Após 9 anos, Brasil volta a ser país de classe média, diz pesquisa
Levantamento da “Tendências Consultoria” revela que, no ano passado, 50,1% dos lares brasileiros passaram a se situar nas classes A, B e C, com renda acima de R$ 3,4 mil.
Por Humberto Azevedo
Mais da metade dos domicílios brasileiros (50,1%) agora estão nas classes A, B e C, com renda mensal acima de R$ 3,4 mil. O levantamento atribui o cenário animador à retomada da economia, percebida na queda do desemprego e no aumento da renda. A última vez que o índice esteve acima desse patamar foi em 2015, durante o governo da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), quando atingiu 51%.
Isso é o que revela o estudo elaborado pela “Tendências Consultoria” e publicado, neste domingo, 5 de janeiro, pelo jornal O Globo. Por meio das suas redes digitais, Lula comemorou a ampliação da classe média trabalhadora: “Esse é o país que estamos construindo juntos, onde as famílias têm mais emprego e renda, mais oportunidades e crescimento econômico”.
“Desde 2023, houve migração importante das famílias da classe D/E para a classe C, decorrente da melhora significativa do mercado de trabalho no pós-pandemia”, informa a economista Camila Saito, uma das organizadoras do estudo. De acordo com ela, o crescimento da renda nos últimos anos se deve à política de valorização real do salário mínimo.
RETOMADA
Na percepção do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, os resultados sociais são ainda melhores que os de 2014, ano mais positivo para o mercado de trabalho até então. O último componente, argumenta o economista da FGV, é a queda da desigualdade ocorrida no ano passado.
“Nos nossos estudos da nova classe média, três componentes estavam presentes: crescimento do PIB, como está havendo nos últimos dois anos; crescimento da renda do trabalho bem acima do PIB, que está acontecendo também. (…) Em 2023, a alta do rendimento do trabalho só perdeu para o boom do Real [em 1994] em único ano”, aponta e compara Neri.