar a força na seleção até 2026.
O Brasil não conta nem mesmo com o único fora de série da atual geração. Além de Neymar lesionado, a equipe lida com a busca incessante por um dono para a carente posição de artilheiro. Do elenco disponível, Rodrygo e Gabriel Jesus até têm experiência com a Amarelinha. Porém, ainda pavimentam o caminho para virarem lideranças técnicas. Os demais lutam por um lugar ao sol.
O mesmo panorama é visto no meio de campo das duas equipes. Peças como De Paul, Enzo Fernandez, Mac Allister, Di Maria e Paredes consolidam o estilo de jogo sob a confiança de Scaloni.
No setor, o Brasil tem outra ausência importante: o suspenso Casemiro. André e Bruno Guimarães são ótimos valores e lideram o trabalho de renovação visando o futuro e, principalmente, a Copa do Mundo de 2026, mas, em termos de experiência na seleção, ainda surgem em patamar abaixo ao alcançado pelos argentinos nos últimos anos de convocações.
Se há um equilíbrio na comparação, ela estará na parte defensiva do gramado do Maracanã. No gol, Alisson tem mais tempo e liderança quando comparado a Dibu Martínez.
Os zagueiros à disposição dos dois técnicos também ostentam patamares parecidos, principalmente o brasileiro Marquinhos e o argentino Romero. Nas laterais, o Brasil vive um grande processo de renovação. Carlos Augusto, por exemplo, ainda é uma aposta de Diniz, enquanto Scaloni tem a confiança de contar com quatro campeões mundias na posição.
Reviravolta
Brasil e Argentina voltam a medir forças no Maracanã após pouco mais de dois anos em quatro meses. E esse período traz consigo uma inversão de valores entre os rivais do superclássico. Em 10 de julho de 2021, as equipes decidiram a Copa América no Rio de Janeiro.
Naquela altura, os hermanos conviviam com o peso de 28 anos sem a conquista de títulos relevantes. Ainda com Tite, os brasileiros contavam com um trabalho duradouro e com boas perspectivas visando a Copa do Mundo de 2022.
O ciclo foi rompido com o título argentino. Lionel Scaloni ganhou força e ampliou a moral ao comandar a caminhada dos hermanos até o tricampeonato na Copa do Mundo do Catar.
Com o vice da Copa América e a queda nas quartas de final do Mundial, o Brasil optou por recomeçar o projeto.
No encontro de hoje, a seleção alviceleste chega à frente no quesito de consolidação, continuidade e confiança no trabalho construído nos últimos anos. Na Amarelinha, resta a esperança do clássico gerar fôlego para novas lideranças surgirem.
Fonte: Correio Braziliense