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O cientista Paulo Artaxo apontou também que o “aumento de 4º a 5º celsius”, deve ocasionar “o aumento na frequência e na intensidade dos eventos climáticos extremos de maneira muito, muito grave, impactando o agronegócio brasileiro, a capacidade de sobrevivência nas nossas cidades e toda a nossa sociedade”. (Divulgação / Agência Fapesp)

“Boa parte da tragédia poderia ter sido evitada ou mitigada se os políticos dessem ouvidos aos cientistas do clima”, afirma professor de física aplicada da USP

Em entrevista, Paulo Artaxo lamenta que há 50 anos a ciência alerta sobre os riscos e perigos das mudanças climáticas, sem que fossem adotadas medidas para eliminar os combustíveis fósseis.

 

Por Humberto Azevedo, com informações do IHU.

 

“Boa parte da tragédia poderia ter sido evitada ou mitigada se os políticos dessem ouvidos aos cientistas do clima”. A afirmação é do professor de Física Aplicada da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Artaxo. A declaração do acadêmico uspiano ocorreu em uma entrevista concedida ao Instituto Humanitas (IHU) da Unisinos de São Leopoldo (RS), uma das cidades afetadas pela tragédia climática que se abateu no estado do sul do país.

 

Artaxo lamenta que há 50 anos a ciência vem alertando sobre os riscos e perigos das mudanças climáticas, sem que fossem adotadas medidas para eliminar os combustíveis fósseis. “Desde a Conferência de Estocolmo, em 1972, a ciência alerta claramente à sociedade e aos nossos governantes sobre os riscos e os perigos das mudanças climáticas globais”, lamenta o catedrático graduado em Física pela USP, com mestrado em Física Nuclear e doutorado em Física Atmosférica, ambos títulos acadêmicos obtidos pela mesma USP.

 

“Bom… 50 anos se passaram sem que nenhuma medida de grande porte fosse feita para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. E o resultado estamos vendo aí no Rio Grande do Sul, com as ondas de calor, com as secas imensas na região Amazônica e assim por diante”, constatou o estudioso – ex-colaborador da NASA (National Aeronautics and Space Administration, na sigla em inglês) e ex-professor-visitante das universidades de Antuérpia, na Bélgica; de Havard, nos Estados Unidos (EUA); e de Lund, na Suécia.

 

“É muito claro e evidente hoje, para a Ciência, que as mudanças climáticas estão aumentando a intensidade dos eventos climáticos extremos e, também, a sua frequência. Então, nós estamos observando claramente grandes chuvas, grandes secas e grandes inundações ocorrendo cada vez mais frequente. Isso tem sido observado ao longo dos últimos dez anos e tem sido intensificado de uma maneira muito forte, especialmente no Brasil, ao longo dos últimos quatro ou cinco anos”, complementou o cientista.

 

“A Ciência alertou e continua alertando de que é fundamental reduzirmos as emissões de gases de efeito estufa para que esses eventos climáticos extremos não aumentem ainda mais de intensidade e de frequência. Temos que mudar o arcabouço político do Brasil, elegendo políticos que efetivamente trabalhem em prol da população e não de setores econômicos, como o agronegócio”, completou o estudioso que é integrante do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).

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