Estudo do IBGE mostra que Brasil atingiu em 2023 o menor nível de pobreza da série histórica, iniciada em 2012. Na foto, a primeira-dama Janja Lula da Silva, durante o “festival de cultura” que ocorreu durante o encontro de cúpula das 20 nações mais ricas do mundo realizado no Rio de Janeiro (RJ), que foi lançada a “Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza” e conta com a adesão já de 81 países, entre eles Estados Unidos e China. (Foto: Ricardo Stuckert / Secom-PR)

Brasil atinge menor nível de pobreza desde 2012

Segundo IBGE, em 2022 eram 12,6 milhões de pessoas que viviam na extrema pobreza; esse número caiu para 9,5 milhões em 2023.

 

Por Humberto Azevedo

 

Em 2023, o Brasil vivenciou uma queda significativa na pobreza e na extrema pobreza, atingindo os menores níveis da série histórica iniciada em 2012. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgados nesta quarta-feira, 4 de dezembro, o número de pessoas na pobreza despencou de 67,7 milhões para 59 milhões entre 2022 e 2023, uma diferença de 8,7 milhões. Essa parcela da população, que vive com menos de R$ 665 mensais, passou de 31,6% para 27,4%.

 

No mesmo período, a extrema pobreza, condição de quem vive com menos de R$ 209,00 mensais, também registrou uma queda histórica, indo de 12,6 milhões de pessoas em 2022 para 9,5 milhões em 2023, uma redução de 3,1 milhões. A proporção caiu de 5,9% para 4,4%, também o menor nível da série.

 

Parte importante desses resultados é consequência direta do aquecimento do mercado de trabalho, que levou a taxa de desemprego a 6,2%, a menor já registrada no país. No entanto, esse fator não seria suficiente para garantir que as taxas diminuíssem. É aí que os programas sociais de transferência de renda, como o Bolsa Família, entram como uma ferramenta decisiva.

 

Em 2023, eles beneficiaram 27,9% da população, contra 25,8% em 2022. A pesquisa do IBGE indica que, sem esses programas, a proporção de pessoas em situação de extrema pobreza teria atingido 11,2%, em vez dos 4,4% registrados.

 

A importância dessas iniciativas se mostra ainda mais evidente quando analisado a distribuição da renda. Em 2023, os benefícios representaram 57,1% dos proventos de domicílios com até um quarto do salário mínimo, um aumento significativo em relação a 2022 (42,2%) e 2012 (23,5%). Essa dependência cresceu em contraste com a redução da participação do trabalho, que encolheu de 47,2% para 34,6% na composição dos ganhos dos menos favorecidos.

 

Apesar do avanço, as desigualdades ainda são desafios a serem superados, dentre elas a regional. No Nordeste, 47% da população está abaixo da linha da pobreza, enquanto 9,1% são atingidos pela extrema pobreza. No Norte, os números são respectivamente 38,5% e 6%. Em seguida, vêm Sudeste (18,4% e 2,5%), Centro-Oeste (17,8% e 1,8%) e Sul (14,8% e 1,7%).

 

Em relação ao gênero, as mulheres são mais vulneráveis, com 28,4% delas em condição de pobreza e 4,5% de extrema pobreza. Entre os homens, os números são 26,3% e 4,3%. Quando observada a cor, as diferenças são acentuadas, com 35,5% das pessoas pardas tocadas pela pobreza e 6% pela extrema pobreza. Completam o quadro as pessoas pretas (30,8% e 4,7%, respectivamente) e, bem atrás, as brancas (17,7% e 2,6%). 

 

Por fim, quanto à idade, crianças e adolescentes são os mais afetados, com quase metade (44,8%) da população de 0 a 14 anos vivendo em situação de pobreza e 7,3% em extrema pobreza. Em contraste, as taxas entre os idosos (acima de 60 anos) são significativamente menores, 11,3% e 2%.

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