Brasil busca parceria com a China para acirrar competição com Starlink, de Musk
O Brasil busca reduzir sua dependência do serviço de internet Starlink, de Elon Musk, e tem iniciado conversas com a empresa chinesa SpaceSail para promover a concorrência no setor de satélites.
Em meio a uma recente disputa judicial com Musk e sua rede social X, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu à empresa chinesa a possibilidade de utilizar a Base de Alcântara, no Maranhão, como ponto de lançamento de satélites, com o objetivo de ampliar a cobertura de internet em áreas remotas do país.
Para consolidar essa parceria, o Brasil aguarda a aprovação do governo chinês, visto que a SpaceSail ainda precisa de autorização oficial para operar no país. O presidente Lula, que se reunirá com Xi Jinping no Brasil após a cúpula do G20, vê a oportunidade como um passo para fortalecer as relações bilaterais e expandir as alternativas de acesso à internet para famílias e empresas brasileiras. De acordo com o secretário de Telecomunicações, Hermano Tercius, a visita de Xi ao país pode facilitar o avanço das negociações com a SpaceSail.
Além da SpaceSail, que já lançou 36 satélites e planeja aumentar sua frota nos próximos anos, outra empresa chinesa, a Galaxy Space, foi visitada pela comitiva brasileira, mas ainda enfrenta restrições de atuação internacional. Com cerca de 6.000 satélites já em órbita, a Starlink domina o mercado global, enquanto as empresas chinesas começam a desenvolver sua infraestrutura. Apesar do interesse em abrir o mercado brasileiro, Tercius afirma que a aproximação com a China visa apenas diversificar as opções de serviço, sem retaliação direta a Musk.
A Starlink atualmente atende a 0,5% dos consumidores de internet no Brasil, mas ocupa 46% do mercado de internet via satélite. Durante a recente disputa judicial, que incluiu o congelamento de contas bancárias da Starlink, Musk chegou a suspender temporariamente o serviço de sua plataforma X no país. Após acatar as determinações do Supremo Tribunal Federal, a situação foi normalizada, mas a polêmica destacou a importância de alternativas para a continuidade do acesso à internet.
A localização estratégica da Base de Alcântara, próxima ao Equador, facilita o lançamento de foguetes e satélites, o que atrai o interesse de diversas empresas. Um estudo da Força Aérea Brasileira sugere que, além da SpaceSail, a SpaceX e a Blue Origin, de Jeff Bezos, poderiam se beneficiar da base. Esse interesse reforça a política do governo de fomentar o setor espacial, atraindo investimentos para impulsionar a economia e o desenvolvimento tecnológico local.
O acordo de 2019 entre o Brasil e os Estados Unidos, que permite o uso da Base de Alcântara para lançamentos espaciais com tecnologia americana, foi assinado durante a presidência de Jair Bolsonaro. Com o potencial para gerar recursos e fortalecer o programa espacial brasileiro, o governo Lula agora procura expandir a presença de parceiros estratégicos, como a China, para fortalecer a autonomia tecnológica e atender melhor as necessidades do país.