Após Suprema Corte venezuelana atestar vitória de Maduro, Brasil e Colômbia emitem nota afirmando “que continuam a aguardar a divulgação” das atas
Lula e Gustavo Petro insistem que “a credibilidade do processo eleitoral somente poderá ser restabelecida mediante a publicação transparente dos dados”. Ambos os países continuam a pedir a “todos os envolvidos a evitar recorrer a atos de violência e à repressão”. Os dois presidentes reafirmaram, ainda, que as sanções econômicas impostas à Venezuela por nações como Estados Unidos e da Europa são ilegítimos “instrumentos de pressão”.
Por Humberto Azevedo
Após Suprema Corte venezuelana atestar a vitória do presidente daquele país, Nicolás Maduro, na última quinta-feira, 22 de agosto, Brasil e Colômbia emitiram na noite deste sábado, 24 de agosto, uma nota conjunta das chancelarias dos dois países afirmando “que continuam a aguardar a divulgação” das atas das eleições realizadas no último dia 28 de julho.
Na nota assinada pelos dois presidentes, Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro insistem que “a credibilidade do processo eleitoral somente poderá ser restabelecida mediante a publicação transparente dos dados”. Ambos os dirigentes continuam a pedir a “todos os envolvidos a evitar recorrer a atos de violência e à repressão”. Os dois presidentes reafirmaram, ainda, que as sanções econômicas impostas à Venezuela por nações como Estados Unidos da Améica (EUA) e da Europa são ilegítimos “instrumentos de pressão”.
“Brasil e Colômbia tomam nota da decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela sobre o processo eleitoral. Reiteram que continuam a aguardar a divulgação, pelo CNE, das atas desagregadas por seção de votação. E relembram os compromissos assumidos pelo governo e pela oposição mediante a assinatura dos Acordos de Barbados, cujo espírito de transparência deve ser respeitado”, diz um trecho da nota conjunta assinada pelo governo brasileiro e colombiano.
A divulgação das atas também é reivindicada pela principal opositora de Maduro, Maria Corina Machado, e pelo seu candidato nas eleições, Edmundo Urrutía – um diplomata aposentado. Após o tribunal eleitoral daquele país comunicar que Maduro tinha sido reeleito para mais um mandato após a contagem de 80% das urnas, em que não foram divulgadas as atas (registros das seções eleitorais do país), a oposição capitaneada por Corina e Urrutía começou a promover uma série de manifestações nas ruas das principais cidades venezuelanas contestando a vitória de Maduro para um terceiro mandato até o ano de 2031.
Entretanto, outros seis candidatos que concorreram no pleito venezuelano reconheceram a vitória de Maduro um dia após a realização das eleições. Os oposicionistas Benjamín Rausseo, Daniel Ceballos, José Brito, Luis Ratti, Javier Bertucci e Luis Eduardo Martínez foram às redes digitais onde afirmaram da lisura das eleições.
“Ambos os presidentes permanecem convencidos de que a credibilidade do processo eleitoral somente poderá ser restabelecida mediante a publicação transparente dos dados desagregados por seção eleitoral e verificáveis. (…) Manifestam também sua total oposição à continuada aplicação de sanções unilaterais como instrumento de pressão. Compartilham o entendimento de que sanções unilaterais são contrárias ao direito internacional e prejudicam a população dos países sancionados, em especial as camadas mais vulneráveis”, complementa um outro trecho da nota.
NOTA NA ÍNTEGRA
Veja abaixo a íntegra da nota assinada pelos Ministérios das Relações Exteriores do Brasil e da Colômbia.
“Declaração conjunta de Brasil e Colômbia – Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Gustavo Petro mantiveram ontem e hoje (23 e 24/8) conversas telefônicas sobre a questão das eleições presidenciais na Venezuela. Ambos os presidentes permanecem convencidos de que a credibilidade do processo eleitoral somente poderá ser restabelecida mediante a publicação transparente dos dados desagregados por seção eleitoral e verificáveis. A normalização política da Venezuela requer o reconhecimento de que não existe uma alternativa duradoura ao diálogo pacífico e à convivência democrática na diversidade. Os dois presidentes conclamam todos os envolvidos a evitar recorrer a atos de violência e à repressão. Como países vizinhos diretamente interessados na estabilidade da Venezuela e da região, e testemunhas dos Acordos de Barbados, Brasil e Colômbia mantêm abertos seus canais de comunicação com as partes e reiteram sua disposição de facilitar o entendimento entre elas. Brasil e Colômbia tomam nota da decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela sobre o processo eleitoral. Reiteram que continuam a aguardar a divulgação, pelo CNE, das atas desagregadas por seção de votação. E relembram os compromissos assumidos pelo governo e pela oposição mediante a assinatura dos Acordos de Barbados, cujo espírito de transparência deve ser respeitado. Manifestam também sua total oposição à continuada aplicação de sanções unilaterais como instrumento de pressão. Compartilham o entendimento de que sanções unilaterais são contrárias ao direito internacional e prejudicam a população dos países sancionados, em especial as camadas mais vulneráveis”.